Título: Yesod, o Fundamento. (Em hebraico: Yod, Samech, Vau, Daleth.)
Imagem Mágica: Um belo homem desnudo, muito forte.
Localização na Árvore: Na base do Pilar do Equilíbrio.
Texto Yetzirático: O Nono Caminho chama-se Inteligência Pura, porque
purifica as Emanações. Ele prova a corrige o desenho de suas repre-..
sentações, a dispõe a unidade em que elas estão desenhadas, sem
diminuição ou divisão.
Nome Divino: Shaddai el Chai, o Deus Vivo
Todo-poderoso. Arcanjo: Gabriel. Coro Angélico: Kerubim, os Poderosos.
Gtakra asmico : Levanah, a Lua. Experiência Espiritual: A visão do
mecanismo do universo.
Virtude: Independência.
Vício : Ociosidade. Correspondência no Microcosmo: Os órgãos reprodutores.
Símbolos: Os perfumes a as sandálias.
Cartas do Tarô: Os quatro noves. Nove de Paus: grande força; Nove de
Copas: felicidade material; Nove de Espadas: desespero a crueldade; Nove
de Ouros: ganho material. Cor em Atziluth: Índigo. Cor em Briah:
Violeta. Cor em Assiah: Citrino salpicado de azul. Cor em Yetzirah:
Púrpura muito escura.
O estudo do simbolismo de Yesod revela
dois grupos de símbolos aparentemente incongruentes. Por um lado, temos a
concepção de Yesod como o fundamento do universo, estabelecido na
força,: a que é indicada pela recorréncia da idéia da força, como na
imagem mágica de um belo homem desnudo, muito forte, no Nome divino de
Shaddai, o Todo-poderoso, nos Kerubim, os anjos poderosos, a no Nove de
Paus, cujo nome secreto é o Senhor da Grande Força. Mas, por outro lado,
temos o simbolismo da Lua, que é essencialmente fluida a que apresenta
um estado contínuo de fluxo a refluxo, sob o govemo de Gabriel, o
arcanjo do elemento Água.
Como podemos reconciliar esses conceitos
conflitantes? A resposta encontra-se nas palavras do Texto Yetzirático,
que afirma a respeito do Nono Caminho: "Ele purifica as Emanações.
Prova a corrige o desenho de suas representações, a dispôe a unidade em
que elas estão desenhadas sem diminuição ou divisão." Esse conceito é
esclarecido, ademais, pela natureza da experiência espiritual atribuída a
Yesod, que é descrita como "a visão do mecanismo do Universo".
Temos, então, a idéia das águas fluidas do caos reunindo-se a
organizàndo-se por meio das "representações" que foram "desenhadas" em
Hod; a "prova, correção a disposição da unidade" final dessas
"representaçôes" ou imagens formativas resultam na organização do
"mecanismo do Universo", cuja visão constitui a experiéncia espiritual
dessa Sephirah. De fato, Yesod poderia ser corretamente descrita como a
Esfera do mecanismo do universo. Se comparássemos o reino da Terra a um
grande navio, Yesod seria a casa das máquinas.
Yesod é a Esfera
dessa substância peculiar, que participa tanto da natureza da mente
quanto da da matéria, a que se chama o Éter do Sábio, o Akasha, ou Luz
Astral, de acordo com a terminologia empregada. Não se trata do mesmo
éter do físico, que é um elemento ígneo da Esfera de Malkuth, a que
representa para esse éter o mesmo que este représenta para a matéria
densa; ele é, na verdade, a base dos fenômenos que os físicos atribuem
ao seu éter empírico. Poderíamos chamar o Éter do Sábio de raiz do éter
dos físicos.
O universo material é um enigma insolúvel para o
materialista, porque ele insiste em tentar explicá-to nos termos de seu
próprio plano. Eis uma coisa que jamais poderá ser feita em qualquer
Esfera de pensamento. Nada pode ser explicado em termos de si mesmo; só
se pode fazé-lo, relacionando-se uma coisa num todo maior. Os quatro
elementos dos antigos encontram sua explicação num quinto elemento, o
Éter, como sempre afirmaram os iniciados. Reza uma doutrina da filosofia
esotérica que os quatro estados visíveis tém sua raiz num quinto
estado, que é invisível. Por exemplo, os Quatro Mundos dos cabalistas
radicam num ponto além dos Véus do Imanifesto. É apenas quando
postulamos esse quinto imanifesto a lhe atribuímos certas qualidades
deduzidas dos quatro manifestos como essenciais à primeira causa, que
somos capazes de chegar a qualquer compreensão da natureza dos quatro
estados. Assim, encontramos em Yesod o quinto imanifesto dos quatro
elementos de Malkuth, correspondendo o fogo dos antigos ao éter dos
modernos, e a terra, a água e o ar, aos estados sólidos, líquido a
gasoso da matéria.
Devemos conceber Yesod, portanto, como o
receptáculo das emanações de todas as outras Sephiroth, como ensinam os
cabalistas, a como o único a imediato transmissor dessas emanaçôes a
Malkuth, o plano físico. Como diz o Texto Yetzirático, é função de Yesod
purificar as emanações, e prová-las a corrigi-las; conseqüentemente, é
na Esfera de Yesod que ocorrem as operações destinadas a corrigir a
Esfera da matéria densa, ou dispor sua unidade de desenho. Yesod,
portanto, é a Esfera essencial de qualquer magia que pretende agir no
mundo físico.
É essencial notar que todas as Esferas operam de
acordo com a sua natureza, a que essa natureza não pode, de maneira
alguma, ser alterada por qualquer influência mágica ou milagrosa, embora
cheia de poderes; podemos "corrigir" o "desenho" das representações. As
coisas representadas permanecem firmes. As condiçôes do mundo material
não podem, por conseguinte, ser arbitrariamente alteradas, nem mesmo
pela força espiritual superior, como acreditam aqueles que pedem a Deus
para intervir em seu próprio meio, curando-lhes as enfermidades ou
fazendo a chuva cair sobre a terra; essas condições não podem igualmente
ser influenciadas pelo mago mais poderoso com seus encantamentos. Só
podemos nos aproximar de Malkuth por meio de Yesod, a só podemos nos
aproximar de Yesod por meio de Hod, onde as "representações" são
"desenhadas". Libertemos de uma vez por todas nossas mentes da idéia de
que o espírito pode agir diretamente sobre a matéria. Isso jamais
acontece. O espírito opera por meio da mente, e a mente opera por meio
do Éter; e o Éter, que é a estrutura da matéria e o veículo das forças
vitais, pode ser manipulado nos limites de sua natureza, que não são de
maneira alguma estreitos. Todos os acontecimentos miraculosos a
sobrenaturais ocorrem, portanto, pela manipulação das qualidades
naturais do Éter e, se compreendêssemos a natureza do Éter, deveríamos
compreender a racionalidade da produção desses acontecimentos. Não devemos
atribuí-los à intervenção direta de Deus ou às atividades dos espíritos
dos mortos, assim como não atribuímos hoje os fenômenos da combustão às
atividades do flogisto, que as gerações anteriores acreditavam ser o
princípio do fogo, cuja presença ou ausência determinava se uma dada
substáncia queimaria ou não. Ainda vivem hoje algumas pessoas que
ouviram falar da escola do flogisto, a que testemunharam a mudança de
pensamento; da mesma maneira, virá o dia em que os homens considerarão
os fenômenos psíquicos e a cura "espiritual" do mesmo ponto de vista que
hoje encaramos o flogisto.
No estágio atual de nosso
conhecimento, não é possível descrever de maneira detalhada a natureza
do Éter Yesódico. Não obstante, podemos adiantar algumas coisas a seu
respeito, ensinadas pela experiência. Entre elas, figuram as
experiências com o ectoplasma, que é muito semelhante a esse Éter quanto
à natureza; de fato, poderíamos descrevê-to como Éter orgánico, em
contraposição ao Éter dos físicos, que é Éter inorgánico. Sabemos que o
ectoplasma assume formas a as retém a as abandona com igual facilidade, o
que mostra que não é a forma que confere a vida, mas a vida que
determina a forma. Sabemos também que o ectoplasma pode ser emanado e
absorvido, embora não conheçamos as condiçôes que governam esse
fenômeno. O ectoplasma é, na verdade, uma espécie de protoplasma etéreo;
e podemos conceber que o Éter ou a Luz Astral'tem com o ectoplasma a
mesma relação que o ectoplasma tem com o protoplasma.
Embora não
conheçamos a natureza última do Éter Astral, da mesma forma como não
conhecemos a natureza última da eletricidade, não obstante sabemos, pela
observação, que ele possui certas propriedades; sabemos, por
experiência, que estas existem, porque nos permitem manipular essa
substância sutil em certos modos definidos - como já explicamos - nos
limites de sua própria natureza. Duas dessas propriedades são
importantíssimas para o trabalho do ocultista prático, a formam, de
fato, a base de todo o seu sistema.
A primeira dessas
propriedades é a capacidade que o Éter astral apresenta de ser moldado
pela mente; a segunda é a capacidade de sustentar as moléculas da
matéria densa em seus raios parecidos a fios, como numa rede. Alguém
poderá perguntar de que maneira sabemos que o Éter possui essas
qualidades, tão vitais para nossas hipóteses mágicas. Respondemos que a
existência dessas propriedades é a única explicação para as propriedades
da matéria viva a da mente consciente. Não podemos explicar a mente ou a
matéria apenas em seus próprios termos, nem podemos explicar a mente
sem empregar os termos da consciência. A sensação é tanto um caso da
mente quanto da matéria, inexplicável em si. Para explicar a sensação
nervosa, devemos postular uma substãncia que é intermediária entre a
mente e a matéria; para compreender o moviunento precisamos igualmente
afirmar a existência de tal substância - isto é, que possui o poder de
receber a manter a marca do pensamento a influenciar a posição no espaço
das unidades atômicas da matéria. Essas são propriedades que atribuímos
ao nosso hipotético Éter astral, empregando, para justificar esse
procedimento, os mesmos argumentos que foram aceitos em benefício de um
procedimento similar no caso do Éter dos físicos. Defenderemos o que
precede em favor de nossa hipótese; a se os argumentos em favor do éter
dos físicos são aceitos, é difícil entender por que um Éter não deveria
ser admitido na psicologia. Diz uma velha máxima que não se devem
multiplicar desnecessariamente as hipóteses, mas, quando uma hipótese
como a do Éter prova ser tão frutífera, estamos amplamente justificados
em experimentar uma hipótese similar na ciência irmã da psicologia. Uma
coisa é certa: a psicologia jamais fez qualquer progresso enquanto se
lirnitou ao ponto de vista materialista a encarou a consciência como um
epifenômeno, isto é, como um subproduto irrelevance a sem propósito da
atividade fisiológica - se é que se pode dizer que algo na natureza é
irrelevante a sem propósito. Aprendamos uma lição com o alcatrão,
subproduto irrelevante a sem utilidade da produção do gás, que
inicialmente desprezado revelou-se depois a fonte de muitos produtos
químicos, tinturas a drogas.
Do ponto de vista da Magia, Yesod é a
Sephirah importante, assim como Tiphareth é a Esfera funcional do
misticismo, com seus contatos transcendentes com o Supremo. Se
considerarmos a Árvore da Vida como um todo, veremos claramente que ela
opera em tríades, tendo as Três Supremas suas correspondências num arco
inferior em Chesed, Geburah a Tiphareth. Quem quer que tenha alguma
experiência do cabalismo prático, Babe que, para todos os propósitos
práticos, Tiphareth é Kether para nós, enquanto habitamos esta casa de
carne, pois nenhum homem pode ver a face de Deus a sobreviver. Só
podemos ver o Pai refletido no Filho, a Tiphareth "mostra-nos o Pai".
Netzach, Hod a Yesod formam a Tríade Superior, ofuscada por Tiphareth,
assim como o Eu Inferior é ofuscado pelo Eu Superior. Poder-seia dizer,
de fato, que as quatro Sephiroth inferiores formam a personalidade,ou
unidade de encamação da Árvore; que a Tríade Superior de Chesed,
Geburah a Tiphareth forma a individualidade, ou Eu Superior; a que as
Três Supremas correspondem à Centelha Divina.
Embora cada
Sephirah emane sua sucessora, as Tríades são sempre representadas, uma
vez emanadas a em equilíbrio, como um par de opostos manifestando-se
numa Terceira Funcional. Na Tríade inferior, encontramos Netzach a Hod
equilibradas em Yesod, que é concebida como a receptora de suas
emanações. Mas ela recebeu também as emanações de Tiphareth, e, por meio
de Tiphareth, as de Kether, porque há sempre uma linha de força
operando em sentido descendente num Pilar; conseqüentemente, como ela
recebeu também de Netzach a Hod as influências que estas por sua vez
receberam de seus respectivos Pilares, ela pode ser corretamente
chamada, nas obras dos cabalistas, de "receptáculo das emanações"; e é
de Yesod que Malkuth recebe o influxo das forças divinas.
Yesod é
também de suprema importância para o ocultista prático, porque ela é a
primeira Esfera com que entra em contato quando começa a "elevar-se nos
planos", a ergue a consciência acima de Malkuth. Tendo trilhado o
terrível Trigésimo Segundo Caminho do Tau, ou Cruz do Sofrimento, a de
Saturno, ele penetra em Yesod, a Casa do Tesouro das Imagens, a Esfera
da Maia, a Ilusão. Yesod, considerada em si mesma, é inquestionavehnente
a Esfera da Ilusão, porque a Casa do Tesouro das Imagens não é outra
coisa senão o Éter Refletor da Esfera da Terra, a corresponde, no
microcosmo, ao inconsciente dos psicólogos, repleto de coisas velhas a
esquecidas, reprintidas desde o alvorecer da raça. As chaves que fecham
as portas da Casa do Tesouro de Imagens a nos permitem comandar seus
habitantes acham-se em Hod, a Esfera da Magia. Afirma-se corretamente
nos Mistérios que nenhum grau se toma funcional antes de se alcançar o
próximo. Todo aquele que tenta operar como um mago em Yesod logo aprende
seu erro, pois, embora possa perceber as Imagens na Casa do Tesouro,
ele não tem nenhuma palavra de poder para comandá-las. Por conseguinte,
na iniciação no Caminho Ocidental pelo menos (não posso afirmá-to quanto
ao Oriental, pois não o conheço), os graus dos Mistérios Menores seguem
pelo Pilar Central até Tiphareth, a não a linha do Relâmpago Brilhante.
Em Tiphareth, o iniciado toma o primeiro grau de adepto, a daí retoma,
se o desejar, para aprender a técnica da Magia relativa à personalidade
da Árvore, ou seja, a unidade macrocósmica da encamação. Se ele não o
deseja, mas quer libertar-se da Roda do Nascimento a da Morte, ele
avança pelo Pilar Central, que os cabalistas chamam de Caminho da
Flecha, a passa por sobre o Abismo e atinge Kether. Aquele que penetra
nessa luz não pode mais voltar.
Yesod é também a Esfera da Lua;
por conseguinte, para compreender-lhe o significado, devemos saber algo a
respeito de como a Lua é vista no ocultismo. Sustentam os iniciados que
a Lua se separou da Terra num período em que a evolução estava no ápice
entre a fase etérea de seu desenvolvimento e a fase da matéria densa.
Aqueles que estão familiarizados com a terminologia astrológica sabem
que a cúspide é a fase entre dois signos em que a influência de ambas se
interpenetra. A Lua, então, tem algo de material em sua composição, daí
o globo luminoso que vemos no céu; mas a parte realmente importante de
sua composição é etérea, porque foi durante a fase da evolução em que a
vida desenvolveu a forma etérea que a Lua teve o seu apogeu e, por essa
razão, tal fase é chamada por alguns ocultistas de Fase Lunar da
evolução. Aqueles que desejarem saber mais sobre esse assunto lerão com
proveito Lhe Rosicnucian Cosmo-conception, de Max Heindel, e A doutrina
secreta, de Mme. Blavatsky. Como os cabalistas utilizam um sistema
diferente de classificação do dos vedantistas, não podemos tratar do
vasto assunto dos "Raios a Rondas" nestas páginas. Limitar-nos-emos a
afirmar dogmaticamente certos fatos conhecidos dos ocultistas, indicando
onde o leitor poderá encontrar, se o desejar, informações mais
completas.
A Lua e a Terra, de acordo com a teoria ocultista,
partilham um duplo etéreo comum, embora seus dois corpos físicos estejam
separados e a Lua seja o elemento mais velho; ou seja, nos assuntos
etéreos, a Lua é o pólo positivo da bateria, e a Terra é o pólo
negativo. Yesod, como já observamos, reflete o Sol de Tiphareth, que por
sua vez é Kether num arco inferior. Os astrónomos já nos falaram que a
Lua brilha por causa da luz alheia, refletida do Sol, a eles estão
começando agora a descobrir que o Sol pode receber sua energia ígnea do
espaço exterior. Traduzido na terminologia cabalística, o espaço
exterior seria o Grande Imanifesto, a os cabalistas têm ensinado essa
doutrina desde os dias em que Enoch passeava com Deus e desapareceu,
pois Deus o tomou - em outras palavras, Enoch recebeu a iniciação de
Kether.
Viu-se mais acima que Yesod-Luna está sémpre num estado
de fluxo a refluxo, por causa da quantidade de luz solar recebida a
refletida, que brilha a se apaga num ciclo de vinte a oito dias.
Malkuth-Terra está também num estado de fluxo a refluxo num ciclo de
vinte a quatro horas, e pela mesma razão. Malkuth-Terra tem também um
ciclo de trezentos a sessenta a cinco dias, cujas fases são assinaladas
pelos equinócios a solstícios. É o conjunto de interações dessas marés
que importa para o ocultista prático, porque muito de seu trabalho
depende delas. Os mapas dessas marés foram
sempre mantidos em
segredo, a alguns são extremamente complexos. Como essas informaçôes
dizem respeito aos trabalhos secretos - os genuínos a legítimos segredos
ocultos, que são transmitidos apenas após a iniciação -, não podemos
comunicá-las nestas páginas. Já dissemos o bastante, contudo, para
indicar que certas marés no Éter lunar existem a são importantes, a que
os estudantes do oculto perdem seu tempo se tentam operálas sem os
necessários mapas.
Essas marés lunares exercem um papel
importantíssimo nos processos fisiológicos das plantas a dos animais, a
especialmente na germinação a crescimento das plantas a na reprodução
dos animais, como o testemunha o ciclo sexual de vinte a oito dias
lunares da fêmea humana. 0 macho tem um ciclo sexual baseado no ano
solar, mas, em casas iluminadas e aquecidas artificialmente esse ciclo
não é tão marcado; embora o poeta nos tenha chamado a atençáo para o
fato de que "Na primavera, a fantasia de um jovem volta luminosa para os
pensamentos de amor", e a referência é tão correta que basta apenas
citá-la.
É a luz da Lua o fator estimulante dessas atividades
aéreas e, como a Terra e a Lua partilham de um duplo etéreo, todas as
atividades etéreas sâo mais ativas quando a Lua está em sua fase cheia.
Da mesma maneira, durante a Lua nova, a energia etérea está em sua fase
mais baixa, e as forças desequilibradas tendem a elevar-se a causar
problemas. O Dragão das Qliphoth ergue suas múltiplas cabeças. Em
conseqüência, é melhor abandonar o trabalho oculto prático durante a Lua
nova, a só os trabalhadores experientes devem executá-lo. As forças que
dão vida estão relativamente fracas a as forças desequilibradas
relativamente fortes; o resultado, em mãos inexperientes, é o caos.
Todos os sensitivos estão conscientes dessas marés cósmicas, e mesmo
aqueles que não são deliberadamente sensitivos se vêem afetados muito
mais por elas do que geralmente se reconhece, especialmente durante as
enfermidades, quando as energias físicas estão em baixa.
Não se
pode dizer muitas coisas a respeito de Yesod, porque nela estão ocultas
as chaves dos trabalhos mágicos. Devemos, por conseguinte, nos contentar
em elucidar o simbolismo numa forma um tanto quanto criptológica,
embora aquele que tenha ouvidos para ouvir esteja livre para
utilizá-las.
Já observamos a curiosa natureza dupla de Netzach a
Hod, pois a imagem mágica de Hod é um hermafrodita, a os antigos
representavam Vênus-Afrodite como uma mulher barbada. Encontramos
novamente em Yesod esse simbolismo dual e, mais uma vez, como veremos
depois, em Malkuth. Lsso indica claramente que nessas Sephiroth, que
pertencem aos níveis inferiores da Árvore, devemos reconhecer
definitivamente, em cada uma, um lado da força a um lado da forma. Esse
aspecto se toma muito clam tanto em Yesod quanto em Malkuth, às quais se
atribuem deuses e deusas.
Yesod é essencialmente a Esfera da Lua
e, como tal, está sob o govemo de Diana, a deusa lunar dos gregos. Ora,
Diana era no início uma deusa casta, etemamente virgem e, quando o
ousado Acteão a importunou, foi ele destroçado por seus cães de caça.
Diana, contudo, foi representada em Éfeso provida de muitos seios a
reverenciada como uma deusa da fertilidade. Além disso, Isis é também
uma deusa lunar, como o indica o crescente lunar sobre sua testa, que,
em Hathor, se converte nos cornos da vaca, sendo a vaca, entre todos os
povos, o símbolo especial da maternidade. No simbolismo cabalístico, os
órgãos geradores são atribuídos a Yesod.
Tudo isso é muito
enigmático à primeira vista, pois os símbolos parecem ser mutuamente
exclusivos. Quando dermos um passo a mais, contudo, começaremos a
descobrir os elos unificadores entre as idéias.
Três deusas são
atribuídas à Lua: Diana, Selene ou Luna a Hécate. Esta é a deusa da
feitiçaria e dos encantamentos, que preside também os partos.
Há
também um deus lunar muito importante: Thoth, o Senhor da Magia.
Portanto, quando descobrimos que Hécate na Grécia a Thoth no Egito são
ambos atribuídos à Lua, não podemos deixar de reconhecer a importãncia
da Lua nos assuntos mágicos. Qual é então a chave da Lua mágica, que é
às vezes uma deusa virgem a às vezes uma deusa da fertilidade?
Não é preciso buscar muito longe a resposta. Ela se encontra na natureza
rítmica da Lua, e, de fato, na natureza rítmica da vida sexual da
mulher. Há ocasiôes em que Diana tem muitos seios; há ocasiões em que
seus cães reduzem o intruso a pedaços.
Ao tratar dos ritmos de
Luna, tratamos de estados etéreos, não de estados físicos. 0 magnetismo
das criaturas vivas cresce a diminui com um ritmo definido. Isso é de
fácil observação quando se conhece a meta almejada. A força magnética
revela-se com clareza nas relações entre pessoas em quem o magnetismo
está em perfeito equilíôrio. Às vezes, uma estará em ascensão e, às
vezes, a outra.
Mas, poder-se-is perguntar, se a Esfera de Yesod é
etérea, por que são os órgãos geradores atribuídos a essa Esfera, uma
vez que a sua função é sem dúvida física? A resposta a essa questão
reside no conhecimento dos aspectos mais sutis do sexo, conhecimento,
aliás, que parece estar total-
mente perdido no mundo ocidental. Não
podemos aqui comentar esse tema em detalhes, mas basta assinalar que
todos os aspectos mais importantes do sexo são etéreos a magnéticos.
Podemos compará-to a um iceberg, cuja maior parte está sob a superfície.
As reações físicas do sexo são apenas uma parcela muito pequena, de
maneira alguma a parte mais vital de seu funcionamento. É por ignorarmos
esse fato que muitos casamentos não conseguem cumprir o propósito de
unir duas metades num todo perfeito.
Conferimos pouca importância
ao lado mágico do casamento, a despeito do fato de a Igreja o
classificar entre os sacramentos. Ora, um sacramento é definido como um
signo exterior a visível de uma graça interior e espiritual, e é essa
graça interior a espiritual que é tão raro encontrar no ato matrimonial
das raças anglo-saxônicas, com seu temperamento relativamente frígido a
seu desrespeito pelo corpo. Essa graça interior a espiritual que faz do
matrimônio um sacramento verdadeiro em seu gênero não é a graça da
sublimação ou da renúncia, ou a pureza da negação a da abstinência; é a
graça da bênção de Pã na alegria das coisas naturais, muito bem expressa
por Walt Whitman em sua série de poemas Children of Adam.
A
atribuição de perfumes a sandálias a Yesod é muito significativa. Essas
duas coisas exercem um papel muito importante nas operações mágicas. As
sandálias, ou chinelos sem salto a confortáveis, são utilizadas no
trabalho cerimonial para trilhar o círculo mágico. Elas são tão
importantes no equipamento do ocultismo prático quanto a sua vara de
poder. Deus disse a Moisés: "Retira os sapatos, pois o lugar em que
está é local sagrado." O adepto faz um campo sagrado para si mesmo
colocando em seus pés as sandálias consagradas. O tapete de cor
apropriada a gravado com símbolos adequados é também uma peça importante
na mobffia das lojas ocultas. Ele concentra o magnetismo da Terra
utilizado na operação, da mesma maneira como o altar é o foco das forças
espirituais. Através de nossos pés, tocamos o magnetismo da Terra; e,
quando esse magnetismo é de um tipo especial, utilizamos chinelos que
não o inibem.
Os perfumes são também muito importantes nas
operações cerimoniais, pois representam o lado etéreo. Sua influência
psicológica é bem conhecida, mas a fina arte de utilizá-los
psicologicamente tem sido pouco estudada fora das lojas ocultas. O uso
de perfumes é o meio mais efetivo de tirar proveito das emoções e,
conseqüentemente, de alterar o foco da consciência. Como nossos
pensamentos fogem rapidamente das coisas terrestres quando a fumaça
errante do incenso chega a nós vinda do altar superior! E como retomam
eles novamente quando sentimos um odor de patchuli vindo do banco que
está à nossa frente!
E nas quatro cartas do Tarô atribuídas a
essa Sephirah vemos claramente os efeitos do magnetismo etéreo.
Possuímos uma Grande Força quando estamos em contato com a Terra,
abençoados por Pã; há também a Alegria Material; de fato, sem a bênção
de Pã, não pode haver nenhuma felicidade material, porque não há paz dos
nervos. Nesse lado negativo, contudo, encontram-se as profundidades do
desespero a da crueldade; mas, nos contatos terrestres firmes sob nossos
pés, obtemos o Ganho Material, porque estamos prontos para trabalhar o
plano material.
[Imagem by Google]
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