Capítulo 1
O UNIVERSO TÂNTRICO
Introdução
Feitiçaria sexual é um dos aspectos mais importantes da magia moderna por revelar um método
de feitiçaria que é encontrado no próprio corpo humano. Por ser uma tradição que une tanto o
ocidente quanto o oriente e usa técnicas de diferentes escolas. Para entender plenamente a
Feitiçaria Sexual deve-se pôr de lado todos os preconceitos e adentrar o estudo com uma mente
aberta e uma predisposição de considerar uma nova via para entender e experienciar o Universo e
si mesmo.
As Escolas Orientais de Feitiçaria Sexual
Símbolos rituais tântricos têm sido encontrados datados aproximadamente de três mil anos antes
de Cristo, estes símbolos de fertilidade parecem ser de origem Indo-européia e demonstram a
antigüidade dos cultos tântricos. Tantra (que significa "a via") é a mais das religiões do mundo
oriental. Seus textos primários são conhecidos como "Tantras" e são tão velhos quanto os Vedas
(pelo menos dois mil anos antes de Cristo), se não mais velhos. A influência do tantrismo pode ser
vista na maior parte das culturas antigas, na grande China podemos ler sobre Alquimia Sexual e os
mistérios da libido milhares de anos antes de Freud e nos cultos Gnósticos lemos sobre a
encarnação da Deidade em marido e esposa. Outros exemplos podem ser encontrados no Egito,
Creta e Roma onde a feitiçaria sexual era central para a maioria das tradições iniciáticas secretas.
Mesmo hoje em dia Tantra ainda está vivo na Índia moderna, ocupando um dos lugares mais
sagrados dos Hindus, Kamrup in Assam, sendo a representação da Yoni ou vagina da própria
deusa.
As Escolas Ocidentais de Feitiçaria Sexual
Gnosticismo é uma escola religiosa de pensamento que é tida como tendo sido desenvolvida em
algum momento ao redor do advento de Jesus. Suas origens são encontradas no Egito e na
Suméria, enquanto suas formas externas tenderam a ser de extração hebraica. Por muitos anos os
ensinamentos do Gnosticismo não eram conhecidos, até recentemente quando pesquisas
descobriram que a essência da tradição Gnóstica era uma forma ocidental de Tantra. Este
'tantrismo' tinha ritos iniciáticos e práticas adaptadas de várias tradições ainda que operando sob
uma mesma estrutura organizacional generalizada. Parece que a morte do Gnosticismo, ou ainda
o seu movimento nos anais do ocultismo, tomou lugar por volta de 200 d.C. e que seu
ressurgimento ocorreu através de ordens secretas tais quais a Ordem de Sião e os Cavaleiros
Templários.
Por volta de meados do século passado quando muitos eruditos ingleses começaram a pesquisar
sobre as tradições tântricas sobreviventes em ambas suas formas oriental e ocidental e isto gerou
ordens como a O.T.O. e num menor grau a Golden Dawn e outras ordens herméticas
relacionadas. No caso Golden Dawn acredita-se que embora a ordem funcionasse com um foco
Cristão-Judeu, sob esta fachada uma forte tradição de feitiçaria sexual floresceu, embora estas
tradições não mais são ensinadas pelas derivações modernas da GD.
A Ordo Templi Orientis também conhecida como a Ordem dos Templários do Oriente é uma ordem
explicitamente tântrica com tonalidades maçônicas. Em 1912 a sua revista, Oriflamme, deixara
claro que a sua premissa central de ensinamento era a feitiçaria sexual. A ordem possui a chave
que abre todos os segredos herméticos e maçônicos, isto é, o ensinamento da Magia Sexual e
este ensinamento explica sem exceção todos os segredos da Livre Maçonaria.
Feitiçaria Sexual no Novo Aeon
Com o advento do Novo Aeon em 1904, Mestre Therion (Aleister Crowley) formulou a Astrum
Argentinum como uma ordem semi-física para manifestar a nova corrente mágika. Uma das
primeiras ordens fora desta estrutura a aceitar a Lei de Thelema foi a OTO. O Mestre Therion
então remodelou seus trabalhos para refletir a natureza do Novo Aeon e incorporar novas práticas
e teorias de tantrismo ocidental e oriental. Entretanto, sendo que a OTO ainda tinha uma base
maçônica, sob a pressão do Novo Aeon deu lugar a uma nova forma de ordem baseada no
princípio de ensinamento boca a boca ao invés de formas de organização autocráticas. Com esta
mudança os ensinamentos da feitiçaria sexual e do Tantra foram aumentados pela pesquisa e pela
prática do vasto número de feiticeiros thelemitas ocidentais e orientais e a síntese resultante é
encontrada nas várias escolas tântricas modernas thelêmicas. Estas incluem tão variadas ordens
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como a OTO Tiphoniana encabeçada por Kenneth Grant, a Ordem Arcana dos Cavaleiros de
Shamballa (AMOOKOS), o Culto da Serpente Negra e a Ordem de Prometheus (Austrália).
A publicação deste manual de treino é parte do processo onde a experiência direta da Feitiçaria
Sexual pode ser alcançada por indivíduos e grupos pequenos sem a segregação e controle das
estruturas das ordens, acreditamos que tal ato está em concordância com o espírito aberto do
Aeon de Hórus.
"Se você trouxer para fora aquilo que está dentro de você, isto o salvará.
Se você não trouxer para fora o que está dentro de você, isto o destruirá."
O evangelho gnóstico de Tomé.
"...quando você se despe da vestimenta da vergonha, quando os dois se tornam um e o macho e a
fêmea não é nem macho nem fêmea."
O evangelho de acordo com Egyptiana.
Os Cinco M da Feitiçaria Sexual
A escola oriental de feitiçaria sexual conhecida por Tantra é dividida em cinco categorias distintas,
refletindo estas os diferentes níveis de trabalho que podem ser realizados. Embora se originem na
tradição oriental elas são encontradas tão significantemente no ocidente, entretanto talvez, sendo
ensinadas sob diferentes títulos e com diferentes sistemas de símbolos e ênfase. Os cinco M ou
Pancha Makara podem ser interpretados de duas maneiras diferentes, cada modo reflete um foco
diferente de cada Makara, um sutil e outro distintamente físico. Não se trata de julgamento moral
mas um ponto prático que deve ser notado. A interpretação sutil é relacionada ao simbólico ou
Caminho da Mão Direita (CMD), em inglês 'Right Hand Path', que envolve a interpretação do
simbolismo tântrico de uma maneira não sexual e não corporal. Enquanto a interpretação física (e
sexual) é relacionada ao Caminho da Mão Esquerda (CME) 'Left Hand Path'. A razão por trás da
designação Direita-Esquerda é que nos ritos sexuais orientais o foco da paixão (normalmente uma
mulher) quando colocado à direita significava um ritual simbólico, entretanto quando passado à
esquerda implicava num rito sexual.
Antes de começarmos a descrição dos Pancha Makara, é importante entender que as práticas
sexuais são apenas um dos M da feitiçaria sexual. Muitas escolas hoje enfatizam o quinto M da
atividade sexual enquanto ignoram os outros quatro, isto não apenas é impreciso mas também
perigoso. Feitiçaria sexual pode envolver rito sexual mas, certamente, não apenas rito sexual.
O Primeiro M : Madya Sadhana
A aplicação do Caminho da Mão Esquerda ao primeiro M envolve o uso correto de intoxicantes em
suas diversas formas. Madya significa licor podendo então ser interpretada tanto neste contexto ou
naquele do Caminho da Mão Direita, onde designa a ativação do Chakra Sahasrara e o uso de
suas secreções física e parafísica. Até mesmo a ciência moderna tem hoje iniciado investigação
dos efeitos de secreções hormonais das glândulas endócrinas sobre a consciência. A maior
diferença entre esta investigação e nossa experiência é que no Madya Sadhana as secreções são
tidas como simultaneamente físicas (hormonais) e parafísicas.
O Segundo M : Mamsa Sadhana
A aplicação do CME no segundo M envolve uma quantidade de práticas diferentes. Sendo que o
termo Mamsa pode ser traduzido como 'carne', pode ser usada para representar o uso de carne
ritualisticamente (por exemplo, um banquete ou Eucaristia). Pode também ser entendida, de
acordo com uma tradução menos literal dos textos tântricos, como 'fala', então podendo ser
entendida como o uso da invocação ou fala extática dentro de um contexto ritual.
A interpretação do CMD deste Sadhana envolve tanto o entendimento de carne no contexto de
alimento, tal qual numa dieta controlada (normalmente vegetariana) e o efeito da comida na
consciência e o uso da fala duma maneira ritual. Esta segunda utilização inclui práticas como
invocação, cânticos, mantras, oração extática e por aí vai.
O Terceiro M : Matsya Sadhana
O terceiro M tende a ser traduzido como 'peixe' e é usado da mesma maneira para o CME quanto
para o CMD. É visto como referindo-se ao fluxo psíquico que corre através dos canais Ida e
Pingala na espinha dorsal. Uma minoria de eruditos também utiliza-se do termo para referir-se ao
consumo ritual de peixe num banquete ou Eucaristia.
O Quarto M : Mudra Sadhana
Mudra é o único M bem conhecido fora dos círculos tântricos. É utilizado de maneiras similares no
CME e no CMD e representa o uso de posições específicas do corpo (mais especificamente, da
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mão) para simbolizar certas verdades, para encarnar certas forças e/ou efetuar mudanças na
consciência. Este M também inclui o uso de vários Asanas ou Mudras Corporais.
O Quinto M : Maithuna Sadhana
O quinto M está relacionado primariamente com atividade sexual, o termo Maithuna refere-se a
união sexual mas também inclui outras formas de prática sexual. A interpretação do CMD deste M
envolve o uso simbólico da sexualidade dentro do organismo. Isto é melhor ilustrado no Kechari
Mudra, no qual se traz a língua para a garganta e 'temporariamente fecha-se o sistema'. Aqui a
ponta da língua é vista como representando o pênis, a faringe nasal a vagina e a uvula como a
vulva.
A interpretação do CME do Maithuna é de ritualística sexual, onde o termo Mão Esquerda referese
ao veículo da paixão sendo colocado na posição Lunar ou esquerda. Em algumas escolas
tântricas os cinco M também são interpretados como Sub Sadhanas dentro do quinto M, Maithuna.
Com tal entendimento em mente, daremos a seguinte classificação dos Sub Sadhana.
Sub Sadhanas no Maithuna
Madya Sadhana Amrita : uso sacramental de fluidos sexuais.
Mamsa Sadhana-FelaçãoMataya Sadhana-CunilínguaMudra Sadhana-Posturas SexuaisMaethuna
Sadhana-Comunhão sexual (congrex)Feitiçaria Sexual : Um Esquema
A feitiçaria sexual como é ensinada dentro da Escola Tântrica Thelemica é composta de cinco
categorias, qualquer uma destas cinco pode novamente ser subdividida nos cinco M, se assim
desejado. Contudo, descobriu-se que os cinco M como subclasses pertencem às técnicas Gamma
e Epsilon em relação ao CME ou às técnicas Delta, se interpretadas pelo CMD. As classificações
da feitiçaria sexual estão baseadas em esquemas tradicionais como ensinados pela OTO e AA.
Entretanto, elas receberam títulos de letras gregas para acabarem com o obsoleto sistema de
graus maçônicos previamente em uso pelo sistema sexual da OTO.
A teoria e a prática da feitiçaria sexual é baseada no fato de Eros, ou conduta sexual, ser uma das
mais poderosas dentro do organismo humano e se usada corretamente centro de uma situação
ritual, pode atingir grandes resultados. Neste esquema nós não pretendemos organizar toda a
estrutura da magia sexual, mas dar uma visão das técnicas básicas e alguns usos para as
mesmas. Ofereceremos também uma discussão de alguns dos princípios básicos nos quais a
magia sexual está baseada, tais como Shiva e Shakti, a Semente Sagrada, o Grande Rito e Eros e
Thanatos. É importante dominar estas teorias, pois toda prática tântrica estende-se de seu
fundamento.
Alphaísmo (Alfa) - Magia Sexual Solitária
Alfaísmo é usado para carregar talismãs, encantamentos e Armas e Ferramentas Mágikas, obter
controle dos sonhos e vários tópicos correlatos.
Betaísmo (Beta) - Magia Sexual Solitária
Betaísmo é usado com um parceiro projetado astralmente, envolvendo uma série de práticas tais
como energização do sistema astral, criação de elementares, proteção e ataque psíquicos,
desenvolvimento de características internas através da ciência de projeção extracorpórea.
Gamaísmo (Gamma) - Magia Heterossexual ou Polarizada
Gamaísmo pode ser usado para diferentes formas de magia, incluindo a criação de Amrita,
comunicação com outras formas de Vida, criação de seres artificiais, evolução espiritual de ambos
os parceiros e por aí vai.
Deltaísmo (Delta) - Magia Sexual para Chakras
Deltaísmo envolve o uso de técnicas Alfa, Beta, Gamma e Epsilon para ativar e purificar os
chakras. É uma forma avançada de Kundalini Yoga sexual.
Epsilonismo (Epsilon) - Magia Homossexual ou Apolar
Esta técnica é um espelho do Gamaísmo, tem muitos usos idênticos às técnicas Gamma com o
banefício da não produção sexual ou astral. Muitas escolas, incluindo a Escola Tântrica Thelemita,
descobriram que intercurso anal com um membro do sexo oposto ou sexo durante o ciclo
menstrual pode ser usado como uma aproximação de uma expressão puramente homossexual
desta fórmula. (Embora a interpretação homossexual parece mais precisa e segura.)
Há muitos outros usos para estas técnicas e estas serão esquematizadas conforme progredimos
em nosso estudo. Nesse ínterim, é importante entender que a diferença entre as técnicas
heterossexuais e homossexuais (Epsilon e Gamma) é maior do que o obviamente físico. Foi
descoberto que mesmo que a prática Gamma seja feita com uso de anticoncepcional, um feto
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astral é sempre gerado. Algumas vezes isto é útil, algumas vezes não. Equanto que numa relação
puramente homossexual da fórmula Epsilon isto não ocorre devido às características específicas
encontradas no campo de polaridade, que iremos discutir em detalhes mais à frente.
Há muitos princípios diferentes envolvidos na Magia Sexual e para entendê-los será necessário um
certo estudo. Para começar, vamos olhar em detalhe quatro princípios fundamentais básicos do
Tantra.
Shakti, Shiva e Papéis Sexuais
Shiva e Shakti formam os pólos opostos no culto tântrico, Shiva representa o poder da deidade
masculino, enquanto Shakti representa a deusa primal. De acordo com o Tantra hindu tradicional,
a Grande Deusa tem dez encarnações maiores ou formas. A primeira e certamente mais antiga é
Kali, enquanto que as outras nove são Tara, Shodamhi, Bhuvameshvari, Bhairvai, Chinnamasta,
Dhumavati, Bagala, Matangi e Kamala. Em muitos cultos tântricos, como o Kaulasedkaha, Shakti é
vista como a fonte primordial de todas as coisas, sendo então idêntica ao antigo conceito egípcio
de Nuit, a deusa do espaço infinito, enquanto sua projeção, Hadit, é idêntica a Shiva.
Em termos universais esta oposição é a mesma de Ain e Kether (de acordo com a Qabbalah) com
Shakti representando a ação dinâmica e Shiva representando o estado estático. Em algumas
tradições uma trindade é formada de Brahma, Vishnu e Shiva, onde Shiva é especificamente
relacionado a Saturno ou a Sephirah Binah. Esta correspondência é, em certo contexto,
compreensível, pois Shiva pode ser relacionado ao Deus Negro e sua parceira Shakti que é
encontrada dentro dele. Contudo, também é possível entender a relação Shakti-Shiva nos termos
mais absolutos de Ain e Kether, usando seus atributos num papel universal, menos específico.
Pode ser dito que a trindade é uma forma mais exotérica, enquanto a dualidade de Shiva e Shakti
é uma atribuição universal e esotérica.
A relação entre Shiva e Shakti é de total interdependência, um ditado tântrico diz que "Shiva sem
Shakti é Shava (cadáver)." Quando Shiva e Shakti são traduzidos em termos humanos, certas
considerações devem ser levadas em conta, em algumas tradições o macho é considerado Shiva
e a fêmea Shakti, e de certa maneira isto é correto. Entretanto, isso foi usado, no passado, para
justificar um sexismo às avessas onde a fêmea é tomada em grande reverência em detrimento do
macho. Na atualidade, as tradições de Magia Sexual demandam que macho e fêmea sejam
tomados em igualdade e mesmo que possa ser feita conotação sexual de Shiva e Shakti, é
igualmente verdade o fato de que dentro da cada ser humano, macho ou fêmea, ambos Shiva e
Shakti existem mutuamente. Esta atribuição é baseada no fato de que em cada sexo há os pólos
Shiva e Shakti, no macho a chakra básica é Shiva, enquanto que a Coroa ou Sahasrara Chakra é
Shakti, na fêmea estas atribuições são ao contrário.
Quando estas polaridades são aplicadas aos trabalhos sexuais Gamma e Epsilon certos fatos
importantes precisam ser considerados. No Gamma, um circuito completo é formado e um vórtice
circular de energia é creado, portanto todas operações de Magia Gamma produzem uma criança
astral ou física. Num trabalho Epsilon o circuito formado cria um padrão 'X', tal formação gera
energias de natureza selvagem e caótica, sem a produção de qualquer forma de criança astral.
Ambas fórmulas têm usos importantes na prática da Magia Sexual e cada uma delas oferece
oportunidades energéticas únicas.
A Semente Sagrada
O conceito de "Semente Sagrada e Fluidos Sacros" forma a base de muitos trabalhos Gamma. De
acordo com a magia sexual tradicional e moderna, os fluidos sexuais do macho e da fêmea contém
nutrientes tanto físicos quanto parafísicos, sendo usados portanto numa forma de Eucaristia.
"A mais alta forma de Eucaristia é aquela na qual o elemento consagrado Um. É uma substância e
não duas, nem viva nem morta, nem líquida nem sólida, nem quente nem fria, nem masculina nem
feminina....O mais alto sacramento, o de um elemento, é universal na sua operação, de acordo
com o propósito declarado do trabalho, o resultado também o será. É a chave universal de toda
Magia (Mágika)."
Magick in Theory & Practice by Aleister Crowley
A base da Eucaristia é que os fluidos do organismo humano, masculino e feminino, contêm certas
essências conhecidas como Kalas. Estes Kalas são dezesseis no Iniciado e quatorze na pessoa
comum. Estudos recentes em sexologia tornaram conhecidas estas quatorze essências,
entretanto, o sucesso da Eucaristia é baseado na correta ativação do Sacerdote e da Sacerdotisa
para que os dezesseis Kalas sejam formados nos fluidos. Estes fluidos, quando combinados
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(hetero ou homossexual) formam uma substância conhecida com Amrita. Esta substância forma a
base de muitos trabalhos mágikos, em alquimia sexual é conhecida como a "pedra filosofal" e é o
foco central da maioria dos cultos tântricos hindus.
O Grande Rito
Além do conceito da Semente Sagrada e dos Fluidos Sacros é importante entender o poder
mágiko posto em ação no rito sexual. Em todas as religiões antigas o ato do sexo era visto como
um ato de poder e portanto considerado sagrado. Hoje, estamos num período subsequente ao da
Era Vitoriana onde o sexo era visto simplesmente como a descarga de uma frustração, contudo, da
posição tântrica, nem depravação nem puritanismo são corretos. O sexo é um impulso creativo,
um ato de poder. É uma extensão do conceito mágiko de Amor, nem sentimentalismo nem luxúria,
mas um poder de 'atração entre partículas'.
Na Bruxaria, o clímax da iniciação vem no que é conhecido como "Terceiro ou Grande Grau". Este
grau, também conhecido como o "Grande Rito", envolve intercurso sexual e assunção de Formas
de Deuses tais como Pan e Aradia. Esta assunção de Formas de Deidades durante a relação
sexual forma uma parte integral de nosso uso da sexualidade na Escola Thelemica de Magia
Sexual. Mesmo quando atos sexuais não são feitos com propósitos de ocultismo, o mago deve
ainda assim treinar-se para assumir a forma de Hadit, Hórus, Set e para tanto visualizar a parceira
na forma de Nuit, Isis, etc. Variações com o sexo e a orientação sexual são óbvias.
No Livro da Lei afirma-se que "todos os atos de amor devem ser feitos a Nuit", não importando
como vemos este texto, este conceito é vital pois enfatiza a necessidade de que todos os atos
sejam atos de magia sexual e, portanto, atos de Vontade Verdadeira. Este ideal inclui a máxima
filosófica do "Monge ou Freira de Thelema" e um "Novo Celibato", onde todos os atos sexuais são
vistos como sacramentais e mesmo se o parceiro não partilha deste conceito, o feiticeiro deve por
si próprio visualizar dentro do parceiro uma expressão da forma-deus que ele estiver projetando.
A respeito da relação entre sexo e amor, no contexto thelemita amor é definido como "atração
mágika de partículas" e não nos termos sentimentalistas usados pelos cristãos e membros de
outras religiões. Todos os atos de magia sexual, e portanto, todos os atos sexuais na vida de um
mago, são expressões do amor mágiko, sendo que eles representam o trazer à tona os aspectos
divinos internos dos indivíduos envolvidos. No mais, isto não é compatível com o conceito de
monogamia, nem com a degeneração do sexo em atos meramente físicos.
A partir destas considerações, deve tornar-se claro que uma suruba não é magia sexual !
Eros e Thanatos
A psicologia da magia sexual é baseada nas idéias opostas primeiramente postuladas, em tempos
modernos, pelos mitos de Eros e Thanatos explorados por Sigmund Freud. Estas forças opostas
representam a dualidade do nascimento e da morte. O nascimento é entendido como o impulso
sexual (libido), enquanto a morte não é necessariamente o impulso destrutivo per se mas a
conduta de religação com as dimensões espirituais. Em magia sexual ambas as condutas são
usadas para levar o indivíduo a um estado de consciência mais amplo.
O impulso Eros é cultivado através dos vários ritos e práticas sexuais, enquanto que o impulso
Thanatos é cultivado através dos ritos secretos do "Culto Mórbido de Kali". Estes ritos de morte
representam um dos segredos mais profundos da magia e são tradicionalmente ensinados apenas
àqueles que tenham completado seu treinamento tântrico e tenham dominado toda a teoria e
prática da magia. Através do cultivo de Eros e Thanatos dentro da psique do indivíduo, o estado
final de androginia pode ser realizado. A magia sexual e seus diversos ritos leva o mago aos
estágios finais de sua transmutação em Andrógino, realiza grandes mudanças de consciência e
um sublime fluxo interno de poder. Conforme ele avança pelos altos reinos da Iniciação e continua
com os Ritos dos Antigos e os mistérios do Necronomicon, ele é levado a confrontar-se com seu
Anti-Eu (anti-self) e um estado de união dinâmica é atingido. Isto é completado pela conquista do
impulso Thanatos e sua ascensão ao estado andrógino de Humano Superior.
Este caminho é ensinado com dificuldades e pode levar uma vida inteira ou mais para se
completar, contudo, o resultado final vai além da espécie humana e alcança o próximo estágio da
evolução. Deve ser lembrado, entretanto, que o estado de Humano Superior está tão distante do
humano quanto este está do macaco e, portanto, a transição envolve mudanças que podemos
apenas postular depois que elas sejam experimentadas.
Conclusões
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Neste capítulo começamos a examinar as facetas mais profundas dos mistérios da Magia Sexual,
muitos destes podem ser assustadores e, talvez, até mesmo repulsivos para o mago que não
estava preparado para sua revelação. Mas deve ser lembrado que a transição deste estado de
consciência para o próximo é uma total transformação do nosso estado de ser. Não é
simplesmente uma troca de roupas por assim dizer, mas uma revolução total no que conhecemos
e no porque pensamos da maneira como pensamos.
Portanto, muitas das técnicas de magia sexual são muito exigentes e difíceis, mas conforme
alcancemos os estágios mais profundos da Iniciação as mudanças começarão e paulatinamente,
mas com certeza, nós chegaremos a uma nova e mais dinâmica compreensão de nós mesmos e
do Universo.
Capítulo 2
A DIMENSÃO PERDIDA DO SEXO
Introdução
"O que está em cima é como o que está embaixo..." assim diz o grande axioma de Hermes que
forma a premissa central dos ensinamentos da Magia (e do Hermetismo, por ocasião). As grandes
forças do Universo estão refletidas no organismo no qual temos nosso ser, portanto, os Mistérios
tanto são fisiológicos como espirituais e o simbolismo dos Mistérios reflete ambos sistemas de
Gnosis.
Através da história encontramos pistas deste arcano tântrico, um dos mais conhecidos ícones do
Tantrismo era a Missa do Espírito Santo, que formava o santuário simbólico da Alquimia Sexual.
Aqui o pão era o corpo; o vinho, as secreções sagradas e a pomba que descendia simbolizava
Vênus, o planeta do erotismo. Ícones mais antigos deram pistas de sua origem tântrica, o Jardim
do Éden era a sagrada Yoni (vagina), a montanha era o Lingam (falo), os rios eram as secreções
sexuais e por aí vai. Num estudo moderno de magia sexual, o uso de tal simbolismo não é mais
necessário, embora às vezes tenha mérito artístico.
A base da magia sexual moderna é estreita e precisa e é encontrada no simples dito de Hermes,
que claramente ilustra como as forças do Universo não apenas fluem dentro e ao redor do humano
como espécie, mas que também existe em cada organismo individual como um reflexo do Todo.
A Natureza do Orgasmo
O orgasmo tem muitas utilizações, em magia sexual a libido ou impulso sexual não é desperdiçada
mas encarnada num meio ou forma previamente formulada. Isto forma a base para muitos dos
usos das energias sexuais na magia. O orgasmo é usado para crear um vórtice de energia que é
então encarnado num corpo específico para que um certo resultado possa ser manifestado na
realidade. O resultado alcançado pode variar de necessidades pessoais e físicas até a
impregnação dum símbolo para exploração de dimensões astrais mais altas.
O orgasmo, quando a ejaculação é adequadamente controlada, pode ser usado para energizar
certas imagens de grande pode, estas imagens, evocadas e fixadas na mente, tomam forma e
cream vida própria, sendo de uso prático em muitos aspectos da Grande Obra.
Os dois pré-requisitos desta forma de magia sexual são a fixação da mente no símbolo durante o
processo e a obtenção de um orgasmo extremamente intenso pelo prolongamento da estimulação.
Os dois fatores nunca podem ser postos de lado, portanto o pretenso mago deve começar sua
exploração imediatamente.
A concentração de uma imagem no olho da mente pode ser alcançada por prática intensa das
várias artes de concentração e visualização, enquanto que o segundo fator, o de aumentar a
intensidade orgasmática, pode ser praticado através de vários exercícios encontrados nas técnicas
Alfa de magia sexual. Com este assunto em mente, é importante vir a se compreender a relação
entre ejaculação e orgasmo. Orgasmo é uma experiência de êxtase sexual, é normalmente
atingida através da ejaculação, não sendo, entretanto, sempre assim.
Na magia sexual o orgasmo deve ser atingido com certa voracidade e isto é melhor conseguido
através da retardação gradual da ejaculação durante o processo sexual, levando a um nível mais
alto de clímax na ejaculação. Desta maneira, o entendimento dos magos sobre a ejaculação e
orgasmo tem muito mais a ver com o clímax pleno de uma mulher do que uma simples emissão de
fluidos. Esta intensidade do orgasmo pode ser facilmente desenvolvida pela mulher, talvez, até
mesmo mais prontamente, pois a técnica da masturbação feminina oferece um clímax muito mais
forte e de maior valor mágiko do que a simples emissão masculina.
A Criação de Crianças Astrais
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Como discutido antes, todas as formas de sexo geram algum resultado. Sexo heterossexual gera
crianças, astrais ou físicas. Num ato sexual onde não há produção física (um feto) então o
resultado é astral. Pelo uso do sexo uma criação pode ser formulada nos planos espirituais, isto
pode ser atingido tanto por uma técnica masturbatória (alfa/beta) quanto por uma técnica utilizando
parceiro (gamma/epsilon). Esta criação pode tomar a forma de um elemental artificial (elementar)
que é programado para atingir certas metas e dissolver-se após concluída a tarefa, ou um íncubo,
que é utilizado para se explorar suas próprias realidades internas. Crianças astrais também podem
ser usadas para controlar sonhos e girar 'a teia da Ilusão'. Controle onírico é um aspecto
importante da magia sexual, pois em seus ensinamentos o Tantrismo oferece uma forma única de
manipulação onírica pela qual os sonhos podem ser controlados e usados para moldar a própria
realidade. Esta técnica de "Sonhar de Verdade" foi primeiramente ensinada em cultos Draconianos
do Egito e tornada popular nas adaptações mais modernas do ocultismo encontrado nos escritos
de Dion Fortune.
Assunção de Formas de Deuses
Formas de deuses (godforms) são um aspecto importante do treinamento oculto, contudo, na
magia sexual seu uso assume relevância máxima. Normalmente, a faceta sexual da forma-deus é
exagerada para auxiliar no processo de identificação. O verdadeiro personagem da forma-deus
pode incluir uma variedade de formas humanas e animais. Duas formas específicas são de suma
importância, as de Babalon e Therion.
Num nível superficial Babalon e Therion são simplesmente as máscaras sexuais feminina e
masculina usadas nos ritos de natureza polarizada. Estas máscaras devem ser assumidas sempre
astralmente, invocando-se os poderes de Binah e Chokmah. Quando isso ocorre com sucesso os
resultados produzidos são localizados em Daath, podendo então ser transferidos para qualquer
das Sephiroth mais baixas à vontade. Num rótulo mais esotérico, contudo, os papéis de Babalon e
Therion têm uma utilização secreta.
"Há a pomba e há a serpente. Escolha a sua bem ! Ele, meu profeta, escolheu conhecendo a lei do
forte e o grande mistério da casa de Deus."
Liber al Vel Legis 1 : 57
O extrato acima, do Livro da lei, sugere um entendimento esotérico de Babalon e Therion. Babalon
sendo a pomba e Therion, a serpente. Eles representam não as técnicas de magia hetero e
homossexual, mas variações dentro de cada técnica, por assim dizer, a habilidade de trabalhar
magia polarizada e apolar. O mago necessita entender ambos trabalhos e como eles podem ser
usados, ele também necessita dissolver o conceito de que há uma simples divisão entre práticas
heterossexuais e homossexuais. Em magia sexual há quatro possibilidades distintas ou elementos
: Heterossexual, polarizado e apolar; Homossexual, polarizado e apolar. Estas possibilidades
incorporam o mistério do Forte (o Templo do Mistério Quádruplo) e o Mistério da Casa de Deus
(letra Beth). Eles também envolvem o segredo do Magus. Além disso, encontramos uma pista
adjunta na associação animal do arcano Magus, o pássaro Íbis. O Íbis é uma ave que lava o ânus
com seu próprio bico sendo então considerada na mitologia como bissexual. Portanto, o mistério
do Magus é que ele é andrógino e não escolhe entre seus lados homossexual ou heterossexual
mas usa as variações de ambos de acordo com a natureza do trabalho. Estas quatro
possibilidades são conhecidas como os elementos tântricos.
Os Elementos Tântricos
Antes examinamos os vários ciclos na Magia Sexual, isto é, as formações O e X e a atribuição das
letras gregas a estas operações. Aqui, queremos ir mais longe e esquematizar as quatro
ferramentas do mago. Considerando a atribuição, a quinta ferramenta ou elemento é o Akasha e
portanto é o próprio mago, que deve ser uma mistura de todas as quatro possibilidades. As quatro
possibilidades como esquematizadas são vistas como :
OO - O trabalho Gamma de Magia Heterossexual.
XX - O trabalho Epsilon de Magia Homossexual.
Cada uma tem dois potenciais, a plena expressão de sua própria modalidade e os elementos
cruzados. A plena expressão inclui Gamma de Gamma (Magia totalmente polarizada como em
ritos puramente heterossexuais) e Epsilon de Epsilon (Magia totalmente apolar como em ritos
puramente homossexuais). Esta forma de magia puramente apolar é muito volátil e é mais utilizada
em trabalhos Qliphóthicos e do Necronomicon.
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Entre estes pólos estão dois outros potenciais, conhecidos como "Os Elementos Tântricos
Cruzados" e incluem :
OX - O trabalho Gamma usando assunção de formas de deuses como se fosse trabalho Epsilon.
(Por exemplo, macho e fêmea assumindo imagens de deuses do mesmo sexo).
XO - O trabalho Epsilon usando formas de deuses como fosse trabalho Gamma. (Por exemplo,
dois homens assumindo imagens de deuses de sexos opostos).
Estes elementos misturados são utilizados numa variedade de trabalhos, sendo, conduto,
imperativo ao mago entender estes papéis e seus usos.
No mais antigo dos mistérios, o Organismo Estelar (o corpo astral) era atribuído ao deus Set,
enquanto que os corpos espirituais eram atribuídos ao deus Hórus. A batalha entre estes deuses
acirrou-se e o organismo integral pareceu dividir-se em partidos opostos. Entretanto, a ligação
descoberta entre os Deuses das Estrelas e os Deuses do Fogo estava na corrente Lunar ou
sexual, que era governada por Thoth (o Íbis). Portanto, a Magia Sexual é o método pelo qual as
várias facetas do mago podem ser exploradas, purificadas e integradas para formar uma nova
identidade, estimulada pelo impulso da Vontade Verdadeira.
A Base Biológica dos Mistérios
As evidências aparecem vindas dos lugares mais estranhos. Wilhelm Reich (1897-1957) era um
arquimaterialista e consorte de Sigmund Freud, que gastou a maior parte de sua juventude em
estudos de psicanálise e de ciências. Contudo, sua pesquisa mais tardia concentrou-se na
descoberta de 'Bions', células azuis de energia parafísica que eram libertadas pelo fluxo livre da
libido expressa dentro do organismo. Seu trabalho teve empecilhos por parte do governo e das
igrejas da época e ele morreu na prisão em 1957 condenado por charlatanismo.
Seu trabalho, porém, é altamente relevante pois dá uma base científica para as antigas teorias
tântricas, especificamente as de que as secreções sexuais do organismo, tanto macho quanto
fêmea, produzem uma forma especial de energia. Esta forma de energia era conhecida como
Kalas no oriente e pode mudar a concentração de acordo com a situação. No não iniciado
sexualmente há apenas quatorze kalas, entretanto, naqueles com libido excessiva e orientação do
Eu (Self), os décimo quarto, décimo quinto e décimo sexto kalas são despertados e o ciclo total é
manifestado. Em corrupções tântricas tardias estes kalas eram tidos fluírem apenas da Shakti ou
Sacerdotisa, mas isto não corresponde com os Mistérios originais.
Todos iniciados no Tantra tornam-se "Irmãs da Estrela Prateada", por assim dizer, e portanto todos
iniciados têm os Kalas em atividade. O papel da "Irmã" é balancear as polaridades dentro de si
mesma e preencher as condições do Livro da Lei, capítulo dois, verso vinte e quatro. Neste verso
lemos sobre os Eremitas, que vivem em camas purpúreas e são acariciados por magnificentes
mulheres bestiais com membros compridos e fogo nos olhos. Este verso é uma descrição
codificada de uma "Irmã" em transe com os Kalas ativados, isto pode ser igualmente aplicado para
ambos os sexos.
As frases-chave aqui são 'as camas purpúreas', isto é, iluminadas pela Sahasrara Chakra e 'Fogo
e Luz nos seus olhos', isto é, elas estão em transe e a plena expressão de su Vontade é expressa
através delas. Aqui, entendemos a base biológica da Magia Sexual, o fluxo e refluxo do universo
como refletido pelos Aeons acima nas secreções do organismo e do ciclo dos Kalas abaixo.
A Yôga do Sexo
Tantra é a yôga do sexo, não requerendo, entretanto, uso de longas sessões de Asana ou
posturas peculiares. Requer, porém, a disciplina do instinto sexual e sua modificação em formas
utilizáveis pelo Mago em sua busca por si mesmo (Self). No Tibet, por exemplo, o Tantra é
conhecido como "Prayôga" e a primeira coisa que se nota nestes mestres Yogis é sus conduta
sexual, o iniciado deve cultivar sua libido e usá-la como outra de suas ferramentas mágikas. Yôga
Sexual é uma das mais secretas tradições dos Yogis, mesmo no Gnosticismo era ensinada
escondida sob o véu do simbolismo. Por exemplo, na terminologia Gnóstica egípcia, a Tumba era
o símbolo do útero e, portanto, no pensamento original Gnóstico percebemos que a morte e
ressurreição do Cristos, era, em certo nível, um mito sexual. Este mito reflete a destruição do eu
inferior (ego) e a afirmação do Eu Mais Interno através do uso de Magia Sexual. É interessante
notar que no livro 'A Morte de Cristo' de Wilhelm Reich, uma interpretação biológica similar do mito
de Cristão é oferecida.
Em tempos mais recentes, a pesquisa de John Allegro (autor de "The Sacred Mushroom and The
Cross", "The Dead Sea Scrolls", "End of The Road, etc.) foi um passo adiante e descobriu que o
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termo 'Christós' realmente referia-se ao sêmen sagrado, outra sugestão velada referindo-se aos
Mistérios Sexuais Gnósticos. A Yôga do Sexo ou Magia Sexual é uma parte importante da Vontade
para se fortalecer, pois oferece ao mago controle das partes instintivas de sua natureza e estas,
sem dúvida, têm a chave para muito mais poder. O sexo, nos trabalhos de muitos psicólogos
modernos é a conduta humana suprema, embora possamos não aceitar esta afirmação, sabemos
que realizá-lo corretamente abre uma porta para um imensurável poder pessoal.
Os Chakras
O orgasmo pode ocorrer em qualquer um dos seis chakras inferiores, mas se ocorre no sétimo,
então todos os chakras serão ativados através de meios sexuais, a serpente sendo levantada dos
centros mais baixos (através de libido controlada) e no final resulta a união da serpente com a
pomba do Sahasrara Chakra. A energia que é levantada através dos chakras é conhecida como
Ojas e é absorvida dos fluidos sexuais e redirecionada para a coluna vertebral no orgasmo, sendo
secrecionada no sêmen a energia não absorvida.
O uso de feitiçaria sexual como parte do desenvolvimento da Kundalini é um aspecto importante
dos ensinamentos tântricos (corresponde-se com Delta). Dá ao mago controle sobre seu
organismo e habilidade para controlar o largo espectro de estados de consciência. Como pode ser
rapidamente deduzido, os sete estados de consciência podem ser relacionados aos sete chakras e
portanto ao uso correto do corpo, experimentar estados alterados de consciência é possível e
necessário como parte do processo de desenvolvimento.
A Luxúria e o Novo Aeon : Arcanos do Tarot
Nas chaves da Luxúria e do Novo Aeon nós temos dois segredos da Magia Sexual, outros Arcanos
Tântricos do Tarot incluem 'A Torre' e 'O Enforcado'. Na fórmula da Luxúria temos Babalon
cavalgando a Besta (o Eu cavalgando o corpo) que tem sete cabeças (os chakras) e está tocando
o ventre de Nuit. Por trás de Babalon a serpente ergue-se sugerindo o uso correto da energia
sexual para ativar os chakras e estimular os estados intuitivos de consciência simbolizados por
Babalon em seu aspecto Saturnino. Babalon é claramente a representação de Nuit nos mundos
inferiores, o lado feminino do Eu (Self).
Acima da representação de Nuit estão dez serpentes projetadas, as sephiroth da Árvore da Vida
movendo-se em plena atividade através da conjunção da Besta e de Babalon. O número desta
carta é onze pelo arcano e portanto refere-se à magia em ação; pela atribuição hebraica é Teth ou
nove, a serpente. Juntos, estes números tornam-se vinte, as cartas do novo aeon para o qual é a
chave.
No arcano do novo aeon temos Nuit, seu corpo arqueado por amor, algo como o Graal, vertendo
os Kalas para os Magos da Noite. Em seu ventre está o trono real de Hadit, o poder do Eu (Self). A
união de Hadit e Babalon produz a criança conquistadora, Hórus, que é o senhor do aeon
representado na frente da carta. Ele representa os vários 'eus espirituais' do humano fluindo pelos
Aeons, fortalecidos e individualizados pela Vontade, simbolizado por Hadit. Para este arcano é
atribuída a letra Shin, o fogo secreto, o fogo da luxúria divina, cuja natureza forja o Eu na glória de
Nu.
Capítulo 3
A HISTÓRIA DO TANTRISMO
Introdução
Os traços mais primevos de Magia Sexual são encontrados na adoração pré-histórica da Grande
Mãe, cuja natureza era celebrada na mudança das estações e cuja presença era experienciada
através de fenômenos naturais. Esta forma primitiva de Magia Sexual era basicamente animista e
traços de seu simbolismo gerador e religioso têm sido encontrados e datados até por volta de 18
mil anos a.C. nas paredes de cavernas do Paleolítico. Exceto por estes traços precoces, os
primeiros registros de adoração tântrica são encontrados numa região conhecida como a Tartária.
A Tartária
Uma idéia predominante na antropologia moderna é que a disseminação do pensamento e práticas
Xamânicas e Tântricas originaram-se de uma área central de difusão. A região mais favorecida por
aqueles que abraçam esta teoria é a do deserto de Gobi. Tal deserto é uma terra de lendas e
magia, era conhecida pela tradição como a terra dos Tártaros ou Tartária. Embora haja pouca
informação restante a respeito deste título, menciona-se sobre a terra grega de Tartarus, que
existia nas areias profundas e sem sol além de Hades, para onde os Titãs haviam sido banidos por
um Aeon. Em sua 'Doutrina Secreta' Blavatsky sugere que a Tartária era o lar da Grande
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Fraternidade Branca e que já havia sido um grande mar continental, no centro do qual residiam os
remanescentes da raça que nos precedera e que detinha grande poder e sabedoria. Portanto, na
literatura Teosófica, a Tartária é vista como o ponto de difusão para a sobrevivência de uma raça
de uma época muito antiga.
Esta teoria não é apenas encontrada na literatura teosófica, de fato muitas tradições sustentam
uma idéia similar e a lenda da Tartária em si mesma pode encontrar paralelos nas lendas de Thule
no misticismo nórdico, a fabulosa lenda de Dilmun no pensamento sumério e a terra da Grande
Fraternidade Branca, que era conhecida como Agharti Shamballa. Shamballa é o título dado à
Tartária nas lendas do oriente, é dito que esta era a terra dos deuses, que ensinaram a mais antiga
Gnosis aos discípulos humanos. Uma estranha lenda é também contada sobre o que aconteceu
com Shamballa, é dito que uma batalha irrompeu entre os praticantes do CMD de Shamballa e os
praticantes do CME de Agharti. Tal batalha teria durado vinte anos com o resultado do desperdício
das terras, restando o que vemos hoje no deserto de Gobi. A sobrevivência do Tantra se deu com
os Agharti indo viver no subsolo e levando consigo os segredos, durante muitos anos fundindo os
mistérios do CMD e do CME e propagaram estes ensinamentos aos preparados através dos
antigos e secretos Tantras. Esta propagação de ensinamentos também tomou lugar pela migração
dos remanescentes destas fabulosas civilizações através de Uddiyana.
A Uddiyana
A Uddiyana é uma região localizada no vale Swat no norte do Afeganistão, acreditando-se ser esta
a região que recebera alguns dos remanescentes de Agharti, sendo também dito que outros
esconderam-se no subsolo para formar uma colônia nas profundezas da terra. Em Uddiyana o
ensinamento do Tantra floresceu e foi desenvolvido numa fina arte, há rumores de que Uddiyana
era governada por mulheres e que era conhecida como Stri-Rajya, o reino das mulheres. Em
Uddiyana foi usada a sabedoria do Tantra com uma nova fúria religiosa, sendo a sabedoria secreta
ensinada através de um sistema de iniciação em graus em conclaves fechados. Nestes conclaves
eram praticadas as artes da adoração Fálica, magia, tantrismo, YabYum, ritos heterossexuais e
homossexuais e uma grande variedade de outras formas de feitiçaria. Tsiuen Tsang (por volta de
650 d.C.) escreve sobre as seitas por ele encontradas em suas jornadas através destas regiões.
Ele nos conta sobre um mundo estranho de monastérios regidos por mulheres, promiscuidade
sexual, trabalho criativo e artes de magia. A religião Uddiyana teve uma fantástica influência na
formação da filosofia tântrica, não apenas a espalhando para os reinos de Bengala e Assam, onde
estas artes foram finalmente refinadas para um novo nível de sutileza, mas Uddiyana produziu
uma longa lista de mestres e discípulos. Algumas das mais notáveis 'crianças de Uddiyana'
incluem Chang Tao Ling (+ 200 d.C.), o fundador do Taoísmo moderno, Shenrab (+ 500 d.C.),
sistematizador da religião tibetana Bon Po e Matsyendra (+ 800 d.C.) fundador da seita Natha.
Alquimia Sexual Chinesa
Os ensinamentos do Tantra chinês tomam a forma de Alquimia Sexual, sendo sua origem não
plenamente determinada. Entretanto, a influência de dois mestres de magia, Hsuang Ti e Lao Tse,
teve o profundo efeito de trazer os ensinamentos do Tantra chinês para um cânone mais
organizado e refinado. Lao Tse foi o autor do Tao Teh Ching e fundador do Taoísmo, sendo este
um intrincado sistema de misticismo baseado nas interações do Yin e do Yang, as duas energias
cósmicas opostas primais, ainda que complementares. Estas interações do Yin e do Yang são
tratadas no I Ching e formam a base do conhecimento terápico, mágiko, místico, filosófico, do
controle da respiração e das secreções, extensão da saúde e outros aspectos do sistema chinês
de alquimia. Embora possa ser realmente difícil retratar a Lao Tse muita de 'sua' filosofia, sua vida
tornou-se uma lenda, sendo iluminador o estudo de seus ensinamentos. Chang Tao Ling oferece
um sistema centrado no entendimento sexual da alquimia chinesa e esquematiza um programa
detalhado de trabalho de fisiologia sexual, ritualística e ocultismo.
A Religião Bon do Tibet
Há rumores lendários que um dos portões da tribo remanescente de Agharti, agora vivendo dentro
da terra em cavernas subterrâneas, está no Tibet. O Tibet é uma nação de mágika e ritualística,
sendo a religião Bon a sobrevivente das práticas xamânicas nativas na forma externa do Budismo.
Foi primeiramente sistematizada por Shenrab por volta de 300 d.C., que formou um sacerdócio
tântrico e um cânone autorizado. Há dez graus distintos no Sacerdócio Bon, sendo o décimo não
registrado e conhecido apenas pelos mais altos adeptos, enquanto que os outros nove são abertos
para a classe de sacerdotes genéricos. Embora eles envolvam um sistema extremamente
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complexo de demonolgia e ritual, seu poder não pode ser negado. As tradições do Bon cobrem um
espectro completo de prática oculta incluindo artes divinatórias, oráculos, exorcismo, evocação,
vampirismo, teorias post-mortem, como a do Bardö (o estado após a morte), tratando de 360
formas de morte e muito mais. Em 750 d.C. uma revisão da religião Bon tomou lugar sob a
orientação de Padma Sambhava, o então príncipe de Uddiyana. O Bon foi reorganizado numa
linha com vários sistemas de Tantra de Uddiyana e foi então formulado num sistema mais refinado
de prática mágika e tântrica. O Tantrismo no Tibet é associado com muitas artes obscuras de
feitiçaria e portanto afastado por muitas das seitas budistas mais ortodoxas. Contudo, mesmo os
Dalai Lamas envolveram-se em muitas de suas práticas. O quinto Dalai Lama, por exemplo, que
morreu em 1680 d.C. estudou profundamente os mistérios do Tantra, sendo que muitas das suas
canções e poemas de amor ainda são estudados por muitos magos sexuais. Diz-se que quando
ele foi questionado a respeito de seu uso de ritos sexuais, ele disse :
"Sim, é verdade que eu tenho mulheres mas você que acha-me errado também as tem e a cópula
para mim não é a mesma coisa para você."
O Tantra na Índia
Há histórias de cultos fálicos primevos e ritos de fertilidade na Índia, entretanto, até a migração dos
Uddiyana via Kashmir e Himalaia para Deccan no sul e Bengala no leste, o Tantrismo não havia
realmente começado a firmar-se nas mentes e corpos do povo hindu. Em Bengala a tradição do
Tantra era a mais forte, que até linhagens de reis, os Palas (760 - 1142 d.C.) e os Senas (1095 -
1119 d.C.) fundaram um grande número de escolas e universidades tântricas. Durante este
período até mesmo as côrtes reais tinham seus astrólogos residentes e altos sacerdotes tântricos,
apenas no fim do século treze isto foi destruído com as invasões de hordas muçulmanas.
Os mistérios tântricos, contudo, ainda sobrevivem em várias seitas secretas e semi-secretas da
Índia. As duas mais importantes destas seitas tântricas budistas são a Kalachakra (Culto da Roda
de Kali) e a Vajrayana (Culto do Trovão). À parte de seitas hindus, existem muitas, a tradição
tântrica no hinduísmo é excepcionalmente forte e toma uma grande variedade de formas, algumas
destas sendo os Shaivitas (Culto a Shiva), Shaktitas (Culto a Shakti), Sauras (Culto a Shani ou
Saturno), Kaulas (Culto a Kali) e os Ganapatyas (Culto a Ganesha). Além disso, há várias
derivações, por exemplo, dos Shaivitas derivam os Lakulishas, que adoram Shiva como o senhor
do cajado, e os Pashupatas, que adoram Shiva como o senhor das bestas, cada uma enfatizando
diferentes facetas do mesmo sistema religioso.
Primórdios da Magia Sexual Ocidental
Os ensinamentos do Tantra vagarosamente passaram ao ocidente, sendo os registros mais
antigos os trabalhos de Edward Sellon por volta de meados do século XIX e os muitos textos
escritos por John Woodroffe. Sir John era um juíz de alto escalão em Calcutá, que traduziu para o
inglês a maioria dos textos originais de tantrismo pela primeira vez. Vintras (1875), Boullan (1893)
e Van Haecke (1912) foram alguns dos mais velhos ocidentais a revelarem um completo sistema
de magia sexual. Seu sistema era baseado no uso de ritos sexuais em conjunção com a criação de
formas astrais, incluindo o que eles chamavam de 'Humanimaux', elementares meio animal, meio
humanos. Seu sistema enfatizava a possibilidade de imortalidade através da sexualidade e usa um
largo espectro de técnicas sexuais. Vintras pode ser entendido como tendo reavivado uma tradição
ocidental esotérica de magia sexual, cuja origem pode ser rastreada de volta ao Gnosticismo do
primeiro século da era cristã. Embora haja pouca imformação disponível parece que um sistema
baseado numa síntese de conhecimento mágiko e sexual da Tartária estava sendo ensinado por
várias fraternidades na região do Mar Morto. Estas fraternidades, uma das quais era conhecida
como 'os Essênios', estavam envolvidas num sistema de magia muito parecido com os ensinados
no Tibet e na Índia. Já está demonstrado que Jesus foi iniciado numa destas fraternidades e que
muito do Gnosticismo original formou-se desta maneira. Certamente os trabalhos de John Allegro
decifram muito do Novo Testamento através deste elemento tântrico. O problema é que os
ensinamentos gnósticos de Jesus foram suprimidos e um evangelho mais social foi colocado para
o público. Por sorte, contudo, o professor Ormus ( 6 d.C.) renovou o ensinamento da doutrina
tântrica e permitiu sua sobrevivência até quando os Cavaleiros Templários e a Ordem de Sião
tomaram esta tarefa. Outras ordens mais tardias de orientação Rosacruz e Maçônica também
levaram adiante o ensinamento em segredo. O tantrismo de Randolph Paschal (1875) demonstra
uma mistura de tantrismo gnóstico e tártaro. Tendo viajado bastante, desenvolveu um sistema
ocidental de tantra, que mais tarde foi adaptado na estrutura maçônica da OTO original.
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O Trabalho de Gurdjieff
Gurdjieff viajou através das regiões da outrora Suméria, da Mongólia e do Tibet e foi treinado pelo
mestre Karagoz, um dos últimos mestres remanescentes do Tantra da Tartária. Após radicar-se
em Paris, Gurdjieff desenvolveu e ensinou um sistema baseado numa síntese de dança e
misticismo Sufi bem como na Gnosis Tântrica original. Seu comportamento sexual era selvagem e
imprevisível, muito parecido com seu contemporâneo Aleister Crowley. Seu sistema sobrevive
ainda hoje e oferece muito ao estudante de magia moderna.
Aleister Crowley e a O.T.O.
A Ordem do Templo do Oriente foi formada em 1902 por Karl Kellner, baseada no arcano tântrico
esquematizado nos trabalhos de Randolph Paschal. A estrutura da ordem utilizava um sistema de
dez graus, os seis primeiros sendo maçônicos, com o conhecimento sexual sendo revelado
apenas nos quatro graus restantes e mesmo neles, numa forma muito mais teórica que prática.
Após um breve período de existência veio a cair sob supervisão de Aleister Crowley, que inovou
seus ensinamentos de um misticismo pseudo-maçônico para uma Magia do Novo Aeon. Ele
também adicionou um grau extra, o décimo primeiro grau, de acordo com certos requerimentos
tântricos específicos. A nova OTO como construída por Crowley marcou o ressurgimento da
tradição original tântrica da Tartária.
A história da OTO após seu óbito parece extremamente confusa, deixando a impressão que ele
assim o quis, sendo seus estudantes desta maneira forçados a permanecerem 'em terra'. Embora
haja várias reclamações sobre o título da OTO, não é nosso objetivo adentrar uma consideração
sobre as várias reclamações de validade, ou falta dela. Após o óbito de Crowley, um vórtice astral
foi criado para segurar o conhecimento da magia sexual. Este vórtice, escola ou loja é conhecido
como o Santuário Soberano Astrum Argentinum. Esta loja tem muitos representantes físicos,
embora qualquer um reclamando autoridade, baseado em qualquer evidência, física ou astral,
deve ser duvidado. A Astrum Argentinum confirma o Tantra Tártaro bem como esquemas de vários
derivativos da magia sexual como encontrados nos sistemas hindu e chinês. Esta corrente
confirma os ensinamentos de Agharti e sua aparição posterior no mito de Shaitan dos Yezidis e no
Tantra Draconiano do Antigo Egito.
A Magia Sexual obscura de Agharti reapareceu novamente, num sistema que une técnicas tanto
simbólicas quanto físicas e que formula uma nova e pura ética baseada na beleza e majestade do
Santuário Mais Interno da Vontade.
Sua mensagem é clara, o caminho da liberdade está contido dentro de nossas mentes e corpos,
não há necessidade em se olhar além
Capítulo 4
AUTO-INICIAÇÃO ATRAVÉS DA MAGIA SEXUAL
Introdução
A ciência da Feitiçaria Sexual forma o arcano interno da Magia, oferecendo experiência direta de
estados de ser superiores e criando uma situação onde tanto o corpo quanto a mente podem ser
modificados. Esta transformação permite a manifestação da Vontade mais interna sem o
impedimento do ego. O processo de auto-iniciação como ensinado pelas escolas de magia sexual
não é fácil, envolvendo o recondicionamento do instinto sexual sendo totalmente alheio então às
demandas de condicionamento social, operando como uma máquina programada.
Os primeiros estágios dentro dos procedimentos da autoiniciação tântrica são os mais difíceis, pois
eles envolvem a superação da maior parte de apreensões morais e preferências pessoais que
todos têm, em favor de uma nova ética baseada na Amoralidade do Humano Superior. O objetivo
da iniciação tântrica é alinhar o corpo com o eu superior, para ativar os diversos centros
energéticos, ajustando-os para o que é conhecido como o "Animal"; uma criaturas obediente. Esta
criatura deve ser domesticada para obedecer os comandos do Eu (Self) sem distinção ao gosto
pessoal. O eu superior ou 'anjo' realiza seus comandos através da mente treinada ou Adepto e é
importante para esta mente ser clara e analítica bem como aberta e intuitiva. Estas três funções, o
Animal, Adepto e o Anjo são os três A da Magia Sexual. O Animal deve ser forte e obediente, o
Adepto deve ser inteligente e refinado e o Anjo deve ser Pura Vontade e nada mais.
Primeiros Passos na Iniciação Tântrica
Barreiras Psicológicas
O primeiro estágio na iniciação tântrica é explorar seu próprio entendimento da sexualidade e
chegar a uma nova compreensão de como você se relaciona com seu corpo e nas relações
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sexuais com os outros. É imperativo ao mago chegar a um entendimento de que os atos sexuais
são atos de Poder, não de dominação deste poder, como a sexualidade subutilizada da Era
Vitoriana, mas de poder despertando do próprio ato. Amor é um subproduto deste senso de poder
e pode realmente ser sentido apenas por aqueles cuja Vontade é centrada. Todos os outros atos
de sexualidade são simples evacuações do organismo. Conforme o mago explorar seu
entendimento da sexualidade, o conceito de bissexualidade deve também ser explorado. Para
muitas pessoas o conceito de homossexualismo parece repulsivo, ainda que possa ser
prontamente visto nos trabalhos da psicologia, especificamente no de Freud e Jung, que todas as
coisas são andróginas e um balanço dos arquétipos duais, principalmente feminino e masculino.
Conforme exploremos estes arquétipos a tendência é manifestá-los na personalidade, primeiro,
como uma tendência à androginia e, posteriormente, em direção a uma manifestação genital da
bissexualidade. O conceito da Criança Coroada do Novo Aeon também tange nisto quando
percebemos que Hórus é andrógino e aglutina os aspectos opostos de Ísis e Osíris dentro de seu
seio e os resolve com sua própria androginia. Este conceito não é para ser tomado como questão
dogmática, mas é posto em discussão como matéria de meditação e pensamento. Para preparar o
estudante para o processo iniciático da magia sexual, oferecemos os exercícios das páginas
seguintes. O primeiro é baseado no processo de redescoberta do corpo, aceitando-o como
ferramenta mágika. O segundo é uma visualização baseada no balanço do organismo e
estimulação de um potencial mais andrógino.
Concentração na Magia Sexual
Após os exercícios psicológicos básicos, o mago deve começar a trabalhar na habilidade de
concentração sobre uma certa imagem e firmar esta imagem claramente em sua tela mental. Esta
técnica não é simples visualização pois envolve a fixação da imagem claramente durante o ato
sexual. A tarefa central aqui é criar uma dicotomia entre a atividade corporal e a da psique, para
que enquanto pratica-se o ato sexual, qualquer que seja a forma que esta atividade possa tomar, a
imagem possa ser claramente fixada na tela mental sem qualquer interrupção.
O primeiro passo neste procedimento é experimentar técnicas masturbatórias, não controle o
corpo, deixe-se levar pelo processo físico enquanto concentra-se em algo mais. Obviamente,
demorará para se atingir o ápice, contudo, acontecerá no final! A chave durante este processo é
manter a mente na imagem escolhida. Você pode desejar, de primeira, começar com uma série de
imagens, mesmo uma história visual conforme a eficácia aumenta, concentrando-se numa única
imagem e aprendendo a fixá-la durante todo o processo, especialmente permitindo a imagem ser
vista na sua mais resplandecente glória no momento do orgasmo.
Função de Múltiplos Orgasmos
A função de orgasmos múltiplos é um aspecto importante de muitos trabalhos tântricos avançados,
o potencial para tanto macho quanto fêmea atingirem isto está muito além do que a maioria das
pessoas imaginam. Por anos, especialmente após as revelações de Masters e Johnson, a
realização do potencial feminino orgasmático tornou-se bem conhecida. Mas podemos perguntar :
e como fica o macho ?
Nos anos 70 algum material tornou-se disponível a partir de pesquisas conduzidas num laboratório
de desenvolvimento na América. Foi tornada pública num artigo da revista Gnostica durante
Maio/Junho de 1979. A maioria dos leitores, contudo, não perceberam a importância desta
mensagem.
Após muita pesquisa foi descoberto que não apenas havia possibilidade de orgasmo múltiplo
masculino, mas que era possível se alcançar um estado de quase constante e contínuo orgasmo.
Este estado cobre um período de tempo tal que alguns homens seriam capazes de terem mais de
500 orgasmos contínuos, acompanhados por repetidas (mas não contínuas) ejaculações. Também
foi descoberto que há uma relação estatística entre a estimulação do lobo frontal, atividade criativa
e orgasmos múltiplos. Foi notado que um grande percentual de adolescentes rebeldes de alto QI
chegando ao final da adolescência estavam experimentando uma atividade do lobo frontal na
forma de criatividade avançada. Esta estava sendo, contudo, rejeitada pelo sistema social por
causa de ser causada sexualmente e tinha, em certos momentos, conotações sexuais incomuns.
Deduziu-se desta pesquisa que há uma relação direta entre estados superiores de consciência e
impulso sexual excessivo. Este impulso é notado na maior parte da literatura tântrica oriental e
ocidental e sugere haver um método de disparar estados alterados através de sua correta
utilização. Nós acreditamos portanto que é imperativo para o mago começar a experimentar
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técnicas de orgasmos múltiplos, estas são mais importantes do que simples exploração sexual,
pois abrem portas neurais do cérebro e tornam disponíveis experiências de estados alterados.
As técnicas de orgasmo múltiplo também formam um dos primeiros passos em direção ao
despertar da Kundalini e o desenvolvimento do complexo treinado Animal/Adepto para a
manifestação da Verdadeira Vontade. A maioria das mulheres tem compreensão de orgasmos
múltiplos pois elas não têm aquela obsessão que os homens têm de relacionar a ejaculação ao
orgasmo. A ejaculação é apenas um aspecto do orgasmo mas certamente não o fim requerido.
Trabalhando incansavelmente através dos seguintes procedimentos sugeridos, é possível atingirse
uma experiência de orgasmos múltiplos e um estado de "Nirvana Orgasmático" :
1. Comece avaliando seu estado emocional, localizando quaisquer barreiras que impeçam um bom
orgasmo. Muitos homens ainda sentem culpa relacionada às questões sexuais, tente resolver
estas questões. (Se elas não puderem ser facilmente resolvidas, pelo menos torne conhecida sua
existência para si mesmo.)
2. Crie um estado mental de satisfação, entenda que você não tem necessidade alguma de sentirse
retraído ou culpado, crie uma paisagem de energia positiva pessoal, sinta-se relaxado e
esperançoso, sinta uma força e vontade internas.
3. Procure o orgasmo, tanto sozinho quanto com um amigo(a).
4. Conforme seu orgasmo se aproxima, o que parece ser seu clímax, deliberadamente abandone o
controle da consciência, permita-se ser absorvido pelo orgasmo, dissolvendo os limites de seu ego
na experiência orgásmica.
5. Neste ponto assegure-se de não voltar ao seu estado de pensamento normal, permita-se fluir
com esta nova sensação, esqueça o passado, presente e futuro e EXPERIENCIE.
Se você se deixar levar, você começará a experimentar uma continuação do espasmo orgásmico.
6. Após a primeira experiência de orgasmo múltiplo, as coisas tendem a tornarem-se mais fáceis
no processo.
Entretanto, deve ser lembrado que a chave está em deixar-se levar, deixar o ego esvair-se, com
suas restrições acompanhantes e experimentar o orgasmo pelo que ele é.
Um completo estado corporal alterado de magnífico potencial.
A MEDITAÇÃO DE ÁTUM
1. Sente-se pacificamente e entre num estado de profundo relaxamento.
2. Remova as roupas, ao mesmo tempo meditando na remoção das barreiras mentais.
3. Medite na Declaração de Átum.
(Declaração Pirâmide 527)
"Átum foi criativo em proceder na masturbação solitária em Heliópolis, ele pôs seu pênis em sua
mão para poder obter o prazer da ejaculação pela qual havia nascido irmão e irmã, isto é, Shu e
Tefnut, a criação do mundo em termos humanos."
4. Medite no balanço dos atributos internos femininos e masculinos, criado pelo uso correto do
orgasmo sexual.
5. Visualize suas barreiras sexuais sendo removidas e sua natureza como Vontade Verdadeira
sendo manifestada.
6. Comece a masturbar-se utilizando o mantram 'Humn'.
7. Visualize-se atingindo a beleza escura do espaço infinito, use qualquer gênero sexual que
preferir e improvise suas próprias imagens.
8. Prolongue o orgasmo por quanto tempo for possível.
9. Alcance o orgasmo e sinta-se libertando-se de suas inibições.
No momento do clímax, utilize o mantram 'Ghaa'.
10. Relaxe novamente num estado de silêncio meditativo e de iluminação.
MEDITAÇÃO DE ANDROGINIA ASTRAL
Esta meditação deve ser repetida por um período de tempo até que a eficácia seja alcançada.
Levará mais tempo para alguns do que para outros.
1. Relaxe profundamente usando exercícios respiratórios.
2. Remova as roupas meditando na remoção das inibições.
3. Comece a masturbar-se visualizando alguém que te atraia sexualmente.
4. Conforme aumenta o ritmo masturbatório, troque o sexo da sua visualização. Transfira todos
seus pontos de atração para o sexo oposto ao de sua preferência normal. Por exemplo, veja as
belas pernas de uma mulher num homem, note o olhar, etc.
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Durante este processo tente aumentar a excitação ao invés de deixá-la esvair.
5. Prolongue a visualização da imagem. Se necessário, retorne para a primeira imagem e então
troque novamente para a segunda, continuando este "troca-troca" até que a segunda imagem
possa ser sustentada com excitação.
6. No orgasmo, libere-se. Permita com que sua excitação possibilite a aceitação de excitação de
uma fonte da qual no passado você não haveria obtido estímulo.
7. Continue este exercício até que você possa praticar usando imagens de ambos os sexos com
excitamento físico.
8. Transfira este experimento para a prática.
Exercícios Preliminares na Magia Sexual
Os seguintes exercícios têm o objetivo de levar o mago na experiência do uso da magia sexual na
atividade sexual rotineira.
O sexo é um sacramento e o corpo é nosso templo, cada orgasmo deve ser uma experiência de
força e poder internos.
Nos exercícios seguintes o mago começará a experimentar algumas das várias possibilidades
dentro da antiga arte do sexo.
Os exercícios estão divididos em três categorias :
1. Individual
2. Casal
3. Geral
Quando for especificado o uso de casal, eles podem ser de qualquer orientação sexual, entretanto,
a pessoa a trabalhar com você deve ser, pelo menos, concordante ao seu envolvimento com
magia, se não desejar experimentá-lo com você.
EXERCÍCIOS INDIVIDUAIS
1. Sente-se num estado meditativo, nu.
Medite no seu estado de nudez, chegue a uma experiência de como o corpo se sente, note
movimentos internos, sensações, note o efeito de elementos externos no corpo, a brisa que passa
e por aí vai. Torne-se consciente de seu corpo e então prossiga.
2. Experiencie seu próprio corpo.
Explore as várias áreas de seu corpo com cuidado e curiosidade, usando óleo ou creme passe
suas mãos por todo seu corpo e experiencie-o plenamente.
Explore as fendas conforme você se torna sexualmente estimulado, explore seu orgasmo sexual,
leve-se vagarosamente ao orgasmo experienciando seu corpo e atingindo uma melhor
compreensão de suas ações e reações.
Termine a sessão com um longo banho relaxante.
3. Sente-se num estado meditativo.
Comece a vibrar palavras de poder, comece com, talvez, Aum e então prossiga para palavras
como Thelema, Agape, Abrahadabra, etc.
Vibre estas palavras, cante estas palavras, adentre numa experiência sonora, varie a altura do
som e mova a vibração. Sinta o som sendo transferido do órgão para o orgasmo, experiencie-o
como um estimulante sexual e use o som em conjunto com a masturbação para aumentar a força
do orgasmo.
RESPIRAÇÃO E MANTRAS NA EXPERIÊNCIA SEXUAL SOLITÁRIA
1. Sente-se com a cabeça reta e o abdome vazio, a espinha deve estar ereta e a mente alerta,
mas relaxada.
2. Inspire pelo nariz, preencha os pulmões completamente, visualizando os mesmos cheios de
Fogo Cósmico.
3. Expire todo o ar usando os músculos do abdome e o diafragma, sinta o fogo deixando o corpo,
embora reste um resíduo nos pulmões.
4. A respiração deve ser rítmica, contínua e cíclica, sentindo que o resíduo ígneo aumenta a cada
ciclo.
5. Conforme o fogo aumenta, assegure-se de manter a respiração num ritmo calmo.
6. Sinta o fogo acumulado explodindo pelo corpo estimulando todos os órgãos, especialmente
aqueles de natureza sexual. Continue até que um estado de tensão e êxtase sexual intervenha,
dando seqüência ao mesmo com um mantram específico e o ato sexual.
OS MANTRAS MURMURANTES
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Humm... primeiramente baixo e então aumentando a altura, sinta o corpo tornando-se vivo com o
som monótono. Aumente a sensação durante a experiência sexual.
Um procedimento para os mantras murmurantes poderia ser assim :
1. Pressione a língua contra o céu da boca, aperte o abdome para dentro e para cima.
2. Comece a murmurar suave e calmamente, aumentando em ritmo e volume.
3. Aumente o som até que todo seu corpo pareça vibrar num estado extático. Prossiga com a
experiência sexual.
Mantras específicos devem ser usados em conjunto com os procedimentos dados. Alguns mantras
murmurantes orientais excelentes são :
Humn / Yungm / Ghaa - Mantras usados para rejuvenescimento sexual.
Humn / Ghaa - Humn é para ser usado no congresso sexual e Ghaa para o orgasmo.
Hunga - Este mantram estimulam o chakra básico.
Linga - Este mantram estimula as emoções através do chakra cardíaco.
OS MANTRAS SONOROS
Comece com os mantras murmurantes e então conecte os sonoros com os daquela natureza. Por
exemplo, você pode ouvir um som de abelha enquanto murmura, portanto oriente a sonorização
para sons de abelha.
Flua com as variedades de som e você se pegará experimentando um largo espectro de estados
alterados e experiências.
Esta técnica pode ser adaptada para qualquer experiência sexual, contudo, maestria individual
deve ser alcançada primeiro.
EXERCÍCIOS EM CASAIS
Os três primeiros procedimentos esquematizados abaixo têm o objetivo de ajudar casais
desenvolverem concentração de uma ordem superior. A importância disto é criar uma dicotomia
entre o corpo e a psique para eles poderem controlar seus corpos enquanto suas mentes se
concentram na magia.
1. Criaturas Imaginárias
A. Sente-se de frente para seu parceiro, ambos nus.
B. Induza um estado de relaxamento.
C. Pare durante o ato e imagine um elefante cor-de-rosa passando, enquanto ambos viram-se para
vê-lo, continue com o ato sexual, evitando conversar.
A chave aqui é que a atenção está no elefante, não no ato sexual.
2. Conversação
A. Faça o mesmo que no exercício um.
B. Agora, no entanto, vocês devem iniciar uma conversa e mantê-la duma maneira coerente até
pouco antes do orgasmo.
C. No orgasmo, pare a conversa e jogue-se no orgasmo como se você tivesse disparado um
segundo reflexo.
3. Exercício Humorístico
Use as mesmas técnicas mas agora faça uso do humor numa tentativa de afastar o foco para a
psique e permitir que o corpo trabalhe automaticamente.
ROTINA SEXUAL PARA NOVE DIAS
Primeiro Dia
- Um centímetro de penetração, conservando-a desta maneira.
- Atinja o orgasmo por exploração corporal e masturbação.
- A penetração não deve ser mais profunda do que especificado.
Segundo Dia
- Como no primeiro, exceto que agora deve-se manter o pênis ereto e em posição por dez minutos
ininterruptos.
- Não atinja a ejaculação.
Terceiro Dia
- Sem atividade sexual.
Quarto Dia
- Como no segundo dia.
Quinto Dia
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- Use masturbação acompanhada por meditação na União Cósmica de Therion e Babalon (Shiva e
Shakti, ou qualquer equivalente que preferir).
Veja seus papéis refletidos no interior de um e do outro e nos seus interiores.
Sexto Dia
- Faça como no primeiro dia, mas mantenha a posição por pelo menos meia hora e no máximo
uma hora.
Sétimo Dia
- Realizem o congresso sexual meditando na sua união como a união das duas metades que
existem dentro de cada um de ambos.
Oitavo Dia
- Como no sétimo dia, mas explorando orgasmo múltiplo.
Nono Dia
- Retorne para a atividade "normal".
O Procedimento do Congresso Sexual
Durante os dias sete e oito o seguinte procedimento deve ser usado. Pode também ser explorado
durante a prática diária do sexo.
1. Entre em relaxamento profundo.
2. Visualize ambos como encarnações da formas de deuses escolhidos (Therion e Babalon, Shiva
e Shakti, etc.)
3. Vibre energia através dos chakras, concentre-se no chakra básico.
4. Vibre o mantram 'Humn'.
5. Aumente o som do mantram conforme começar o intercurso.
6. Penetre com o som de 'Humn' sendo aumentado. Alcance o orgasmo com o mantram 'Ghaa'.
7. Retorne para o estado de relaxamento.
Conclusão
Todos estes exercícios formam os passos preliminares na Magia Sexual. Experimente-os, torne-os
seus. Através destas experiências você deve ter uma idéia do potencial do organismo humano
quando usado com intenção mágika. Conforme progredirmos, serão delineadas as técnicas
avançadas e serão dados os procedimentos de como a magia sexual pode ser usada para otimizar
e acentuar a maior parte das operações mágikas. Lembre-se sempre que o corpo é um Templo
vivo e os órgãos sexuais, seu altar.
Para alguns Magos, o uso do corpo pode levar algum tempo, isto é comum. O processo da Magia
Sexual pode ser usado por todo Mago não importando o tamanho, a forma ou antecedente
pessoal. Os Mistérios da Magia Sexual trabalham pelo seu próprio poder interno e todos os magos
os acharão eficazes. Parecerá difícil, para a maioria, num primeiro momento, de diferentes formas,
mas conforme a experiência acontece e se desenvolve, os medos cairão e uma nova força interior
ascenderá...e este é o começo da iniciação.
Capítulo 5
OS MISTÉRIOS DA FÊNIX
O Simbolismo da Fênix
A Fênix era o pássaro simbólico do retorno, representando vários ciclos de tempo como ensinado
nas antigas escolas de mistérios. A Fênix era a constelação na qual Sothis (A Estrela de Set) era a
estrela principal. Como uma constelação provavelmente correspondera à de Cygnus e Aquila, a
Águia. Tanto o cisne quanto a águia eram representações de Bennu ou pássaro do retorno. Estes
podem ser encontrados representados nas tradições mais antigas de formas similares. a Fênix dos
romanos era a Águia, enquanto que a alternativa dos Hindus e Sumérios (Yezidi) foi o Pavão.
De acordo com Plinius, a vida da Fênix tem direta conexão com o ano maior do ciclo de
renovação, a duração deste ciclo, no qual as estrelas e constelações retornam a suas posições
originais, varia de acordo com diferentes autoridades. Um prescreve um período de 666 anos,
outro, de 1461 anos, sendo este período o específico do ciclo de Sirius. Heródoto afirma que a
Fênix ressurge a cada quinhentos anos, dando ele, portanto, este número como a duração do ano
maior de retorno cíclico.
Os adoradores de Set eram os astrônomos mais eruditos do Antigo Egito, havendo rumores de
eles terem sido os construtores da Grande Pirâmide. Eles estavam informados do ciclo de
recessão e calcularam-no como um período de 52 períodos da Fênix, sendo cada um destes de
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quinhentos anos. Portanto, de acordo com o Sacerdócio de Set original, o Grande Ano tinha 26 mil
anos.
A Fênix era conhecida como "A Dupla Trilha", a ave do retorno e a eterna vindoura e, como tal, era
representada na Ordem da Aurora Dourada (GD) como o Mestre que empunhava a vara da Fênix.
Este título específico é também mencionado no terceiro capítulo do Livro da Lei e é de relevância
específica como expressão da fórmula dinâmica de Thelema e Agape na magia sexual moderna.
No Egito, a ave Bennu ou Fênix era representada pelo Heron ou Falcão e sendo que o falcão
dourado era visto como o veículo solar e fálico de Hórus, podemos ver a relação direta com a
mensagem do Livro da Lei e a comunicação de Aiwaz.
A Fênix era escolhida como um glifo do Cajado Duplo (Double Wanded One) porque simbolizava
retorno cíclico ou aeonico. O Aeon renova-se como a Fênix e portanto a relação entre estes dois
conceitos dá algum crédito a uma mensagem interna por trás de Thelema. A mensagem interna
está baseada no fato de que o primeiro herói celestial não foi o Sol, mas o conquistador do fogo
solar, representado pela estrela Cão (Canis) não apenas como um Senhor do Fogo mas como um
governante do fogo. Portanto, quando o Sol achava-se no signo de Leão e o calor africano estava
perto do intolerável, Set como a Estrela Cão ou Set/Hórus (Orion) ascendia. E então quando o Sol
atingia sua altura máxima e começava a declinar, a Estrela Cão de Sirius e os gêmeos Hórus/Set
(Orion) eram adorados como conquistadores das causas de tormenta. O Deus Set que derrotou o
Leão do Sol e trouxe a cheia do Nilo era o arauto das transbordantes águas de Nuit que salvam as
terras de aniquilação.
Em termos esotéricos, Set é a besta que salta do sol ou Falo e ascende como a Fênix do dilúvio
das águas cósmicas que irradiam de Nuit através do abismo em direção aos mundos ou
dimensões mais baixas. Crowley restaurou a tradição Draconiana mais antiga e o culto sem nome
que se espargiu além dos Aeons e trouxe a humanidade para o limiar dos diversos ciclos
Aeonicos. Estes ciclos são preparatórios para a ascensão do ser humano, como uma Fênix, em
um novo estado de ser, o Homem Superior.
Para entender plenamente a mensagem do pássaro Bennu, devemos primeiramente examinar na
Qabbalah esta fascinante criatura e sua relação com a formação do Homem Superior e as
vindouras correntes de energia.
Análise Cabalística da Fênix
Antes de podermos entender verdadeiramente as atividades da Fênix como a ave de dupla vara na
Árvore da Vida, devemos estruturar a Árvore duma maneira que nosso conjunto de imagens seja
coerente dentro desta forma de simbolismo.
Primeiramente, dividamos a Árvore em três formas de correntes de energia: Estelar, Solar e Lunar.
1. Forças Estelares :
Substância Raiz : Set, Nuit ou Ain.
Força Oculta : Hadit ou Kether.
2. Forças Solares :
Substância Raiz : Therion ou Chokmah
Aspectos Planetários : Hórus / Set (modo superior de Tipheret)
Osíris / Typhon (modo inferior de Tipheret)
3. Forças Lunares :
Substância Raiz : Babalon ou Binah
Aspecto Planetário : Ísis / Hecate ou Yesod
Este sistema de divisão formula a Árvore da Vida de tal modo que reflete as formas trinas de Força
Cósmica. As Forças Estelares irradiam dos Supernais e usando a substância raiz de Therion e
Babalon formam as correntes Solar e Lunar na Árvore. A corrente Solar é formada pela Cruz
Circular Cósmica, sendo a força de Tipheret dividida em quatro pólos :
A Metade Superior é composta de Hórus e Set em seus modos solares. Eles recebem as forças
das Supernais e as irradiam para os mundos inferiores via esfera Lunar.
A Metade Inferior é composta da egrégora solar (ou mente-grupo) deixada pelo Aeon passado, é
sombreada pelas forças do topo, mas ainda tende a influenciar a radiação da força.
Esta dualidade Topo/Fundo traz à mente a necessidade imperativa de reavaliar e reinterpretar os
ensinamentos do velho Aeon sob uma nova luz ao invés de rejeitá-los duma só vez.
19
Esta ação redime as energias do centro inferior de Tipheret e alinha-as com a nova corrente.
Embora energia seja irradiada de Binah nas esferas Lunares, a maior radiação de força no centro
Lunar é através da Cruz Circular Solar.
Esta radiação é importante pois focaliza o mediante de energias no Centro Sol da Criança Coroada
e é nesta localidade que o mistério da Fênix começa.
Irradiações de Energia
As energias irradiadas dos Supernais entram em Tipheret através das águas do Abismo, aqui a
energia é filtrada e adaptada e aquelas vibrações afins com a esfera Lunar são irradiadas através
dos Caminhos para o vórtice Lunar. Estes centros de irradiação energética estão no centro de
Tipheret, a Criança Solar ou Hórus, que forma o glifo externo da Fênix. Hórus ou Heru-Ra-Ha é o
Senhor do Duplo Cajado, cuja imagem exotérica é solar em orientação. Entretanto, esta é apenas
uma aparência, a verdadeira natureza da Fênix é encontrada dentro dos aspectos mais escuros
deste ícone. Por assim dizer, sua natureza real é Ain ou Set.
Isto é óbvio na imagem do Pavão como usada pelos Yezidis Sumérios. A Fênix suméria era
simbolizada pelo Pavão, pois cada uma de suas penas contém um "olho". A numeração de "olho"
é setenta ou Ain.
A Fênix em todas suas formas, é o distribuidor central de energia da Árvore da Vida, suas formas
estendendo-se por toda a criação através de Hórus e para o Nada através de Set. Sua forma,
então, cria uma ponte entre os ciclos a partir da manifestação em direção à dissolução.
A Ressurreição da Fênix
Em mitologias antigas, a Fênix lança-se sobre as cinzas de civilizações caídas para nascer
novamente. Esta imagem forma o aspecto mais importante da análise cabalística do pássaro
Bennu. Conforme manifesta-se o Novo Aeon e as forças de Set irradiam-se mais forte do seio de
Hórus, a Fênix ergue-se de seu local em Tipheret e move-se para os mundos superiores, e
conforme ocorre este movimento, a onda de vida é arrastada através do Abismo e os escombros
da civilização caída são deixados para trás. Conforme ascende, suas asas englobam Babalon e
Therion, que são então unidos em seu peito como Baphomet, Pan, Hadit ou Kether (andrógino).
Aqui, agora, Hórus torna-se o Senhor da Criação e, ainda, o ciclo não está completado. Hórus
como Hadit afoga-se na eternidade de Set (Nuit) e o Universo retorna para o sono cósmico
(Pralaya). Apenas aqueles que entraram na Fênix podem alcançar o Presente de Set, apenas
aqueles que se tornaram imortais através do poder da Vontade podem atingir o Dom da
Verdadeira Vontade. Este processo envolve um pleno entendimento de práticas esotéricas da
Fórmula da Fênix.
Aspectos Esotéricos da Fênix na Magia Sexual
Para questões de fisiologia a Fênix é conhecida como "A que retorna" e era representada pelo Íbis,
que era o veículo de Thoth, o Deus da Magia e da linguagem escrita e falada. De acordo com
Plutarco, o íbis instruiu a humanidade na lavagem anal, que a própria ave realizava com seu bico.
Este fator é imperativo a respeito da aplicação da fórmula da Fênix no décimo primeiro grau da
OTO e o grau de Epsilon dentro do sistema da Astrum Argum. Este grau envolve o reverso do
processo copulativo "normal".
É válido saber que os Altos Sacerdotes do Egito conhecessem o Pássaro Bennu ou Fênix, e
nenhum outro, como o portador da essência vital, conhecida como "Trilha", sobre a qual dizia-se
originar numa região secreta e inacessível. A "Trilha", em inglês 'Hike', pode ser igualada à Hekt
egípcia, à Hecate grega e à germânica Hexe, portanto, podendo se ver os poderes mais obscuros
da fórmula.
Crowley assumiu o título de Fênix ao alcançar os graus mais altos da OTO, mas apenas
internamente à ordem. Em público, ele tomou o título de Baphomet. Estes dois combinados dão
informações avançadas da fórmula. Num texto de caixão antigo do Egito, o Livro dos Mortos, a
alma Triunfante exclama...
"Eu venho da Ilha de Fogo, tendo preenchido meu corpo com a Trilha, como aquele Pássaro que
preencheu o mundo com aquilo que não conhecia."
Crowley descreveu a Fênix de Thelema como aquela que irá surgir dos escombros da civilização,
num breve mas potente trabalho entitulado "O Coração do Mestre" (The Heart of the Master). Aqui
vemos a mistura de ambas a fórmula da Fênix e seus papéis no progresso cabalístico pelos
Aeons. De acordo com Heródoto (Livro 11:58), os egípcios celebravam o retorno anual da estrela
Sirius com ritos caracterizados por cópula anal (algum tempo depois, corrupções apareceram e
20
celebrações com cópula bestial também eram usadas). Crowley, estudando a fórmula anal,
descobriu seu uso em arcanos ocultos de magia e ensinou-os como os Mistérios do décimo
primeiro grau da OTO (Epsilon). Esta fórmula permaneceu mais poderosa do que outras
alternativas devido ao seu uso especial e simbólico com membros de cada sexo, mas
especialmente em atividades homossexuais.
O deus oculto, Set, representado por Sirius, a Estrela Cão, tipificou esta fórmula peculiar dos
Mistérios. É neste sentido que Crowley, em conclave secreto com Frater Achad, assumiu o título
esotérico de Fênix em 1915. Sendo a Fênix a ave do retorno cíclico, que administra sua própria
cloaca, é portanto um símbolo importante de ambos aspectos, místico e físico, dos Mistérios. Dion
Fortune nota que Vênus ou emoção é finalmente transcendida em Sirius e portanto, vemos a nova
forma de "Love Under Will" (Amor Sob Vontade) expressa na fórmula da Fênix. John Mumford, um
expert neste campo, tinha o seguinte a dizer em seu livro "Ocultismo Sexual" (Sexual Occultism) :
" A tradição secreta do Tantra Mágiko ensina que o ânus é uma zona erógena ultrasensível,
diretamente ligada ao Muladahara, o chakra básico. Oculto dentro da base do chakra enrolado e
enroscado, como uma mola, jaz o poder primal do sistema nervoso, manifesto como a deusa
serpente, Kundalini.
A palavra 'esfíncter' significa um nó ou faixa e é derivada da mesma raiz grega de Esfinge, a besta
mitológica, epítome dos mistérios ocultos. O mestre do sexo tântrico abre o esfíncter anal de sua
Shakti, solucionando então o enigma da Esfinge."
O intercurso anal é um método específico de despertar a Kundalini. Uma referência ao texto de
anatomia de Gray revela a existência de uma glândula oval irregular entre a parede retal e a ponta
do osso caudular ou cóccix, chamada "o corpo coccígeo", embora sua função seja desconhecida
para o fisiologista ocidental. Em Magia Sexual é conhecida como a "glândula Kundalini". A ativação
sexual desta glândula é direta e rápida através da dilatação do esfíncter anal com um efeito reflexo
consequente sobre os dois ramos do sistema nervoso autônomo. Além de alterar o sistema
nervoso autônomo, o intercurso anal resulta em ejaculação de sêmen no reto que nutre a glândula
Kundalini e desperta os fogos internos.
Trabalho Astral e Fisiológico da Fênix
O mago deve gastar seu tempo assumindo a forma da Fênix, este trabalho começará a realizar
muitas mudanças na consciência e na atitude psicológica. Conforme o mago cria a imagem astral
ele deve desenvolver uma atitude mental específica em conjunto com sua assunção, todos os
aspectos da vida devem ser vistos como escombros diante da Fênix. Conforme a imagem surge na
tela mental as ocorrências da vida rotineira diária e as memórias e imagens que relampejam pela
mente devem ser vistas como escombros abaixo da Fênix ascensa. A combinação de visualização
e atitude mental devem ser continuadas em relação à outra fórmula da Fênix.
A assunção ritual da forma da Fênix deve também ser realizada, os braços devem ser vistos como
asas, a boca como o bico e assim vai até que tenha ocorrido uma transformação total na tela
mental. Estes processos devem ser praticados até que um alto grau de eficiência tenha sido
atingido, podendo então ser seguidos pela Missa da Fênix.
A Missa da Fênix
A Missa da Fênix é um ritual simples que afirma a identidade do mago como a Fênix / Humano
Superior, o que ergue-se acima da vida para se tornar mais que humano. Deve ser realizada
regularmente, mas não freqüentemente e com fortes exercícios preliminares. A receita para os
pães de luz é encontrada no terceiro capítulo do Livro da Lei.
O uso de sangue dentro deste rito é importante por mostrar os ciclos de criação e dissolução, o
eterno ciclo de recorrência que o mago percebe e do qual se liberta.
Uma variação deste ritual é fazê-lo apenas com sêmen ou fluidos sexuais. É uma boa idéia
experimentá-lo de ambas as formas por um período de tempo, meditando na natureza da vida em
suas variadas formas tais como sofrimento e alegria, como recorrência eterna e como força
imortal.
Conclusões
A Fênix é um símbolo vivo e potente do desenvolvimento humano dentro do Aeon de Hórus. Junta
uma larga amplitude de simbologias e práticas, sugerindo tanto o mistério do intercurso anal e a
transformação da Árvore da Vida no contexto Aeonico. O uso pessoal e iniciático da Fênix como
um símbolo do Humano Superior e como uma fórmula prática é central para a Magia. Contudo,
será de muito trabalho e prática a plena integração da energia da Fênix.
21
Assim como a Fênix ascende, nós também podemos ascender sobre as ruínas da vida superficial
e do pensamento diário para o santuário escuro da eternidade da Vontade, onde a Fênix governa
num ninho de fogo escurecido no qual os limites de nossas mentes e corpos são queimados e a
Pura Vontade, imortal, perfeita e livre de propósito é forjada
Capítulo 7
O CIRCUITO PSICO-SEXUAL
Introdução
O organismo humano é uma árvore da vida e do conhecimento, é um mecanismo que funciona de
acordo com a antiga fisiologia da Feitiçaria Sexual. Muitas descobertas modernas da sexologia
atual são realmente apenas redescobertas do antigo arcano sexual dos mistérios que foram
ensinados simbolicamente por tempos imemoriais.
O Circuito Psico-Sexual é a estrutura do organismo como entendido pelos magos sexuais, é uma
compreensão que vai além do conhecimento da ciência moderna e engloba visões tanto físicas
quanto parafísicas dos Mistérios.
A fisiologia que é delineada neste capítulo deve ser estudada com diligência, pois forma a base
pela qual a magia sexual opera. Assuntos como as Kalas e o Amrita podem apenas ser entendidos
se este circuito psico-sexual é adequadamente compreendido de antemão.
"O adepto deve identificar-se com seu corpo e transformá-lo, pois o corpo é a ligação entre o
cósmico e o terrestre. Como a extensão material da expressão psíquica, o corpo brilha, irradia e
anima-se na alegria de ser ele mesmo."
Sir John Woodroffe
O Circuito Psico-Sexual Humano
A configuração psico-sexual humana é um Tarot vivo. Embora, no passado, este termo tenha sido
usado exclusivamente a respeito das
Chaves dos Mistérios (as cartas do Tarot), tem um significado mais avançado na forma de um
circuito de eesência. O termo Tarot pode, pela Temurah, ser entendido como Lei (Torah), Roda
(Rotah) e Essência (Taro). Estas definições quando conjuntas sugerem que o Tarot é a Roda da
Essência. Este conceito de um ciclo de manifestação pode ser aplicado tanto num sentido
ideológico, como nos 22 Arcanos Maiores do Tarot, e num sentido psicológico, para o Tarot vivo
dentro do corpo humano.
O corpo humano é um sistema intrincado de forças interconectadas, é coberto por milhões de
meridianos e linhas de energia, que se interligam para formar tanto os Marmas quanto os Chakras.
Estes são ligações vitais com o fluxo de energia sexual dentro do organismo e oferecem as chaves
de como opera a Magia Sexual.
O Marma Ajna Psico-Sexual
Este é o primeiro Marma e está localizado no Ajna Chakra, entre as sombrancelhas. A atribuição
cabalística para este Marma é a letra Ayin ou setenta. Sua atividade é a do Olho de Shiva, quando
o olho se abre o mundo de aparências e ilusões desvanece e a realidade é experimentada,
algumas vezes em sua brutal totalidade. Esta experiência pode ser de extrema intensidade e é
apenas para os que estão preparados (veja 'A História do Grande Deus Pan' de Arthur Machen
como exemplo). Está relacionado astrologicamente com o signo de Capricórnio por simbolizar a
experiência de Pan, a visão da integridade e unicidade de todas as coisas.
O Marma Psico-Sexual Qoph
O segundo Marma está localizado na nuca, sendo o trono cerebral da atividade sexual dentro da
espécie humana e é atribuído à letra hebraica Qoph, de número cem. Esta enumeração pode ser
entendida como a união do P (Phalus, falo em grego), 80, com o K (Ktéis, vagina em grego), 20.
Qoph é atribuída à esfera lunar e este centro está envolvido com as secreções que estimulam o
impulso e o desenvolvimento sexuais.
O Marma Psico-Sexual Visuddha
O terceiro Marma está oposto ao Qoph e está localizado no Chakra Visuddha, o centro laríngeo.
Sua atividade em magia sexual é emanar a palavra (Logos) que é criada pela interação dos
centros Ajna e Qoph. Esta união de Vontade e Vibração cria o Logos que é manifesto em Daath,
ou seja, a garganta. Esta atribuição difere da Qabbalah moderna mas é imperativa para um
entendimento do circuito psico-sexual.
Esta interação entre os Marmas Ajna e Qoph no Visuddha é central para uma compreensão da
fixação da força sexual. A Gematria de Ayin e Qoph prova ser informativa : Ayin + Qoph = 170
22
170 é o número dos gigantes ou Nephilim. Os seres que são criados pela Vontade sozinha e que
podem ser comparados aos Titãs da mitologia grega. Eles são seres de puro Logos; formulações
da Vontade que são criadas pelo Eu (Self) em Ayin através das forças sexuais de Qoph e
manifestas no Visuddha.
"...e a palavra transformou-se em carne."
Evangelho de João, capítulo um.
Os Marmas Psico-Sexuais das Palmas
Estes marmas encontram-se nas palmas das mãos, mas são tratados como um só marma no
circuito geral. Eles estão atribuídos à letra Kaph e cada palma tem o número 20. As palmas são
usadas para focalizar p fluxo de energia com o circuito. A esquerda é negativa e a direita é
positiva, embora isso possa variar de mago para mago.
Juntas, as duas palmas dão o número 40, que por Gematria significa o Libertador e Leite, ambas
referências aplicam-se para o uso das mãos para liberar fluidos sexuais durante rituais tântricos.
Outras referências relacionadas incluem a Mão do Eterno e Mem, que pode ser definida tanto
como sangue, fluidos (sexuais) ou vinho, todos novamente enfatizando o papel das mãos como
libertadoras de secreções.
O Marma Psico-Sexual Genital
O quinto marma psico-sexual é os próprios órgãos sexuais, atribuídos a Ayin, de número setenta.
Os órgãos são o segundo Olho e representam o esconderijo secreto da serpente (Kundalini).
Este número setenta pode também ser aplicado para LIL (noite) e SVD (segredo), ambos
relacionados com esta zona psico-sexual como originadora dos Kalas, as secreções noturnas que
sempre fluem ou Ain (Kali / Nuit). Setenta também é o número de CHBS ou Estrela, isto está
implícito na mensagem "o Khabs está no Khu e não o Khu no Khabs" do Livro da Lei. Esta
mensagem codificada refere-se ao fato de que a essência das estrelas não é encontrada na
eternidade do espaço, mas nas secreções sexuais da Estrela encarnada como entidade.
Uma implicação mais avançada a respeito deste Marma é encontrada na palavra INN, que significa
vinho, representando o sacramento deste marma psico-sexual, que conhecemos como Amrita.
O Marma Psico-Sexual do Olho Secreto
O Olho Secreto é o Olho de Set e portanto, é o reverso dos órgãos sexuais. Também atribuí-se a
Ayin (70), entretanto, sua aplicação é na região anal e sua associação com a Kundalini.
Aqui, temos o ânus do bode como é visto no Sabbat das Bruxas e o mistério de SVD, que é o olho
do bode como visto na imagem de Baphomet encontrada nos ritos dos Cavaleiros Tamplários.
O Marma Psico-Sexual de Bindu
Este marma é o fogo interno, atribuído à letra Yod (10). Representa o Ponto Bindu, o ponto onde
os dois sistemas sexuais conectados unem-se para formar uma simbiose. Pela Gematria,
encontramos que dez está relacionado a Elevado, Planar e Janela. Todas estas imagens podem
se relacionar ao uso do calor sexual para ir além do organismo em direção às visões do espaço
interno.
O Circuito
Quando examinamos os sete marmas acima, chegamos a um ciclo de força psico-sexual, sendo
este ciclo composto de oito segmentos ou zonas. Se considerarmos as duas palmas como zonas
separadas, quando juntas com os outros centros formula-se um ciclo completo de 360 graus. Este
círculo é o ciclo interno de Aeons, sete embora oito, o oitavo sendo o final do ciclo no Ponto Bindu
de realização, este ciclo forma o ABRASAX interno, o senhor gnóstico de 360 graus. A Vontade
como criada e fortalecida pelo ciclo interno de Aeons e secreções.
O sistema numérico deste ciclo é :
AYIN (70) + QOPH (100) + KAPH / KAPH (20 e 20) + AYIN : órgãos sexuais (70) + AYIN : ânus
(70) + PONTO BINDU : YOD (10) = 360 graus
Os cinco graus restantes (para formar um ano) são os graus esotéricos do Círculo, os cinco dígitos
da Deusa. Eles são atribuídos a vários Deuses e Deusas e têm um uso específico tanto na ciência
macrocósmica de registro do tempo como na ciência microcósmica do corpo e suas correntes, que
é conhecida no oriente como Kalavidya, Este ciclo não é apenas encontrado na seqüência sexual
de marmas aqui descrita mas também dentro dos chakras gerais como encontrado na Kundalini
Yôga tradicional. Ambos sistemas, bem como as atribuições físicas da Árvore da Vida, interagem
como círculos numa grade cósmica, cada um forma um ciclo de manifestação e está envolvido na
Árvore da Vida animada que o corpo humano forma. Ao invés de a Qabbalah ser uma realidade
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separada de Sephiroth e Caminhos, é um corpo vivo, um sistema de experiência e possibilidade
internas.
No sistema tradicional de chakras o ciclo é composto de raios dentro de cada chakra, estes raios
representando as emanações dos pés da Deusa Primal após ela ter se elevado ao Shasrara
Chakra. Portanto, as emanações deste chakra são vistas como as da própria Deusa, ou em termos
mais adequados, do Eu e assim não são contadas no cálculo dos raios.
Ajna ChakraRegião Pituitária64 raiosVisuddha ChakraRegião Tiroidal72 raiosAnahata
ChakraRegião Cardíaca54 raiosManipura ChakraPlexo Solar56 raiosSwadisthana ChakraRegião
Genital62 raiosMuladahara ChakraRegião Coccígea/Anal56 raiosCiclo Completo360 raiosDentro
destes 360 graus existem outras divisões conhecidas como : Estelar, Solar e Lunar. Estas
relacionam-se aos três segmentos do ritual tântrico e aos três segmentos da coluna dorsal : Ida,
Susumna e Pingala. 118 graus são atribuídos ao Fogo (Estelar), 106 são atribuídos às influências
Solares e 136 à Lunar, os cinco restantes são portanto, mais uma vez, os dígitos secretos da
Deusa Kali (Ain).
Como será prontamente notado, as imagens ou formas de deuses usadas variam de acordo com a
tradição, Kali, Set e Nuit podem ser todos atribuídos a Ain e usados de acordo com trabalhos e
desejo ou inclinação.
Como pode ser visto acima, um sistema de atribuição pode ser formulado baseado nestes graus.
Estes podem ser interpretados de diversas maneiras: os oito segmentos ou marmas, até mesmo
os oito chakras, mais o Sahasrara chakra, trabalhando como um todo. Podemos até mesmo
relacionar com os oito trigramas do I Ching e quando multiplicados por si em 64 possibilidades do
Tao. Isto pode criar um ciclo completo por relacionar-se com a dupla Árvore da Vida (32 x 2).
Pode também ser entendido que em qualquer organismo há dezesseis aspectos sexuais, físicos e
etéricos. Portanto, em qualquer ato de união sexual há trinta e dois segmentos vivos, uma dupla
Árvore da Vida sexual. Quando estes Marmas são relacionados aos 16 Kalas ou secreções isso
pode ser ainda melhor entendido. O ciclo formado pelos hexagramas do I Ching é interessante,
pois a alquimia sexual chinesa é uma das mais intactas tradições sobreviventes do Tantra.
Ajna ChakraHexagrama LiSol e SolCentro QophHexagrama KhanLua e LuaVisuddha
ChakraTrigrama SunAr e ArPalmas Li e KhanReflete Ajna/QophÓrgãos Sexuais Quian / Kun Falo /
VaginaHexagrama TuiÁgua de ÁguaÂnusHexagrama GenTerra de TerraPonto BinduHexagrama
ZhenFogo de FogoEm consideração às diversas maneiras de intitular os Hexagramas, a lista
seguinte guiará o estudante que procura explorar mais profundamente. A pronúncia em parênteses
é uma alternativa de pronúncia por causa dos dialetos chineses.
LiHexagrama 30TipharethKan (Khan)Hexagrama 29YesodSunHexagrama 57DaathQuian
(Qian)Hexagrama 1KetherKun (Khwn)Hexagrama 2MalkuthTui (Dui)Hexagrama 58ChesedGen
(Ken)Hexagrama 52NetzachZhen (Ch'en)Hexagrama 51GeburahTabela de Marmas Psico-
Sexuais
1. Ajna chakra (Vontade)Ayin 70Olho de Shiva2. NucaQoph 100Origem da Força Sexual3.
Visuddha chakraAyin/Qoph 170Logos ManifestoA união de Ayin e qoph criam a energia de 170 no
Visuddha, este é o poder para criar os 'Nephilim' ou Gigantes Rebentos da Vontade, formações do
Eu puro ativado por meios sexuais e manifesto através do poder da 'palavra' mágika (Logos).
4. Palmas das MãosKaph 20cada Ativadores das Zonas Sexuais5. Órgãos SexuaisAyin 706.
Região AnalAyin 70O Olho SecretoAmbas zonas são atribuídas a Ayin e relacionam-se ao uso
mágiko dos órgãos sexuais, frontais e dorsais à Kundalini.
7. Ponto BinduYod 10O Ponto de FocoAqueles interessado em exploração mais detalhada do ciclo
psico-sexual podem querer estudar as correspondências na página 40. Elas estão baseadas numa
tabulação de Crowley e oferecem algumas introspecções (insights) interessantes sobre o ciclo
sexual e sua relação às Sephiroth.
A partir destes ciclos, vamos perceber que a Árvore da Vida é um ciclo vivente de essência e,
portanto, os Caminhos ou pontos conectores também devem representar fluxos de energia ou
secreções dentro do organismo. O estudo seguinte dos pontos conectores como secreções do
organismo vivo deve se lido em conjunto com as descrições dos Caminhos como letras hebraicas
e arcanos do Tarot, encontrados em sistemas da Qabbalah tradicional e outros sistemas de
atribuição.
OS CAMINHOS CONECTORES NA ÁRVORE DA VIDA COMO SECREÇÕES
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O padrão de Tarot formado pela Árvore da Vida humana é uma parte intrincada da Qabbalah
esotérica do Novo Aeon. Entre as Sephiroth vivas do corpo estão vários caminhos conectores ou
emanações que transmitem as secreções dos reinos trans-Kether de Ain para o organismo.
Estas emanações realizam a transformação gradual do corpo e da mente e podem ser entendidas
duma maneira peculiarmente tântrica com as atribuições mais tradicionais sendo comparadas e
manipuladas de acordo com o engenho do próprio mago.
A décima primeira secreção é aquela do Espírito Santo. O Santo intoxicado é simbolizado pela
respiração cósmica e pela águia de duas cabeças. É associado com o trigésimo terceiro grau da
maçonaria e tem uma conexão elemental com Akasha. O Ovo Negro ou chama desta secreção
pode também se relacionar a Sebek, o senhor crocodilo e a manifestação de Set.
A décima segunda secreção é aquela do Mestre de Maya e é governada por Hermes ou Mercúrio.
Ele é o senhor do Falo e entende o segredo dos pólos opostos, a Pomba e a Serpente e da Casa
de Deus (Beth). Seus poderes dualistas são a magia polarizada e apolar e ele controla todas as
formas de transmissão de energia.
A décima terceira secreção é aquela da Alta Sacerdotisa Lunar, a Deusa tripla em seu estado
virginal ou adormecido, a Ísis dormente, Artemís e Donzela. Ela é a essência e transmite os Kalas
de Plutão através das areias de Urano.
A décima quarta secreção é a Grande Mãe, a porta pela qual a manifestação é alcançada, ela é a
governante da magia polarizada e é representada na Alquimia Sexual pelo elemento do Sal. Seu
domínio planetário é Vênus, que é finalmente transcendido em Sirius, portanto, ela é Daleth, a
ligação entre os mundos.
A décima quinta secreção é altamente importante no Novo Aeon devido à injunção do Livro da Lei
de transferir os títulos do Imperador e da Estrela. Esta secreção é agora a Estrela de Aquário, as
secreções fluidas da Deusa que transforma o humano (Tiphareth) em Besta (Chokmah). A estrela
representa a fórmula do Khabs no Khu, onde a essência do espaço infinito é encontrada dentro
das secreções do organismo.
A décima sexta secreção é aquela do Alto Sacerdote dentro do culto do Humano Superior,
tipificado por Touro. Nos velhos cultos a besta era exterminada como sacrifício, hoje, o uso do
instinto animal alcança seu estágio mais alto de consciência.
O Touro traz a força da Besta 666 para a manifestação como o divino rei de Júpiter. O número
dezesseis também significa a secreção ou Kala secreto, que é o acúmulo dos quinze Kalas
anteriores, que vieram ao seu clímax dentro da Estrela (Kala quinze) e manifestaram-se no vórtice
do décimo sexto Kala, o Humano Superior.
A décima sétima secreção complementa e balanceia a da estrela da décima quinta e é usada pelo
Humano Superior da décima sexta. A décima sétima secreção é a dos gêmeos, governantes duais
de Zain, Hórus e Set. Portanto, nesta combinação de secreções nós começamos a ver a estrutura
do sistema do Novo Aeon.
A décima terceira, décima quarta e décima quinta secreções são a Deusa Tripla que é Virgem,
Prostituta e Mãe Sagradas. A décima sexta secreção é o Humano Superior, Taurus, o Touro da
Deusa, cuja forma externa é Hórus e cuja Vontade Verdadeira é Set e isso é novamente
reafirmado nos Gêmeos da décima sétima secreção.
Quando olhamos profundamente nos Mistérios destas secreções, vemos que Osíris era
simplesmente uma forma mais antiga de Hórus. Portanto, Hórus era tanto o consorte quanto a
criança de Ísis. Enquanto Set é Vontade Verdadeira de ambos, cuja mensagem não será
plenamente compreendida até que a mensagem de Maat seja anunciada em conjunto.
Portanto, os gêmeos não são apenas Hórus e Set, mas Set e Maat.
"Pois duas coisas são feitas e uma terceira é começada. Ísis e Osíris estão dados a incesto e
adultério. Hórus salta do seio de sua mãe com três braços. Harpócrates, seu gêmeo, está oculto
dentro dele. SET é seu pacto sagrado, que deve mostrar-se no grande dia de M.A.A.T. (cujo nome
é verdade)."
Liber A'Ash vel Capricorni Pneumatici, de Aleister Crowley
A décima oitava secreção é o impulso criativo e sexual do Mestre, balanceia o Humano Superior
da décima sexta, representando a força de Câncer ou Cheth. Câncer é o caranguejo e é usado
para simbolizar o caminho tântrico de Viparita Karani, indo para trás ou de lado (reversão dos
sentidos) para atingir uma finalidade mágika.
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A décima nona secreção é a Luxúria do Leão, que representa a semente da serpente que ativa a
porta de Daleth da Sacerdotisa. É atribuída a Teth, a serpente fálica.
A combinação de Daleth e da Semente da Serpente forma o Espermatozoon ou Elixir Sexual : O
Ermitão de Virgem.
A vigésima secreção é o Espermatozoon ou Eu Sexual do Ermitão, ele é o Rebento da Vontade; o
Eu Verdadeiro que é formado pela união das formas opostas da psique e do corpo, Babalon e a
Besta.
A vigésima primeira secreção é o Senhor do Karma, o Ermitão que foi formado pela Besta e por
Babalon e está trabalhando na iniciação do Humano Superior. Ele aprende a superar a onda de
recorrência eterna presente na roda eterna.
A vigésima segunda secreção é a de Libra, ajuste através da evolução do Eu além da recorrência
eterna, via Magia Sexual. O Mago alinha a realidade com a iniciação pela qual ele está passando,
sendo que esta ação detona a experiência do arcano do Enforcado.
A vigésima terceira secreção é a iniciação das Secreções Sexuais. O Mago cai no inconsciente
através dos processos da Magia Sexual e começa a retificar o que está contido dentro de seus
limites. Um dos métodos para se atingir isto está na próxima secreção.
A décima quarta secreção é Escorpião. Representa o orgasmo como uma "pequena morte". Sua
lição é o uso do orgasmo para programar a psique e a invocação do excesso sexual para
experienciar os limites da mente e do corpo.
A décima quinta secreção representa o uso da paixão animal para atingir um estado de Androginia.
Esta imagem é representada como o Sagitário ou Baphomet e conforme a paixão aumenta,
transforma o mago em experiências das Secreções do Bode.
A vigésima sexta secreção é a de Capricórnio, o Bode. Representa o uso de forte paixão animal
para quebrar a ilusão (tipificada pela imagem do diabo) e transformá-la em Vontade pura. O
produto disto é a manifestação do poder da projeção sexual como visto na próxima secreção.
A vigésima sétima secreção é a do uso do Falo como ferramenta de projeção. É atribuído a Marte,
mas não num aspecto negativo, representa o jato de sêmen, criando estrelas e imagens através da
programação do orgasmo. Também representa a ativação da Kundalini e sua ascensão pela torre
ou coluna vertebral, detonadas pelas práticas Delta.
A vigésima oitava secreção é atribuída ao Imperador e a Áries. Tem diversas aplicações, uma das
quais é o uso da tintura Vermelha, isto é, as secreções menstruais de uma Maga. Pode também se
relacionar ao uso de paixão excessiva ou luxúria extrema para superar barreiras e limites e atingir
o frenesi orgásmico da Torre.
A vigésima nona secreção é a da Lua. Está sob o governo de Qoph e portanto nossa discussão
prévia de Qoph deve ser considerada. É uma passagem especial conectada ao instinto e, às
vezes, até mesmo à transformação licantrópica.
A trigésima secreção é a do Sol, sendo o poder da aspiração e dos ideais que influenciam o fluxo
da energia sexual. Deve ser entendida em conjunto com a informação já discutida a respeito do
Ajna chakra. O produto da qual é visto no Logos ou palavra da trigésima primeira chave.
A trigésima primeira secreção é o Aeon, o arauto da Nova corrente. A mensagem do fluxo interno
de Aeon-Kalas trabalhando em conjunto com a eternidade da progressão temporal. Seu número é
31 e reflete a mensagem do Livro da Lei (LIber AL ou 31), enquanto que seu reverso é treze, a
Sacerdotisa da Estrela de Prata.
A trigésima segunda secreção é a da Manifestação. Tau em extensão, seu número é 440,
secreções movendo-se para a plena materialização. É tanto o primeiro passo nos Mistérios ou a
manifestação do Humano Superior na Terra. Tau é o sigilo do Deus Set e o ciclo está completado.
Notas sobre os Caminhos como Secreções
As secreções da Árvore da Vida biológica reúnem os vários métodos de interpretação a respeito
dos Caminhos. Quando unidos, eles criam um fluxo em forma de Mandala.
Há várias fontes para informação avançada : os vários livros de Kenneth Grant, tais como "Cults of
the Shadows", Cultos das Sombras, (Muller, 1975), entretanto, cegueiras deliberadas em muitas
de suas interpretações são infelizes.
Para ajudar na organização destes conceitos em um sistema coerente, a seguinte tabela dos
Caminhos das Secreções é feita para a exploração.
SUMÁRIOS DOS CAMINHOS COMO SECREÇÕES
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11. Espírito SantoSanto Intoxicado12. ChaosPomba e Serpente13. Alta SacerdotisaDeusa
Dormente14. BabalonDeusa Sexual15. EstrelaMãe do Espaço16. Homus superiorisKala Secreto,
Alto Sacerdote17. GêmeosSet e Maat18. Impulso CriativoPrincípio da Reversão19. Semente da
SerpenteImpregnação de Babalon20. EspermatozoonErmitão como Criança Cósmica21. Senhor
do KarmaControle da Realidade22. FugaLivrando-se do ciclo terrestre23. IniciaçãoExplorando o
Inconsciente24. OrgasmoThanatos absorvido em Eros25. BaphometAndroginia26.
CapricórnioExploração27. Projeção FálicaPaixão animal destrói a Ilusão28. Tintura
VermelhaExcesso de paixão29. LuaOriginador sexual30. SolAjna chakra31. AeonMensagem como
Logos32. Sigilo de SetManifestação ou começo.Combinações Especiais Válidas de Atenção
13, 14 e 15 : Tripla Deusa que é estimulada por
16, Alto Sacerdote : Quem ativa a décima sexta e
17, os Gêmeos manifestos na dualidade de Set e Maat, impulso criativo interno e externo (18, 19).
14, Babalon, que dá nascimento ao Rebento do Eu,
20, o Ermitão : as iniciações de quem compreende os caminhos
21 a 26, resultando na união de Ajna e Qoph (29, 30)
31, a declaração do Novo Aeon e
32, a Manifestação do Novo Aeon.
O Simbolismo da Mandala
Um dos mais antigos métodos de simbolizar o ciclo dos Kalas é encontrado na Mandala, esta jóia
visual, que embora desenhada em duas dimensões é na verdade de caráter tridimensional.
Embora nem sempre desenhada, magos avançados podem formá-la mentalmente. Mandalas
tendem a ser circulares em forma, focalizadas num ponto central. Normalmente são povoadas por
imagens de Deuses, Deusas e Espíritos dos mais diversos e são símbolos do circuito psico-sexual.
A mandalas mais antigas são encontradas nas escolas tântricas e delineiam os ensinamentos
sexuais com simplicidade. Um exemplo clássico é encontrado no Shri-Yantra. O Shri-Yantra é
baseado num triângulo invertido, no centro do qual há um ponto representando o Sêmen. O
triângulo em si é a vulva. Está contido em um triângulo de apontado para cima, que representa o
Falo. Novamente este é cercado por um triângulo apontado para baixo, que é cercado por um
triângulo apontado para cima, até completarem-se nove triângulos no desenho, normalmente,
sugerindo a interação da vulva e do falo no coito. A borda externa é coberta por imagens de lótus e
outras flores para criar uma proteção em torno da atividade ali contida.
A mandala das artes exemplificadas pelas figuras do Bon tibetano é normalmente criada de várias
zonas. São ocupadas por Senhores do Submundo, esqueletos, demônios, cenas tétricas e
amostras de cópula. Há muito em comum com as mandalas da adoração de Kali, que usam a
representação do sexo e da morte para alcançar a catarse de Eros e Thanatos.
A importância da mandala é ofato de que é uma máquina oculta, um aparato vivo que pode ser
usado para trabalhar as várias facetas do circuito psico-sexual de essência. As formas da mandala
podem variar de trabalho para trabalho...em trabalhos mais obscuros, as mandalas do Tibet e do
culto de Kali podem ser usadas, enquanto trabalhos com os Antigos (estilo do Necronomicon)
podem apresentar melhores resultados com Mandalas Trapezóides das tradições necromânticas
germânicas.
As mandalas são representações vivas do processo da magia, elas são bem sucedidas por sua
mensagem afundar rapidamente no inconsciente, perdendo a maior parte do mediador consciente
e alcançando seu objetivo sem impedimento. No ocidente, as mandalas sobrevivem na forma do
círculo sagrado, do disco, do anel e até mesmo no Ouroborus Cósmico, que está sempre
balançando sua própria cauda (Falo).
Na prática, a mandala é de significância por trazer juntas as várias facetas de um dado ciclo e
transmiti-las profundamente ao inconsciente. Ao contemplar um trabalho, crie uma mandala, antiga
ou moderna, para sintetizar os trabalhos e então, usando técnicas meditativas, programe o
inconsciente antes do trabalho, otimizando a qualidade e o poder do ritual.
Conclusão
Para concluir este capítulo, deixaremos você com um poema de um mestre do tantra moderno,
Dadaji, de suas séries póstumas :
"Na alquimia da yôga iluminadora, a servidão se rompe mas a alma sobrevive ao fogo.
Neste caminho nós exterminamos obstruções e vemos o vazio do desejo mundano.
Este é o caminho que você fez, não há volta, remorso ou lágrimas, mesmo se pesadas como a
chuva, não mais têm significado agora e você deve encarar a semente plantada, renascida mais
uma vez.
Em beatitude e alegria de profunda 'possessão de si mesmo' (samadhi), ainda que nada procure, é
apenas serenidade.
Então virá a realização suprema, que você é uma alma e que sempre esteve livre."
Capítulo 8
A NATUREZA DOS KALAS
Introdução
"Kalas. Tempo, essência, raio, divisão, dígito.
Um termo usado no Tantra para denotar a essência ou fragrância do Suvasini. Em seu sentido de
tempo, nossa palavra 'calendário' deriva de Kala, em seu sentido de essência ou vibração, nossa
palavra 'cor'.
Portanto, as flores da Deusa são seus Kalas."
Outside the Circles of Time (Fora dos Círculos do Tempo)Kenneth Grant (Muller, 1980)
O termo Kala é usado no vocabulário da magia sexual de duas maneiras distintas.
Macrocosmicamente, os Kalas são as emanações de Kali-Ain na forma de Aeons e ciclos de
evolução. Microcosmicamente, eles são as secreções produzidas pelos órgãos sexuais do macho
e da fêmea durante rituais sexuais esotéricos (estes rituais podem ser 'solo' ou com parceiros de
ambos os sexos).
Estas secreções são as flores do organismo, tradicionalmente, o termo Suvasini ou Dama de
Cheiro Doce tem sido usado para designar a Sacerdotisa dos Kalas. Contudo, este termo insinua
preconceito para com Shakti ou a Sacerdotisa encontrado em derivados do Tantra na Índia. O
Tantrismo verdadeiro é baseado no uso tanto das secreções masculinas quanto femininas, ambas
produzindo os Kalas ou flores da essência. O termo Kala é encontrado em muitas culturas, de
muitas formas, sua larga amplitude de significado insinua o poder esotérico de sua natureza. Na
África e no Egito o termo Ka significava a Sacerdotisa iniciada, derivando disto o termo Khu,
significando essência ou poder mágiko. Khu significando especificamente o alto, Qoph significando
Magia Lunar e em inglês Q, onde o O é a abertura e o \ é o falo.
A Natureza dos Kalas
Os kalas são, em termos simples, as secreções sexuais do mago, macho e fêmea, destiladas
durante os ritos de intenção tântrica. Estas secreções são raios ou flores emanando de Nox ou
Matriz de Ain encontrada no Sahasrara chakra e fluindo através dos vários chakras manifestandose
através das genitálias. Esta energia dentro do corpo é conhecida como Ojas, contudo, quando
manifesta através da saída genital é conhecida como Kalas ou flores da essência.
Os Kalas são quatorze no não iniciado e dezesseis no iniciado, quando corretamente ativados. Na
sexologia, quatorze destas secreções foram isoladas nos sumos vaginais e muitos nos fluidos
masculinos, contudo, os outros dois ainda estão a serem descobertos. Os Kalas são a
representação microcósmica de forças macrocósmicas da Árvore da Vida, cujos Kalas ou
Caminhos e Sephiroth irradiam-se de Kali ou Ain. No tantrismo Kali é vista como aquela cuja
natureza divide o tempo em Kalas ou vibrações, o fluxo e refluxo do universo é portanto
encontrado dentro bem como fora do organismo, todas as coisas sendo parte de um fluxo ou onda
primal.
Na mitologia primitiva, o pavão e o arco-íris eram vistos como imagens dos Kalas, as diversas
variações de cor (cor sendo a forma de Kalas no português) representando as vibrações de Nox.
Em alguns derivados tântricos, a fêmea era adorada como originadora das forças de Kali.
Entretanto, o mito tântrico mais antigo e autoritivo, o baseado em cultos tártaros, afirma que os
Kalas são encontrados em ambos os sexos e a Suvasini é a alta sacerdotisaque foi androginizada
pelo uso dos fluidos sexuais ou Kalas. Tempo e Kalas
1 comentários:
5 de setembro de 2009 às 14:29
Seu blog foi muito bem fundamentado teorico e espiritualmente. É muito didático e esclarecedor. Parabéns!
Entretanto, a foto da bruxinha no início, achei um pouco adolescente,apesar de ela ter um olhar ameaçador,mas denpende do tipo de público que vc pretende atingir.Enfim, seu blog é muito enriquecedor. Dill
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