São poucos os estudantes de ocultismo que sabem alguma coisa a
respeito da fonte de onde surgiu a sua tradição. Muitos deles sequer
sabem que existe uma Tradição Ocidental. Os eruditos sentem-se perplexos
diante dos subterfúgios a das defesas intencionais de que se valeram
tanto os iniciados antigos como os modernos para ocultar-se, a concluem
que os poucos fragmentos que ainda nos restam dessa literatura não
passam de contrafações medievais. Muito se espantariam eles se soubessem
que esses mesmos fragmentos, suplementados por manuscritos que jamais
se permitiu saírem das mãos dos iniciados, a complementados por uma
tradição oral, ainda são transmitidos até hoje nas escolas de iniciação,
constituindo a base do trabalho prático da ioga do Ocidente.
Os
adeptos das raças cujo destino evolutivo consiste em conquistar o plano
físico desenvolveram uma técnica ióguica própria que se adapta aos seus
problemas especiais a às suas necessidades peculiares. Essa técnica
baseia-se na bem conhecida, mas pouco compreendida Cabala, a Sabedoria
de Israel.
Poder-se-á perguntar por que as nações ocidentais
teriam qualquer razão para procurar a sua tradição mística na cultura
hebraica. A resposta a essa questão será facilmente compreendida por
aqueles que estão familiarizados com a teoria esotérica relativa às
raças a sub-raças. Tudo tem uma fonte. As culturas não brotam do nada.
As sementes de cada nova fase de cultura devem surgir necessariamente da
cultura anterior. Não podemos negar que o judaísmo foi a matriz da
cultura espiritual européia, quando recordamos que tanto Jesus como São
Paulo eram judeus. Nenhuma outra raça além da judia poderia ter
fornecido a base para uma nova revelação, visto que nenhuma outra raça
abraçava um credo monoteísta.
0 panteísmo e o, politeísmo tiveram seus
dias de esplendor, mas uma nova cultura, mais espiritual, se tomou
necessária. As raças cristãs devem sua religião à cultura judia, assim
como as raças budistas do Oriente devem a sua à cultura hindu.
0
misticismo de Israel fornece os fundamentos do moderno ocultismo
ocidental, a constitui o fundo teórico com base no qual se desenvolveram
os rituais ocultistas do Ocidente. Seu famoso hieróglifo, a Árvore da
Vida, é o melhor símbolo de meditação que possuímos, exatamente porque é
o mais compreensível.
Não é minha intenção escrever um estudo
histórico sobre as fontes da Cabala, mas, antes, mostrar o emprego que
dela fazem os modernos estudantes dos Mistérios. Embora as raízes de
nosso sistema estejam na tradição; não há razão alguma para que esta nos
escravize. Uma técnica empregada nos dias que correm é um processo que
está em pleno desenvolvimento, pois a experiência de cada trabalhador a
enriquece a se torna parte integrante da herança comum.
Não
devemos necessariamente seguir tais a tais atitudes ou manter tais a
tais idéias apenas porque os rabinos que viveram antes de Cristo assim o
determinaram. 0 mundo não deteve sua marcha na era dos rabinos, e
vivemos hoje uma nova revelação. Mas o que era verdadeiro - em princípio
no passado é verdadeiro - em princípio - na atualidade e, por
conseguinte, de muito valor para nós. 0 cabalista moderno é o herdeiro
da Cabala antiga, mas cabe-lhe reinterpretar a doutrina a reformular o
método à luz da revelação atual, caso queira extrair dessa herança algum
valor prático para si.
Não pretendo que os modernos ensinamentos
cabalísticos, tal como os que aprendi, sejam idênticos aos dos rabinos
pré-cristãos, mas afirmo que esses ensinamentos são os legítimos
descendentes daqueles, constituindo o desenvolvimento natural que deles
proveio.
Quanto mais próxima estiver a nascente, mais pura será a
água do rio. Para descobrir os princípios primeiros, devemos it à
fonte-mãe. Mas um rio recebe muitos afluentes em seu curso, a estes não
estão necessariamente poluídos. Se desejamos descobrir se a água desses
afluentes é pura ou não, basta-nos compará-la com a corrente original;
se ela passa por esse teste, da impede que se misture com as águas
principais a aumente sua força. Ocorre o mesmo com uma tradição: o que
não é antagônico deve ser assimilado: Devemos sempre testar a pureza de
uma tradição no que respeita aos
princípios primeiros, mas devemos
igualmente julgar a vitalidade de uma tradição por sua capacidade de
assimilação. Apenas a fé morta não recebe influências do pensamento
contemporâneo.
A corrente original do misticismo hebraico recebeu
muitas adições. A sua culminação ocorreu entre os nômades adoradores de
estrelas da Caldéia, onde Abraão, em sua tenda, rodeado pelos rebanhos,
ouvia a voz de Deus. Mas Abraão defrontava-se também com um sombrio pano
de fundo, em que vastas formas se moviam semidistintas. A misteriosa
figura de um grande rei-sacerdote, "nascido sem pai, sem mãe, sem
descendência, que não tinha nem princípio nem fim", concedeu-lhe a
primeira ceia eucarística de pão a vinho após a batalha com os reis do
vale, os sinistros reis de Edom, "que governaram antes que houvesse um
rei em Israel, cujos reinos eram forças desorganizadas".
De
geração em geração, podemos traçar o relacionamento dos príncipes de
Israel com os reis-sacerdotes do Egito. Abraão a Jacó por lá passaram;
José a Moisés estiveram intimamente associados à corte dos adeptos
reais. Quando lemos que Salomão se dirigiu a Hirão, rei de Tiro,
solicitando-lhe homens a materiais para a construção do Templo,
aprendemos que os famosos Mistérios de Tiro devem ter influenciado
profundamente o esoterismo hebraico. Quando lemos que Daniel foi educado
nos palácios da Babilônia, aprendemos que a sabedoria dos Magi deve ter
sido acessível aos iluminati hebreus.
A antiga tradição mística
dos hebreus possuía três escrituras: os Livros da Lei e dos Profetas,
que conhecemos como Velho Testamento; o Talmud, ou coleção de
comentários eruditos sobre aquele; e a Cabala, ou interpretação mística
do mesmo livro. Desses três livros, dizem os antigos rabinos que o
primeiro é o corpo da tradição; o segundo, a sua alma racional; e o
terceiro, o seu espírito imortal. Os homens ignorantes lêem com proveito
o primeiro; os homens eruditos estudam o segundo; mas o sábio medita
sobre o terceiro. É realmente muito estranho que a exegese cristã jamais
tenha buscado as chaves do Velho Testamento na Cabala.
No tempo
de Nosso Senhor, havia três escolas de pensamento religioso na
Palestina: a dos fariseus, a dos saduceus, sobre os quais temos muitas
informações nos Evangelhos, e a dos essênios, a quem nunca se faz
referência. A tradição esotérica afirma que o menino Jesus ben Joseph,
na idade de doze anos, foi encaminhado, pelos eruditos doutores da Lei,
que o ouviram a lhe reconheceram o valor, à comunidade essênia
localizada nas proximidades do Mar Morto, para ali ser treinado na
tradição mística de Israel, a que Ele permaneceu nessa comunidade até
dirigir-se a João, a fim de receber o batismo no rio Jordão antes do
início de Sua missão, empreendida aos trinta anos. Seja como for, o fato
é que a frase final do "Pai nosso" é puro cabalismo. Malkuth, o Reino,
Hod, a Glória, Netzach, o Poder, constituem o triângulo básico da Árvore
da Vida, tendo Yesod, o Fundamento ou Receptáculo de Influências, como
ponto central. Quem formulou essa oração conhecia muito bem a Cabala.
0 esoterismo cristão baseia-se na Gnose, que, por sua vez, radica tanto
no pensamento grego como no egípcio. 0 sistema pitagórico constitui uma
adaptação dos princípios cabalísticos ao misticismo grego.
A
seção exotérica da Igreja Cristã,organizada pelo Estado, perseguiu a
aniquilou a seção esotérica, destruindo-lhe toda a literatura a lutand0
por apagar da história humana a própria lembrança de uma doutrina
gnóstica. Registra a história que as termas a as padarias de Alexandria
foram fomentadas durante seis meses com os manuscritos retirados da
grande biblioteca. Pouco nos restou da herança espiritual da sabedoria
antiga. Tudo o que estava acima do solo foi arrancado, e é apenas com a
escavação dos antigos monumentos encobertos pela areia que estamos
começando a redescobrir-lhe os fragmentos.
Só depois do século
XV, quando o poder da Igreja começou mostrar sinais de fraqueza, ousaram
os homens confiar ao papel a tradicional Sabedoria de Israel. Os
eruditos declaram que a Cabala é uma fantasia medieval, pois não lhe
podem traçar a sucessão desde os manuscritos primitivos. Mas aqueles que
conhecem o sistema de trabalho das fraternidades esotéricas sabem que
toda uma cosmogonia a toda uma psicologia podem ser ocultadas num
hieróglifo que, para o não-iniciado, não tem qualquer sentido. Esses
estranhos a antigos diagramas foram passados de geração para geração, e a
explicação que os acompanha, transmitida apenas verbalmente, de modo
que a verdadeira interpretação jamais se perdeu. Quando existia alguma
dúvida quanto à explicação de algum ponto abstruso, recorria-se ao
hieróglifo sagrado, e a meditação sobre ele comunicava o que gerações de
trabalho meditativo haviam nele infundido. Sabem muito bem os místicos
que, se alguém medita sobre um símbolo ao qual a meditação do passado
associou certas idéias, tal pessoa terá acesso a essas mesmas idéias,
ainda que o hieróglifo jamais lhe tenha sido explicado por aqueles que
receberam a tradição oral "da boca ao ouvido".
A força temporal
organizada da Igreja expulsou seus rivais de campo e destruiu-lhes os
vestígios. Pouco sabemos das sementes que brotaram e logo foram cortadas
durante a Idade Negra, mas o misticismo é inerente à raça humana e,
embora a Igreja tenha destruído todas as raízes, a tradição em sua alma
grupal, os espíritos devotos de seu próprio rebanho redescobriram a
técnica da união entre a alma a Deus a desenvolveram uma ioga
característica, estreitamente semelhante à ioga Bhakti do Oriente. A
literatura do catolicismo é rica em tratados sobre teologia mística que
relam uma familiaridade prática com os estados superiores de
consciência,embora apresentem uma concepção um tanto quanto
ingênua da psicologia desse fenômeno, revelando assim a pobreza de um
sistema que não dispõe da experiência fornecida pela tradição.
A
ioga Bhakti da Igreja Católica só é adequada àqueles cujo temperamento é
naturalmente devocional a que descobrem no auto-sacrifício amoroso a
sua expressão mais espontânea. Mas nem todos têm esse temperamento, e é
uma pena que o Cristianismo não tenha outros sistemas a oferecer aos
seus devotos. O Oriente, por ser tolerante, é sábio, a desenvolveu
vários métodos ióguicos. Cada um desses métodos pode ser seguido com
exclusão dos outros, sem que para isso tenha de negar aos outros métodos
o valor como meio de acesso a Deus.
Em conseqüência dessa
deplorável limitação de nossa teologia, muitos devotos ocidentais
recorrem a métodos orientais. Para aqueles que são capazes de viver em
condições orientais a trabalhar sob a imediata supervisão de um guru,
essa escolha poderá revelar-se satisfatória, mas ela raramente dá bons
resultados quando esses mesmos devotos seguem vários sistemas sem outra
supervisão além da de um livro a sob as condições que regem a vida no
Ocidente.
É por essa razão que recomendo às raças brancas o
sistema tradicional do Ocidente, pois este se adapta perfeitamente à sua
constituição física. Esse sistema produz resultados imediatos e, quando
praticado sob a supervisão adequada, não afeta o equilíbrio mental ou
físico - como acontece com desagradável freqüência quando se utilizam
sistemas impróprios - e ainda estimula uma excepcional vitalidade. É
essa vitalidade peculiar dos adeptos que deu origem à tradição do
"elixir da vida". Conheci várias pessoas em minha vida que mereciam o
título de adepto, a sempre me surpreendi com a extraordinária vitalidade
que exibiam.
Por outro lado, só posso endossar o que todos os
gurus da tradição oriental sempre afirmaram, ou seja, que qualquer
sistema de desenvolvimento psico-espiritual só pode ser seguido
adequadamente a em segurança sob a supervisão pessoal de um mestre
experiente. Por essa razão, embora me proponha a fornecer nestas páginas
os princípios da Cabala mística, não creio que seja prudente dar também
as chaves de sua prática, mesmo que, pelos termos de minha própria
iniciação, eu não estivesse proibida de faze-lo. Mas por outro lado, não
considero justo para com o leitor comunicar-lhe informações erradas ou
deformadas. Assim, na medida de meus conhecimentos a de minha crença,
posso afirmar que as informações dadas neste livro são exatas, ainda
que, em certo aspecto, incompletas.
Os Trinta a Dois Caminhos Místicos da Glória Oculta são sendas da
vida, a aqueles que desejam desvendar-lhes os segredos e não têm outra
saída senão trilhá-los. Assim eu própria fui treinada, e todos os que
desejam sujeitar-se à disciplina devem fazê-lo, a eu indicarei com
prazer o caminho que todo aspirante sério deverá seguir.
[Imagem By Google]
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