Nenhum estudante jamais realizará qualquer progresso no
desenvolvimento espiritual se saltar de um sistema a outro, utilizando
ora algumas afirmações do Novo Pensamento, ora alguns exercícios de
respiração a posturas meditativas da ioga, para prosseguir depois com
algumas tentativas nos métodos místicos de oração. Cada um desses
sistemas tem o seu valor, mas esse valor só é real se o sistema é
praticado integralmente. Representam eles os exercícios calistênicos da
consciência, a têm por objetivo desenvolver gradualmente os poderes
mentais. O seu valor não reside nos exercícios em si, mas nos poderes
que despertarão se forem praticados com perseverança. Se decidimos
empreender nossos estudos ocultos com seriedade a fazer deles algo mais
do que leituras de entretenimento, devemos escolher nosso próprio
sistema a perseverar nele até chegarmos, se não ao seu objetivo final,
pelo menos a resultados práticos definitivos e à intensificação
permanente da consciência. Uma vez isso alcançado, podemos, não sem
vantagem, experimentar os métodos que foram desenvolvidos em outros
Caminhos, a formar uma técnica a uma filosofia eclética; mas o estudante
que pretende ser um eclético antes de ter obtido muita prática jamais
será mais do que um diletante.
Todo aquele que tem alguma
experiência prática dos diferentes métodos do sistema espiritual sabe
que o método deve ser adequado ao temperamento, devendo adaptar-se
também ao grau de desenvolvimento do estudante. Os ocidentais,
especialmente aqueles que preferem o Caminho oculto ao místico, buscam
geralmente a iniciação num estágio de desenvolvimento espiritual que um
guru oriental consideraria extremamente imaturo. Todo método que
pretende ser adequado para o Ocidente deve ter em seus graus inferiores
uma técnica que possa ser galgada como uma escada por esses estudantes
que carecem de maturidade; instá-los a atingir imediatamente as alturas
metafísicas é tarefa inútil na grande maioria dos casos, a que
apresenta, ademais, o agravante de impedir o início no trabalho da
senda.
Para que um sistema de desenvolvimento possa ser aplicado
no Ocidente, cumpre-lhe preencher certos requisitos bem definidos. Em
primeiro lugar, a sua técnica elementar deve ser facilmente compreendida
pelas mentes que não são absolutamente místicas. Em segundo lugar, as
forças que essa técnica pôe em movimento a fim de estimular o
desenvolvimento dos aspectos superiores da consciência devem ser
suficientemente poderosas a concentradas para penetrar os organismos
relativamente densos do ocidental médio, que é completamente incapaz de
perceber vibrações sutis. Em terceiro lugar, como poucos europeus -
devido ao dharma racial de desenvolvimento da matéria - têm a
oportunidade ou a inclinação para levar uma vida reclusa, as forças
empregadas devem ser manipuladas de tal maneira que permaneçam
disponíveis durante os breves períodos que o homem ou a mulher modernos,
no início do Caminho, roubam de suas atribuições diárias para se
entregarem à prática. Ou seja, essas forças precisam ser manipuladas por
meio de uma técnica que permita ao estudante concentrar-se a
desconcentrar-se com facilidade, porque não é possível manter elevadas
tensões psíquicas nas duras condições da vida de um indivíduo de uma
cidade européia. A experiência tem demonstrado com regularidade
infalível que os métodos de desenvolvimento psíquico que são efetivos a
satisfatórios para o recluso, produzem estados neuróticos a colapsos na
pessoa que procura segui-los suportando concomitantemente as tensões da
vida moderna.
Tanto pior para a vida moderna, poderia alguém
dizer, aduzindo esse fato inegável como um argumento para modificar
nosso modo de vida ocidental. Longe de mim afirmar que nossa civilização
é perfeita ou que a sabedoria nasceu a morrerá conosco, mas parece-me
razoável concluir que, se nosso Karma (ou destino) nos fez encarnar num
corpo de um certo tipo e temperamento racial, é precisamente essa
disciplina a essa experiência que os Senhores do Karma consideram que
precisamos enfrentar nesta encarnação, e que não avançaremos na causa de
nossa evolução se evitarmos a ambas ou delas fugindo. Presenciei
inúmeras tentativas de desenvolvimento espiritual que eram simples
evasões dos problemas da vida, a desconfio de qualquer sistema que
envolva um rompimento com a alma grupal da raça. Pouco me impressiona
também a dedicação à vida superior que se manifesta por modos peculiares
de vestir a agir ou pela maneira de cortar ou de não cortar os cabelos.
A verdadeira espiritualidade jamais faz propaganda de si própria.
O dharma racial do Ocidente é a conquista de matéria densa. Se
pudéssemos compreender tal fato, teríamos a explicação para muitos dos
problemas existentes nas relações entre Oriente a Ocidente. Para
podermos conquistar a matéria densa a desenvolver a mente
concreta, fomos dotados pela nossa herança racial de um corpo físico a
um sistema nervoso peculiares, assim como outras raças, como a mongólica
e a negra, foram dotadas de outros tipos.
É insensato aplicar a
um tipo de constituição psicofísica os métodos de desenvolvimento
adaptados a outro organismo, pois esses métodos não produzirão os
resultados adequados ou produzirão resultados imprevistos e, com toda
probabilidade, possivelmente indesejáveis. Dizer isso não é condenar os
métodos ocidentais, nem menosprezar a constituição ocidental, que é como
Deus a fez, mas reafirmar o velho adágio de que "mel para um, veneno
para outro".
O dharma do Ocidente difere do dharma oriental. Será,
portanto, aconselhável tentar implantar os ideais orientais num homem
ocidental? A fuga ao plano terrestre não é a sua linha de progresso. O
ocidental normal é são e não deseja escapar da vida; seu objetivo é
conquistá-la a dar-lhe ordem e harmonia. Só os tipos patológicos desejam
"morrer à meia-noite, sem dor", libertando-se da roda do nascimento e
da morte; o temperamento ocidental normal deseja "vida, mais vida".
É essa concentração da força vital que o ocultista ocidental busca em
suas operações. Ele não tenta escapar da matéria refugiando-se no
espírito a deixando a terra inconquistada atrás de si, arrumar-se como
puder, mas procura, antes, trazer a Divindade até a humanidade a fazer a
Lei Divina reinar até mesmo sobre o Domínio das Sombras. É esse o
motivo que justifica a aquisição dos poderes ocultos no Caminho da Mão
Direita, e que explica por que os iniciados não abandonam tudo em favor
da União Divina, mas cultivam a Magia Branca.
A Magia Branca
consiste na aplicação de poderes ocultos para fins espirituais e é ela
que propicia boa parte do treinamento a do desenvolvimento do aspirante
ocidental. Conheço alguma coisa a respeito de muitos sistemas e, em
minha opinião, a pessoa que tenta renunciar ao cerimonial trabalha com
grande desvantagem. O desenvolvimento que se obtém no Ocidente por meio
apenas da meditação é um processo lento, pois a substância mental sobre a
qual se tem de operar e a atmosfera mental na qual o trabalho se deve
cumprir são muito resistentes. A única escola de ioga ocidental
puramente meditativa é a dos quacres, a penso que eles concordam em que
seu caminho se destina a poucos: a Igreja Católica combina a ioga
mântrica com a ioga Bhakti.
É por meio das fórmulas que o
ocultista seleciona a concentra as forças com as quais deseja operar.
Essas fórmulas baseiam-se na Árvore Cabalística da Vida, a seja qual for
o sistema com que esteja trabalhando, seja imaginando as formas de Deus
do Egito, seja evocando a inspiração lacchus com cantos a danças, o
ocultista tem o diagrama da Árvore no fundo de sua mente. É por meio do
simbolismo da Árvore que os iniciados ocidentais se disciplinam, a esse
diagrama fornece a estrutura essencial de classificação à qual todos os
outros sistemas podem ser referidos. O Raio sobre o qual o aspirante do
Ocidente trabalha manifestou-se em diversas cultural e desenvolveu uma
técnica característica em cada uma delas. O iniciado moderno opera um
sistema sintético, utilizando, às vezes, um método egípcio e, noutras,
um método grego ou mesmo druida, pois esses diferentes sistemas estão
mais bem adaptados aos seus diferentes propósitos a condições. Em todos
os casos, contudo, a operação que realiza está estreitamente relacionada
com os Caminhos da Árvore, em que é mestre. Se possui o grau que
corresponde à Sephirah Netzach, ele pode operar com a manifestação da
força desse aspecto da Divindade (conhecida pelos cabalistas sob o nome
de Tetragrammaton Elohim), seja qual for o sistema que tenha escolhido.
No sistema egípcio, seria a Isis da Natureza; no grego, Afrodite; no
nórdico, Freya; no druida, Keridwen. Em outras palavras, ele possui os
poderes da Esfera de Vênus, seja qual for o sistema tradicional que
esteja utilizando. Ao alcançar um grau em um sistema, ele tem acesso aos
graus equivalentes de todos os outros sistemas de sua tradição.
Mas, embora ele possa utilizar esses outros sistemas quando a ocasião se
apresenta, a experiência prova que a Cabala fornece o melhor plano
fundamental e o melhor sistema para o adestramento do estudante, antes
que ele esteja apto a fazer experiências com os sistemas pagãos. A
Cabala é essencialmente monoteísta; os poderes que ela classifica são
sempre encarados como mensageiros de Deus e não como Seus companheiros.
Esse princípio estabelece o conceito do governo centralizado do Cosmo a
do controle da Lei Divina sobre todas as manifestações - princípio muito
necessário que todo estudante das Forças Arcanas deve assimilar. É a
pureza, a sanidade e a clareza dos conceitos cabalistas resumidos na
fórmula da Árvore da Vida que faz desse hieróglifo um símbolo admirável
para as meditações que visam exaltar a consciência, dando-nos a
justificativa para chamar a Cabala de "ioga do Ocidente".
[Imagem By Google]
0 comentários:
Postar um comentário