Título: Chokmah, Sabedoria. (Em hebraico, 1mm : Cheth, Kaph, Mem, Hé.)
Imagem Mágica: Uma figura masculina, barbada.
Localização na Árvore: No topo do Pilar da Misericórdia, no Triângulo Supremo.
Texto
Yetzirático: 0 Segundo Caminho chama-se Inteligência Iluminadora. É a
Coroa da Criação, o Esplendor da Unidade, que a iguala. É exaltada sobre
todas as cabeças, a os cabalistas a chamam de Segunda Glória.
Títulos Conferidos a aokmah: Poder de Yetzerah. Ab. Abba. 0 Pai Supremo. Tetragrammaton. Yod do Tetragrammaton.
Nome Divino: Jehovah.
Arcanjo: Ratziel.
Coro Angélico : Auphanim, rodas.
Chakra Cósmico: Mazloth, o Zodíaco.
Experiência Espiritual: A Visão de Deus face a face.
Virtude: Devoção.
Correspondéncia no Microcosmo: 0 lado esquerdo da face.
Símbolos:
0 lingam. 0 falo. 0 Yod do Tetragrammaton. 0 Manto Interno da Glória. 0
pedestal. A torre. 0 cetro ereto do poder. A linha reta.
Cartas do
TarB: Os quatro dois: Dois de Paus: domínio; Dois de Copas: amor; Dois
de Espadas: paz restaurada; Dois de Ouros: mudança harmoniosa.
Cor em Atziluth: Azul-suave puro.
Cor em Briah: Cinza.
Cor em Yetzirah: Cinza-pérola iridescente.
Cor em Assiah: Branco salpicado de vermelho, azul a amarelo.
1.
Toda fase de evolução tem início num estado de força instável e
caminha, graças à organização, para o equilíbrio. Uma vez este
alcançado, nenhum desenvolvimento posterior poderá ocorrer, se a
estabilidade não for superada, dando início, mais uma vez, a uma fase de
forças em conflito. Como já vimos, Kether é o ponto formulado no vazio.
De acordo com a definição euclidiana, um ponto tem posição, mas não
dimensões. Se, contudo, concebermos esse ponto movendo-se no espaço, ele
se transformará numa linha. A natureza da organização a da evolução das
Três Supremas está tão distante da nossa experiência que só podemos
concebê-la simbolicamente; mas, se imaginarmos o Ponto Primordial que é
Kether estendendo-se pela linha que é Chokmah, teremos a representação
simbólica mais adequada que seremos capazes de alcançar em nosso
presente estágio de desenvolvimento.
2. Esse fluxo de energia,
representado pela linha reta ou pelo cetro ereto do poder, é
essencialmente dinâmico. Tráta-se, na verdade, de um dinamismo primário,
pois não podemos conceber a cristalização de Kether no espaço como um
processo dinâmico; ela partilha, antes, de uma certa estaticidade - a
limitação do informe a do liberto, nos moldes da forma, por mais tênue
que a forma possa parecer aos nossos olhos.
3. Atingidos os limites
da organização dessa forma, a força que flui incessantemente do
Imanifesto transcende as suas limitações, demandando modos novos de
desenvolvimento a estabelecendo relações a tensões novas. Chokmah é esse
fluxo de força desorganizada a desequilibrada, e, sendo Chokmah uma
Sephirah dinâmica, que flui incessantemente como energia ilimitada,
poderíamos considerá-la, apropriadamente, mais como um canal por onde
passa a energia do que como um receptáculo em que a força é armazenada.
4.
Chokmah não é uma Sephirah organizada, a sim a Grande Estimuladora do
Universo. É de Chokmah que Binah, a Terceira Sephirah, recebe o seu
influxo de emanação, a Binah é a primeira das Sephiroth organizadoras e
estabilizantes. Não é possível compreender nenhuma Sephirah sem estudar a
sua companheira; por conseguinte, para compreender Chokmah, deveremos
dizer algo a respeito de Binah. Notemos, preliminarmente, que Binah é
atribuída ao planeta Saturno, recebendo o título de Mãe Superior.
5.
Em Cholcmah a Binah temos, respectivamente, o positivo e o negativo
arquetípicos; a masculinidade e a feminilidade primordiais,
estabelecidas quando "o rosto não contemplava rosto algum" a quando a
manifestação ainda era incipiente. É desses pares de opostos
primários que surgem os Pilares do Universo, por entre os quais se tece a
rede da manifestação.
6. Como já observamos, a.Árvore da Vida é uma
representação diagramática do Universo, na qual os aspectos positivo a
negativo, masculino a feminino são representados pelos dois pilares
laterais, da Misericórdia e da Severidade. Pode parecer estranho que o
título de Misericórdia seja conferido ao Pilar masculino a positivo, e o
de Severidade ao feminino; mas, quando se compreende que a força
dinâmica masculina é a que estimula a elevação e a evolução, a que é a
força feminina que edifica as formas, percebe-se que a nomenclatura é
adequada, pois a forma, embora seja edificadora a organizadora, é também
limitadora; toda forma constituída precisa, por sua vez, ser superada,
perdendo sua utilidade a assim, tomando-se um obstáculo à vida
evolutiva; por conseguinte, ela é a causadora da dissolução a da
desintegração que conduz à morte. 0 Pai é o Dador de vida; mas a Mãe é a
Dadora da morte, porque seu útero é a porta de ingresso para a matéria,
a por intermédio dela a vida é animada na forma, a nenhuma forma pode
ser infinita ou eterna. A morte está implícita no nascimento.
7. É
por entre esses dois aspectos polarizados dá manifestação - o Pai
Supremo e a Mãe Suprema - que se tece a rede da vida; as almas vão a vêm
entre eles, como a lançadeira de um tecelão. Em nossas vidas
individuais, em nossos ritmos frsiológicos, na história da ascensão a
queda das nações, observamos a mesma periodicidade rítmica.
8. Nesse
primeiro par de Sephiroth, temos a chave para o sexo - o par de opostos
biológicos, a masculinidade e a feminilidade. Mas a paridade de opostos
não ocorre apenas no tipo; ela ocorre também no tempo, a temos épocas
alternadas em nossas vidas, em nossos processos fisiológicos, a na
história das nações, durante as quais atividade a passividade,
construção a destruição prevalecem altemadamente; o conhecimento da
periodicidade desses ciclos integra a antiga sabedoria secreta dos
iniciados e é operado astrológica e cabalisticamente.
9. A imagem
mágica de Chokmah a os símbolos atribuídos a ela confirma essa idéia. A
imagem mágica é a de um homem barbado - barbado para indicar maturidade;
o pai que provou sua masculinidade, não o homem virgem inexperiente. A
linguagem simbólica fala claramente, e o lingam dos hindus e o falo dos
gregos são o órgão gerador masculino em seus respectivos idiomas. 0
pedestal, a torre e o cetro levantado simbolizam o membro viril em sua
potência maior.
10. Não devemos pensar, contudo, que Chokmah é apenas
um símbolo fálico ou sexual. Ela é, antes de mais nada, um símbolo
dinâmico ou positivo, pois a masculinidade é uma forma de força
dinâmica, assim com a feminilidade é uma forma de força estática,
latente ou potencial, inerte até que se lhe comunique o estímulo. 0 todo
é maior do que a parte, a Chokmah e Binah são o todo de que o sexo é
uma parte. Compreendendo a relação existente entre o sexo e a força
polarizante como um todo, descobrimos a chave para a correta compreensão
desse aspecto da natureza, a podemos avaliar, no contexto do padrão
cósmico, os ensinamentos da psicologia a da moralidade a respeito da
sexualidade. Podemos observar também, com os freudianos, os inúmeros
símbolos de que se vale a mente subconsciente do homem para representar o
sexo, compreendendo, ademais, conforme assinalam os moralistas, o
processo de sublimação do instinto sexual. A manifestação é sexual
porque ocorre sempre em termos de polaridade; e o sexo é cósmico a
espiritual porque suas raízes mergulham nas Três Supremas. Devemos
aprender a não dissociar a flor aérea da raiz terrestre, pois a flor que
é separada de sua raiz fenece, a suas sementes ficam estéreis, ao passo
que a raiz, protegida pela terra-mãe, pode produzir flor após flor a
levar o seu fruto à maturidade. A natureza é maior do que a moralidade
convencional, que, no mais das vezes, não passa de tabu a totemismo.
Felizes sáo os povos cuja moralidade incorpora as leis da natureza, pois
suas vidas serão harmoniosas a eles crescerão e, multiplicados,
dominarão a Terra. Desgraçados são os povos cuja moralidade é um sistema
selvagem de tabus, concebido para incensar uma divindade imaginária
como Moloch, pois eles serão estéreis a pecadores; a desgraçados também
são os povos cuja moralidade ultraja a santidade dos processos naturais a
que, ao arrancarem a flor, não prestam atenção ao fruto, pois seu corpo
será doente e o seu Estado, corrupto.
11. Em Chokmah, portanto,
devemos ver tanto a Palavra criadora que disse "Faça-se a luz" como o
lingam de Siva e o falo adorado pelas bacantes. Devemos aprender a
reconhecer a força dinâmica, e a reverenciá-la, onde quer que a vejamos,
pois seu nome divino é Jehovah Tetragrammaton. Vemo-la na cauda aberta
do pavão a na iridescéncia do pescoço do pombo; igualmente, podemos
ouvi-la no chamado do gato no cio, e a senti-la no cheiro do bode.
Também a encontramos nas aventuras colonizantes das épocas mais viris da
história inglesa, especialmente as de Elizabeth a Vitória ambas
mulheres! Vemo-la novamente no homem diligente que se esforça em sua
profissão para manter o lar. Esses aspectos pertencem todos a Chokmah,
cujo título adicional é Abba - Pai. Em todas essas manifestações,
devemos ver o pai, o progenitor, que dá vida ao não-nascido, assim como o
macho que deseja a sua companheira; teremos, assim, uma perspectiva
mais autêntica dos assuntos relativos ao sexo. A atitude vitoriana, em
sua reação contra
a grosseria da Restauração, atingiu praticamente o
padrão de tribos muito primitivas, as quais, como nos contam os
viajantes, não associam a união dos sexos com o nascimento da prole.
12.
Está dito que a cor de Chokmah é o cinza; em seus aspectos superiores,
cinza-pérola iridescente. Essa cor simboliza o velamento da pura luz
branca de Kether, que desce, em sua rota de manifestação, até Binah,
cuja cor é o preto.
13.0 Chakra Cósmico, ou manifestação física
direta de Chokmah, é o Zodíaco, que em hebraico se chama Mazloth. Vemos
assim que os antigos rabinos compreendiam corretamente o processo da
evolução de nosso sistema solar.
14.0 Texto Yetzirático atribuído a
Chokmah é, como de costume, extremamente obscuro em sua formulação; não
obstante, podemos extrair dele algumas pistas esclarecedoras. 0 Segundo
Caminho, como se denomina Chokmah, chama-se Inteligência Iluminadora. Já
nos referimos à Palavra criadora que diz "Faça-se a luz". Entre os
símbolos atribuídos a Chokmah no 777 (sistema Malher-Crowley),
encontramos o do Manto Intemo da Glória, que é um termo gnóstico. Essas
duas idéias, tomádas em conjunto, suscitam a idéia da vida animadora - o
espírito iluminador. É a força masculina que, em todos os planos,
deposita a centelha fecundante no óvulo passivo e transforma a latência
inerte deste no desenvolvimento ativo do crescimento a da evolução. É a
força dinámica da vida, que é espírito, que anima a argila da forma
física a constitui o Manto Interno da Glória.
15. 0 Texto Yetzirático
confere também a Chokmah o título de Coroa da Criação, implicando assim
que essa Sephirah, como Kether, é antes extema ao universo manifesto do
que imanente a ele. É a força viril de Chokmah que dá impulso à
manifestação e, por conseguinte, é anterior à própria manifestação. A
Voz do Logos clamou "Faça-se a luz" muito antes que as águas e o
firmamento fossem separados. Essa idéia se destaca ainda mais na frase
do Texto Yetzirático que fala de Chokmah como o Esplendor da Unidade,
que o iguala, indicando assim claramente a sua afinidade antes com
Kether, Unidade, do que com os planos da forma dualística. A palavra
esplendor, tal como é aqui empregada, indica claramente uma emanação ou
irradiação, a nos ensina a pensar em Chokmah mais como a influência
emanante do ser puro do que como uma coisa em si. Isso nos leva a uma
compreensão mais verdadeira do sexo. Fique bem clam, contudo, que a
esfera de Chokmah nada tem a ver com os cultos da fertilidade como tais,
salvo pelo fato de que é a masculinidade, a força dinámica, que promove
a vida primordial a evoca a manifestação. Embora as manifestações
superiores e inferiores da força dinãmica sejam da mesma esséncia, elas
são de níveis diferentes; Priapo não é idintico a Jehovah. Não obstante,
a raiz de Priapo se encontra em Jehovah, e a manifestação de Deus Pai
encontra-se em Priapo, como o indica o fato de que os rabinos chamam
Chokmah de Yod do Tetragrammaton, e o Yod, em sua fraseologia, é
idêntico ao fngam.
16. É curioso que a Sepher Yetzirah afirme, a
respeito das duas Sephiroth, que elas são exaltadas sobre todas as
cabeças - o que é uma contradição; no entanto, como essa afirmação diz
respeito a Chokmah a Malkuth, poderemos compreender-lhe o significado se
meditarmos sobre seu sentido. Chokmah é o Pai Supremo, Malkuth é a Mãe
Inferior, e o mesmo texto que declara sua exaltação sobre todas as
cabeças afirma que ela se senta no trono de Binah, a Mãe Superior, a
contraparte negativa de Chokmah. Ora, Chokmah é a forma mais abstrata da
força, a Malkuth é a forma mais densa da matéria, de modo que temos
nessa afirmação uma pista de que cada um dos membros desse par de
opostos extremos é a manifestação suprema de seu próprio tipo, sendo
ambos igualmente sagrados em seus diferentes caminhos.
17. Devemos
fazer uma distinçâo entre o rito da fertilidade, o rito da vitalidade e o
rito da iluminação ou inspiração, que invoca as línguas de fogo de
Pentecostes. 0 culto da fertilidade visa à reprodução clara a simples,
seja dos rebanhos, dos campos ou das esposas; pertence a Yesod, a nada
tem a ver com o culto da vitalidade, que pertence a Netzach, a esfera de
VênusAfrodite, a que diz respeito a certo ensinamento esotérico muito
importante, relativo ao tema das influências vitalizantes a magnéticas
que os sexos exercem um sobre o outro a que é distinto do ato sexual, do
qual trataremog quando estudarmos Netzach, a esfera de Vênus.
18.0
rito de Chokmah, se assim podemos chamá-lo, diz respeito ao influxo da
energia cósmica. É informe, por ser o impulso puro da criação dinãmica;
e, sendo informe, a criação a que dá lugar pode assumir toda e qualquer
forma; daí a possibilidade de sublimar a força criativa, desviandoa de
seu aspecto puramente priápico.
19. Até onde sei, não existe uma
cerimônia mágica formal de qualquer das Trés Supremas. Só podemos entrar
em contato com elas participando de sua natureza essencial. Kether, ser
puro, é atingido quando alcançamos a compreensão da natureza da
existência sem partes, atributos ou dimensões. Essa experiência é
apropriadamente chamada de Transe da Aniquilação, a aqueles que a
experimentaram caminham com Deus a não mais retomam, pois Deus os
arrebata; por conseguinte, a experióncia espiritual atribuída a Kether é
a União Divina, a aqueles que a experimentam penetram na luz a nela
permanecem.
20. Para nos colocarmos em contato com Chokmah, temos de
experimentar a precipitação da energia cósmica dinâmica em sua forma
pura; uma energia tão imensa que o homem mortal nela se funde a se
desagrega. Conta-se que, quando Semele, mãe de Dionísio, viu Deus - seu
amante divino sob a forma de Zeus -, foi ela crestada a queimada, dando à
luz prematuramente o seu filho. A experiência espiritual atribuída a
Chokmah é a Visão de Deus face a face; a Deus (Jehovah) disse a Moisés:
"Não podes contemplar minha face a sobreviver."
21. Mas, embora a
visâo do Pai Divino queime os mortais com Fogo, o Filho Divino pode ser
evocado familiarmente por meio dos ritos apropriados - as Bacanálias, no
caso do Filho de Zeus, e a Eucaristia, no caso do Filho de Jehovah.
Vemos, assim, que existe uma forma inferior de manifestação, que "nos
mostra o Pai", mas esse rito deve sua validade apenas ao fato de que
deriva sua Inteligência fuminadora, seu Manto Interno de Glória, do Pai,
Chokmah.
22. 0 grau de iniciação correspondente a Chokmah é o do
Mago, a as armas mágicas atribuídas a esse grau são o falo e o Manto
Interno da Glória. Esses símbolos têm um significado microcósmico ou
psicológico, assim como um significado macrocósmico ou místico. 0 Manto
Interno da Glória significa seguramente a Luz Interna que ilumina todos
os homens que vêm ao mundo - a visão espiritual por meio da qual o
místico disceme as coisas espirituais, a forma subjetiva da Inteligência
Iluminadora a que se refere o Texto Yetzirático.
23. 0 falo ou
lingam é uma das armas mágicas do iniciado que opera o grau de Chokmah. 0
conhecimento do significado espiritual do sexo a do significado cósmico
da polaridade diz respeito a esse grau. Aquele que é capaz de
compreender o aspecto mais profundo das coisas místicas a mágicas não
pode deixar de perceber o fato de que, na compreensáo desse poder
tremendo a misterioso (que chamamos sexo em uma de suas manifestações),
reside a chave de muitas coisas. Não é por acaso que as imagens sexuais
invadem as visões do vidente, desde o Untico dos Cânticos até O Castelo
Interior.
24. Não se deve deduzir do que antecede que advogo ritos
orgiásticos como Caminho de Iniciação; mas posso dizer claramente que
sem a correta compreensão do aspecto esotérico do sexo o Caminho é um
beco sem saída. Freud falou a verdade à sua geração quando apontou o
sexo como a chave da psicopatologia; mas ele errou, em minha opinião,
quando o transformou na única chave da multiforme alma humana. Assim
como não pode haver saúde da subconsciência sem harmonia da vida sexual,
não pode haver operação positiva ou dinâmica no plano da
superconsciência sem a correspondente compreensão a observação das leis
da polaridade. Para muitos místicos que buscam refúgio da matéria no
espírito, essas palavras poderáo parecer duras, mas a experiência
provará que elas traduzem a verdade; por conseguinte, é preciso
dizê-las, embora isso não suscite muitos agradecimentos.
25. 0
tremendo fluxo descendente da força Chokmah evocada por meio do Nome
Divino de Quatro Letras vai do Yod macrocósmico ao Yod microcósmico,
sendo, então, sublimado. Se a mente subconsciente não estiver livre de
dissociações a repressôes, a todas as partes da multiforme natureza
humana não estiverem coordenadas a sincronizadas, as reações a os
sintomas patológicos serão o rèsultado desse fluxo descendente. Isso não
significa que o invocador de Zeus é necessariamente um adorador de
Priapo, mas significa, isto sim, que nenhum homem pode sublimar uma
dissociação. Quando o canal está livre de obstruções, a força
descendente pode voltear o nadir a transformar-se numa força ascendente,
a qual pode ser dirigida para qualquer esfera ou transformar-se no
canal que desejarmos; mas, queiramos ou não, essa força assumirá
necessariamente a direção descendente antes de tomar-se ascendente e, a
menos que os nossos pés estejam firmemente plantados na terra elemental,
rebentaremos como velhos odres de vinho.
26. Os ocultistas práticos
sabem que Freud falou a verdade, embora não toda a verdade, mas não
ousam afirmá-lo, por medo de serem acusados de adoração do falo a de
práticas orgiásticas. Essas coisas têm seu lugar, embora não no Templo
do Espírito Santo, a negar-lhe o seu lugar é uma loucura pela qual a era
vitoriana pagou bem caro com uma rica colheita de psicopatologia.
27.
Quando operamos dinamicamente em qualquer plano, nós o fazemos no Pilar
Direito da Árvore, derivando nossa energia primária da força Yod de
Chokmah. A esse respeito, devemos nos referir ao fato de que a
correspondência microcósmica de Chokmah se estabelece com o lado direito
da face. As correspondências macrocósmicas a microcósmicas exercem um
papel importante nos trabalhos práticos. 0 Macrocosmo, ou Grande Homem,
é, naturalmente, o próprio universo; e o microcosmo é o homem
individual. 0 homem é o único ser cuja natureza, quádrupla, corresponde
exatamente aos níveis do cosmo. Os anjos carecem dos planos inferiores, a
os animais carecem dos planos superiores.
28. As referências so
microcosmo não devem ser tomadas literalmente em relação às panes do
corpo físico; as correspondências referem-se à aura a às funçôes das
correntes magnéticas na aura, a devemos ter sempre em mente, como afirma
Swami Vivelcananda, que o que está à direita no macho está à esquerda
na fêmea. Além disso, deve-se lembrar que o que é positivo no plano
físico é negativo no plano astral; é positivo novamente no piano mental a
negativo no plano espiritual, como o indicam as serpentes gêmeas branca
a preta do caduceu de Mercúrio. Se colocarmos esse caduceu sobre a
Árvore quando pretendermos com ela representar os Quatro Mundos dos
cabalistas, formaremos um hieróglifo que revela as operaçôes da lei da
polaridade em relação aos pianos. Esse é um hieróglifo muito importante,
que fornece aspectos interessantíssimos à meditação.
29. Decorre
entáo que, estando a alma numa encarnação feminina, funcionará ela
negativamente em Assiah a Briah, mas positivamente em Yetzirah a
Atziluth. Em outras palavras, uma mulher é física a mentalmente
negativa, mas psíquica a espiritualmente positiva, sucedendo o contrário
no homem. Nos iniciados, contudo, há um considerável grau de
compensação, pois cada um aprende a técnica tanto dos métodos psfquicos
positivos quanto negativos. A Centelha Divina, que é o núcleo de toda
alma viva, é, naturalmente, bissexual, contendo as raízes de ambos os
aspectos, como ocorre com Kether, à qual corresponde. Nas almas
altamente desenvolvidas, o aspecto compensador está desenvolvido pelo
menos até certo ponto. A mulher puramente feminina e o homem puramente
mascuiino estão hipersexualizados, a julgar pelos padrôes civilizados, a
só podem encontrar um lugar apropriado nas sociedades primitivas, onde a
fertilidade é a primeira exigência que a sociedade faz às mulheres, e a
caça e a guerra são a ocupação constante dos homens.
30. Isso não
significa, contudo, que as funções físicas dos sexos estão pervertidas
no iniciado, ou que a configuração de seu corpo apresente qualquer
modificação. A ciência esotérica ensina que a forma física e o tipo
racial que a alma assume em cada encarnação são determinados pelo
destino, ou Carma, a que a vida deve ser vivida de acordo com isso. É
muito arriscado para nós introduzir mudanças em nosso tipo, racial ou
físico, a deveríamos sempre aceitá-to como a base de nossas operaçôes, a
escolher nossos métodos de acordo com ele. Há certas operações a certas
atividades numa loja para as quais o veículo masculino é mais
apropriado do que o feminino e, quando é preciso realizar trabalhos
práticos numa cerimônia, os oficiantes são selecionados por seu tipo;
mas, quando se trata de realizar os rituais referentes ao treinamento de
um iniciado, é costume deixar que cada um se ocupe dos diferentes
ofícios para que possam aprender a manipular os dife. rentes tipos de
força e, assim, alcançar o equiliôrio.
31. Benjamin Kidd, em seu
estimulante livro, Lhe Science of Power, assinala que o tipo superior do
ser humano se aproxima ao da criança. Observamos que o tamanho de sua
cabeça é relativamente grande em comparação com o peso do corpo, a que
as características sexuais secundárias não estão presentes. Encontramos a
mesma tendência, de uma forma modificada, no adulto civilizado. O tipo
superior de homem não é um gorila hirsuto, nem é o tipo superior de
mulher um mamífero exagerado. A tendência da evolução na civilização é
para uma aproximação do tipo entre os sexos no que diz respeito às
características sexuais secundárias. Que porcentagem de varões
civilizados poderia deixar erescer uma barba realmente patriarcal? O
caráter sexual primário, contudo, precisa manter-se integralmente ou a
raça perecerá rapidamente; a não temos razão alguma para acreditar que
esse seja o caso, mesmo entre nossos mais modernos epicenos, que enchem
as cortes de divórcio com abundantes evidências de sua transbordante
filoprogenitividade.
32. Podemos entender melhor essas coisas se as
"colocarmos sob a Ârvore". Os dois Pilares, o positivo sob Chokmah e o
negativo sob Binah, correspondem, respectìvamente, ao Ida a ao Pingala
dos sistemas da ioga. Essas duas correntes magnéticas, que correm na
aura paralelamente à espinha, chamam-se correntes do Sol a da Lua. Numa
encarnação masculina, trabalhamos predominantemente com a corrente do
Sol, a fertilizadora; numa encarnação feminina, trabalhamos
predominantemente com as forças da Lua. Se desejamos operar com o tipo
de força oposto àquele com que somos naturalmente dotados, temos de
fazê-to utilizando nosso modo natural como base de operação e, por assim
dizer, fazê-to "por tabela". O homem que deseja utiiizar as forças da
Lua emprega algum artifício que lhe possibilite obter, por reflexo, a
força lunar; e a mulher que deseja utilizar as forças solares emprega um
artifício pelo qual é capaz de focalizá-las em si mesma a refleti-las.
No plano físico, os sexos se unem, e o homem gera um filho na mulher,
aproveitando-se dos poderes liuiares de que esta dispõe. A mulher, por
outro lado, desejando a criação a sendo incapaz de realizá-la por si
própria, seduz o homem por meio de seus desejos, até que este lhe
derrame sua força solar, fecundando-a.
33. Nas operações mágicas, o
homem e a mulher que deseja operar com a força oposta à de seu veículo
físico (e essa operação é parte integrante da rotina do treinamento
oculto) eleva o nível de consciência para o piano no qual se acha a
polaridade necessária a passa a operar desse plano. O
sacerdote de
Osíris emprega às vezes os espíritos elementais para suplementar sua
polaridade, e a sacerdotisa de Ísis invoca as influências angélicas.
34.
Como toda manifestação se produz por meio dos pares de opostos, o
princípio da polaridade está implícito não apenas no macrocosmo, mas
também no microcosmo. Compreendendo tal princípio a sabendo aproveitar
as possibilidades por ele concedidas, seremos capazes de elevar nossos
poderes naturais a um nível muito acima do normal; poderemos utilizar o
meio ambiente como uma rampa de empuxo, descobrindo a poderosa força de
Chokmah nos livros, em nossa tradiçáo racial, em nossa religião, em
nossos amigos a colegas; poderemos receber de todos eles o estímulo que
nos fecunda a nos toma mental, emocional a dinamicamente criativos.
Fazemos o nosso meio ambiente exercer o papel de Chokmah para nosso
Binah. Da mesma maneira, podemos exercer o papel de Chokmah para o Binah
do meio ambiente. Nos planos sutis, a polaridade não é fixa, mas
relativa; o que é mais poderoso do que nós é positivo para nós,
tomando-nos comparativamente negativo; o que é menos poderoso do que
somos em qualquer aspecto é negativo para nós, a podemos assumir
comparativamente o papel positivo. Essa polaridade fluídica, sutil a
flutuante constitui um dos aspectos mais importantes dos trabalhos
práticos; se a compreendermos a formos capazes de aproveitá-la,
poderemos fazer coisas notáveis, estabelecendo nossas vidas a nossas
relações com nosso meio ambiente em bases completamente diferentes.
35.
Devemos aprender a discernir quando podemos funcionar como Chokmah a
produzir feitos no mundo; a quando podemos atuar melhor como Binah, a
fazer o nosso meio ambiente fertilizar-nos, de modo a nos tomarmos
produtivos. Jamais devemos esquecer que a autofertilização envolve a
esterilidade em poucas gerações, a que precisamos sempre ser
fertilizados pelo meio no qual estamos trabalhando. É preciso haver um
intercâmbio de polaridade entre nós a tudo o que nos propomos a fazer, a
devemos estar sempre alerta para descobrir as influências polarizantes,
seja na tradição, ou nos livros, seja nos colegas que operam no mesmo
campo, ou mesmo na própria oposição a antagonismo dos inimigos; pois há
tanta força polarizante num ódio sincero quanto no amor, quando sabemos
utilizá-la. Precisamos ter estímulos se desejamos criar alguma coisa,
mesmo que esta se resuma a viver uma vida útil. Chokmah é o estímulo
cósmico. Tudo que estimula é atribuído a Chokmah, na classificação da
Árvore. Os sedativos são atribuídos a Binah. Compreenderemos melhor esse
princípio de polaridade cósmica quando estudarmos Binah, a Terceira
Sephirah, pois é muito difícil compreender as implicações de Chokmah sem
as relacionar ao seu oposto polarizante, com o qual ela sempre
funciona. Por conseguinte, não prosseguiremos nosso estudo da polaridade
no presente capítulo, concluindo nosso exame de Chokmah com o estudo
das cartas que lhe são atribuídas no Tarô. Retomaremos nossa
investigação sobre esse tema tão significativo quando Binah nos
proporcionar mais dados.
36. Como observamos no capítulo sobre
Kether, os quatro naipes do baralho do Tarô são atribuídos aos quatro
elementos, a vimos que os quatro ases representavam as raízes dos
poderes desses elementos. Os quatro dois são atribuídos a Chokmah, a
representam o funcionamento polarizado desses elementos em equilíbrio
harmônico; por conseguinte, um dois é sempre uma carta de harmonia.
37.0
Dois de Paus, que é atribuído ao elemento Fogo, chama-se Senhor do
Domínio. 0 pau é essencialmente um símbolo fálico masculino, e é
atribuído a Chokmah, de modo que podemos interpretar essa carta como
referência à polarização - o positivo que encontrou seu parceiro no
negativo a está em equilíbrio. Não há antagonismo ou resistência ao
Senhor do Domínio, a um reino contente aceita o seu governo; Binah,
satisfeita, aceita seu parceiro.
38.0 Dois de Copas (Agua) chama se Senhor do Amor; temos aqui, novamente, o conceito da polarização harmoniosa.
39.
O Dois de Espadas (Ar) chama-se Senhor da Paz Restaurada, indicando que
a força destrutiva das espadas está em equilrôrio temporário.
40.0
Dois de Ouros (Terra) chama-se Senhor da Mudança Harmoniosa. Aqui, como
nas Espadas, vemos a natureza essencial da força elemental modificada
por seu oposto polarizante, indicando, assim, o equilíbrio. A força
destrutiva de Espadas retoma à paz, e a inércia e a resistência da Terra
tomam-se, quando polarizadas pela influência de Chokmah, um ritmo
equilibrado.
41. Essas quatro cartas indicam a força Chokmah na
polaridade, isto é, o equilrõrio essencial do poder, tal como este se
manifesta nos Quatro Mundos dos cabalistas. Quando surgem na
adivinhação, elas indicam poder em equilíõrio. Não traduzem, porém, uma
força dinâmica, como se poderia esperar em relação a Chokmah, pois
Chokmah, sendo uma das Sephiroth Supremas, apresenta força positiva nos
planos sutis e, conseqüentemente, nos
planos da forma. 0 aspecto
negativo de uma força dinâmica é representado pelo equilíbrio -
polaridade. 0 aspecto negativo de um poder negativo é representado pela
destruição, como podemos observar no hieróglifo de Kali, a terrível
consorte de Siva, cingida de crânios a dançando sobre o corpo de seu
esposo.
42. Esse conceito dá-nos uma chave para outro dos muitos
problemas da Árvore - a polaridade relativa das Sephiroth. Como já se
observou anteriormente, cada Sephirah é negativa em sua relação com a
Sephirah que lhe é superior a da qual recebe o influxo das emanações, a
positiva em relação àquela que lhe é inferior, que procede dela, a em
relação à qual representa o papel de emanadora. Alguns dos pares de
Sephiroth têm, contudo, uma natureza mais definitivamente positiva ou
mais definitivamente negativa. Por exemplo, Cholanah é Positiva positiva
a Binah é Negativa positiva. Chesed é Positiva negativa, a Binah
Negativa negativa. Netzach (Vênus) a Hod (Mercúrio) são hermafroditas.
Yesod (Lua) é Negativa positiva a Malkuth (Terra) é Negativa negativa.
Nem Kether nem Tiphareth são predominantemente masculinas ou femininas.
Em Kether, os pares de opostos estão em estado de Iatência a ainda não
se manifestaram; em Tiphareth, eles estão em perfeito equilíbrio.
43.
Há dois meios pelos quais a transmutação pode ser efetuada na Árvore; a
esses são indicados por dois dos hieróglifos que se superpôem sobre os
Sephiroth; um deles é o feróglifo dos Trés Pilares, e o outro é o
Hieróglifo do Relâmpago Brilhante. Os Pilares já foram descritos; o
Relâmpago Brilhante indica simplesmente a ordem de emanação das
Sephiroth, que ziguezagueia de Chokmah a Binah a de Binah a Chesed, para
a frente a para trás, através da Árvore. Se a transmutação ocorre de
acordo com o Relâmpago Brilhante, a força altera seu tipo; se ocorre de
acordo com os Pilares, ela permanece do mesmo tipo, mas num arco
superior ou inferior, de acordo com o caso.
44. Esse ponto pode
parecer muito complexo~ a abstrato, mas os exemplos servirão para
demonstrar-lhe a simplicidade e a praticidade, quando o compreendemos
bem. Tomemos o problema da sublimação da força sexual, que tanto
preocupa os psicoterapeutas, e a respeito do qual, embora falando muito,
eles dizem tão pouco. Em Malkuth, que no microcosmo é o corpo físico, a
força do sexo se expressa em termos de óvulo a espermatozóide; em
Yesod, que é o duplo etéreo, ela se expressa em termos de força
magnética, a respeito da qual nada sabe a psicologia ortodoxa, mas sobre
a qual temos muito a dizer sob o cabeçalho da Sephirah correspondente.
Hod e Netzach estão no plano astral; em Hod a força do sexo se expressa
em imagens visuais e, em Netzach, num tipo diverso de magnetismo, mais
sutil, popularmente referido como "aquele algo". Em Tiphareth, o Centro
Cristológico, a força torna-se inspiração espiritual, iluminação,
influxo oriundo da consciência superior. Se é de tipo positivo, ela se
toma inspiração dionísica, inebriação divina; se é negativa, toma-se o
amor cristão impessoal a harmonizador.
45. Quando a transmutação é
óperada nos Pilares, ficamos impressionados com a verdade da irônica
frase francesa Plus ça change, plus c'est la Wme chose. Chokmah,
dinamismo puro, estímulo puro sem expressão formada, toma-se, em Chesed,
o aspecto ediflcador a organizador da evolução; anabolismo, em oposição
ao catabolismo de Geburah. Em Chesed, a força Chokmah toma-se essa
forma peculiarmente sutil de magnetismo que concede o poder de liderança
e é a raiz da grandeza. Assim também, no Pilar Esquerdo, a força
restritiva de Binah toma-se a força destrutiva de Geburah, e novamente a
produtora de imagens mágicas, Mercúrio-Hermes-Thoth.
4
6. De tempos
em tempos, os símbolos da ciência oculta transpiraram para o
conhecimento popular, mas o não-iniciado não compreendeu o método de
dispor esses símbolos num padrão como o da Árvore, nem soube aplicar-lhe
os princípios alquímicos da transmutação a destilação, que é onde
residem os segredos reais de sua utilização.
[Imagem by Google]
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