Título: Netzach, Vitória. (Em hebraico: Nun, Tzaddi, Cheth.)
Imagem Mágica: Uma bela mulher nua.
Localização na Árvore: Na base do Pilar da Misericórdia.
Texto Yetzirático: 0 sétimo Caminho chama-se Inteligência Oculta porque é
o esplendor refulgente das virtudes intelectuais percebidas pelos olhos
do intelecto a pelas contemplações da fé.
Tftulo Conferido a Netzach: Firmeza.
Nome Divino: Jehovah Tzabaoth, o Senhor dos Exércitos.
Arcanjo: Haniel.
Coro Angélico: Elohim, deuses.
Chakra Cósmico: Nogah, Vênus.
Experiência Espiritual: A visão da beleza triunfante.
Virtude: Desprendimento.
Viéio: Impudor. Luxúria.
Correspondência no Microcosmo: Os rins, os quadris, as pernas.
Stmholos: A lâmpada e o cinto. A rosa.
Cartas do Tarô: Os quatro setes:
Sete de Paus: valor;
Sete de Copas: sucesso ilusório;
Sete de Espadas: esforço instável;
Sete de Ouros: sucesso incompleto.
Cor em Atziluth: Ambar.
Cor em Briah: -Esmeralda.
Cor em Yetzirah: Verde-amarelado brilhante.
Cor em Assiah: Oliva salpicado de ouro.
1.
Compreenderemos melhor Netzach contrastando-a com Hod, a Esfera de
Mercúrio, pois ambas representam, como já vimos, a força e a forma num
arco inferior. Netzach representa os instintos a as emoções a Hod
simboliza a mente concreta. No Macrocosmo, elas representam dois níveis
do processo de concretização da força na forma. Em Netzach, a força
ainda se move com certa liberdade, detendo-se apenas nas formas
extremamente fluídicas a de movimento incessante, a em Hod ela toma pela
primeira vez uma forma defmida a permanente, embora de natureza
extremamente tênue. Em Netzach, uma forma particular de força se
manifesta, traduzida em seres que se movem para a frente a para trás nos
limites da manifestação, de maneira extremamente indefinida. Tais seres
não têm personalidades individualizadas, mas são como exércitos com
bandeiras que podem ser vistos nas nuvens do Sol poente. Em Hod,
contudo, cada unidade se individualiza, e a existência apresenta
continuidade. A mente é grupal em Netzach, mas Hod inicia o processo da
mente humana.
2. Consideremos, agora, Netzach em si, tanto nos
aspectos microcósmicos como nos macrocósmicos, não esquecendo que
estamos agora na Esfera da ilusão, a que o que é descrito em termos de
forma são aparências representadas pelo intelecto para si mesmo a
projetadas na luz astral como formas mentais. É essencial compreender
esse ponto, se queremos evitar a queda na superstição. Tudo que é
percebido pelos "olhos do intelecto a pelas contemplações da fé", como
afirma pitorescamente o Texto Yetzirático, tem sua base metafísica em
Chokmah, a Sephirah Suprema no topo do Pilar da Misericórdia. Mas, em
Netzach, ocorre uma grande mudança em nosso modo de entender os
diferentes tipos de existência atribuídos a cada Esfera. Até agora,
percebemos por meio da intuição; nossas apreensôes eram informes, ou,
pelo menos, representadas por símbolos altamente abstratos; estes não se
manifestam depois de Tiphareth, a chegamos a símbolos concretos como a
rosa, atribuída a Vênus, para Netzach, e o caduceu, atribuído a
Mercúrio, para Hod.
3. Como já vimos, concebemos as Sephiroth
superiores sob o aspecto dos fatores de manifestação a funções. Vimos,
em nosso estudo de Tiphareth, como a Inteligência Mediadora, como a
chama a Sepher Yetzirah, decompõe a Luz Branca da Vida única, tal como
um prisma, de modo que ela se toma o Esplendor Refulgente de inúmeros
matizes em Netzach. Aqui não temos força, mas forças; não vida, mas
vidas. Muito apropriadamente, portanto, o coro angélico atribuído a
Netzach é o dos Elohim, ou deuses. 0 Um foi reduzido ao múltiplo para os
fins da manifestação na forma.
4. Esses raios não são representados
como a pura luz branca pela qual vemos todas as coisas em suas cores
verdadeiras, mas como uma cor de diversas nuanças, cada uma das quais
revela a intensifica algum aspecto de manifestação especializado, assim
como um raio de luz azul só mostrará as cores que lhe são harmônicas,
fazendo as cores complementares parecerem negras. Toda vida ou forma de
força que se manifesta em Netzach é uma manifestação parcial, mas
especializada; por conseguinte, nenhum ser que tem como Esfera de
evolução a Esfera de Netzach poderá experimentar um desenvolvimento
completo, mas será sempre uma criatura de uma idéia, de uma única
função, simples a estereotipada.
5. É o fator Netzach em nós a base
de nossos instintos, cada um dos quais, em sua esséncia
não-intelectualizada, dá origem a reflexos apropriados, assim como os
lábios de um recém-nascido sugam tudo que é inserido entre eles.
6. Os seres de Netzach, os Elohim, não são inteligências, mas encamações de idéias.
7.
Os Elohim, para dar-lhes o seu nome hebraico, são as influências
formativas por meio das quaffs a força criativa se expréssa na Natureza.
Seu verdadeiro caráter pode ser percebido em Chesed, onde são descritos
pela Sepher Yetzirah como os "Poderes Sagrados". Em Netzach, contudo,
que representa o superestrato do éter refletor, eles sofrem uma mudança,
a mente humana que formula imagens começa a operar sobre eles, moldando
a luz astral em formas que os representarão à consciência.
8. É
muito importante para nós compreender que essas Sephiroth inferiores do
plano da ilusão são densamente povoadas pelas formas mentais; que tudo o
que a imaginação humana foi capaz de conceber, embora confusamente, tem
uma forma revestida de luz astral, a que, quarto mais a imaginação
humana se aplicar em idealizá-la, mais definida essa forma se tornará. É
por essa razão que as gerações de videntes, quando procuraram discemir a
natureza espiritual e a essência íntima de qualquer forma de vida,
encontraram essas imagens, as "criações do criado", a foram iludidos,
tomando-as erroneamente pela própria essência abstrata, que não se
encontra em qualquer plano que fornece imagens à visão psíquica, mas
apenas naqueles que são percebidos pela intuição pura.
9. Quando sua
mente era ainda prinútiva, o homem adorou essas imagens; por meio das
quaffs representou para si mesmo as grandes forças naturais íão
importantes para o seu bem-estar material, estabelecendo, assim, um
vínculo entre elas, por meio das quaffs se desenvolveu um canal por onde
as forças que representavam eram derramadas em sua alma, estimulando,
assim, o fator correspondente em sua própria natureza, para, dessa
forma, desenvolvé-la. As operações dessa adoração, especialmente quando
se tomaram altamente organizadas a intelectualizadas, como na Grécia a
no Egito, deram origem a imagens extremamente definidas a potentes, a
são elas que geralmente se tomam por deuses. Gerações de adoração a
culto constroem uma imagem fortíssima na luz astral e, quando o
sacrifício é acrescentado à adoração, a imagem desce um passo a mais nos
planos da manifestação, a adquire uma forma nos éteres densos de Yesod,
tomando-se um objeto mágico muito potente, capaz de ação independente
quando animado pelas idéias concretas geradas em Hod.
10. Vemos,
assim, que todo ser celeste concebido pela mente humana tem como base
uma força natural, mas que sobre a base dessa força natural, se ergue
uma imagem simbólica que lhe corresponde a que é animada a ativada pela
força que representa. A imagem, portanto, é apenas um modo de
representação adotado pelo espírito humano para a sua própria
conveniência, mas a força que a imagem representa a que a anima é uma
coisa muito real, a que, sob certas circunstâncias, pode ser
extremamente poderosa. Em outras palavras, embora a forma sob a qual o
deus é representado seja pura imaginação, a força que se lhe associa é
real a ativa.
11. Esse fato é a chave não apenas da Magia Talismãnica
em seu sentido mais amplo, que inclui todos os objetos consagrados
utilizados no cerimonial a na meditação, mas de muitas coisas na vida
que não podemos deixar de observar, mas para as quais não temos nenhuma
explicação. Isso explica muitas coisas na religião organizada que são
muito reais para o devoto, mas muito estranhas para o incrédulo, que é
incapaz de explicá-las a tampouco de negá-las.
12. Em Netzach,
contudo, temos a forma mais tênue dessas coisas, e elas são percebidas
muito mais pelas "contemplações da fé" do que pelos "olhos do
intelecto". Na Esfera de Hod, executam-se todas as operações mágicas em
que o próprio intelecto surge para conferir forma a permanência a essas
imagens tênues a flutuantes; mas, na Esfera de Netzach, tais operações
não ocorrem em qualquer grau; todas as formas divinas em Netzach são
reverenciadas por meio das artes, a não concebidas por meio de
filosofias. Não obstante, para todos os propósitos práticos, é
impossível separar as atividades de Hod a Netzach, que são um par
funcional, assim como Geburah a Chesed constituem os dois aspectos do
metabolismo, o catabólico e o anabólico. As funções de Netzach estão
implícitas em Hod porque Netzach emana Hod, a os poderes desenvolvidos
pela evolução na Esfera de Netzach são a base das capacidades de Hod.
Conseqüentemente, todas as operações mágicas da Esfera de Hod
operam sobre a base das tênues formas de vida de Netzach; e, como o
intelecto humano trabalha de Esfera a Esfera, muitos poderes de Hod são
transferidos a Netzach pelas almas iniciadas que se encontram no caminho
da evolução. As duas Esferas, portanto, não estão claramente divididas a
classificadas, mas em cada uma delas predomina definitivamente um certo
tipo de função.
13. Os contatos com Netzach não se fazem
concebendo-se a vida filosoficamente, nem por meio do psiquismo
ordinário criador de imagens, mas pelo "sentimento adequado", como
expressou pitorescamente Algernon Blackwood em suas novelas, nas quais
tanto transparece a Esfera de Netzach. É por meio da dança, do som a da
cor que entramos em contato com os anjos de Netzach a podemos evocá-los.
0 adorador de um deus na Esfera de Netzach entra em comunhão com o
objeto de sua adoração por meio das artes; a na medida em que seja um
artista, de uma ou de outra maneira, e possa representar simbolicamente
sua divindade, ele será capaz de fazer o contato a atrair a vida para
si. Todos os ritos que têm ritmo, movimento e cor trabalha na Esfera de
Netzach. E, como Hod, a Esfera das operações mágicas, extrai sua força
de Netzach, segue-se que toda operação mágica da Esfera de Hod precisa
ter um elemento Netzach em si para ser animada eficazmente; e, para
conceder a base da manifestação, a substáncia etérea precisa ser
fornecida por alguma forma de sacrifício, mesmo que este seja apenas a
queima de incenso. Essa questão será mais aprofundada quando estudarmos a
Esfera de Yesod, à qual diz respeito. Mas foi necessário fazermos
referência a ela aqui, pois o significado dos ritos de Netzach não pode
ser compreendido sem que se entendam os meios pelos quais a manifestação
se efetua, e o deus se aproxima de seus adoradores.
14.
Consideremos, agora, Netzach do ponto de vista da Árvore da Vida
microcósmica - ou seja, da Árvore subjetiva na alma, em que os Sephiroth
são fatores de consciência.
15. As Três Supremas e o primeiro par de
Sephiroth manifestas, Chesed a Geburah, representam o Eu Superior,
tendo Tiphareth como ponto de contato com o Eu Inferior. As quatro
Sephiroth inferiores, Netzach, Hod, Yesod a Malkuth, representam o Eu
Inferior, ou personalidade, a unidade de encarnação, tendo Tiphareth
como ponto de contato com o Eu Superior, que é às vezes chamado de Anjo
da Guarda Sagrado.
16. Do ponto de vista da personalidade, Tiphareth
representa a consciência superior, ciente das coisas espirituais;
Netzach representa os instintos, a Hod, o intelecto. Yesod representa o
quinto elemento, o Éter, a Malkuth, os quatro elementos, que são o
aspecto sutil da matéria. 0 intelecto humano médio só pode compreender a
natureza da matéria densa, Malkuth, e do intelecto, Hod, ambos aspectos
concretos da existência. Ele não pode apreciar as forças que edificam
as formas, representadas por Netzach, a Esfera dos Instintos, a Yesod,
ou duplo etéreo ou corpo sutil. Conseqüentemente, devemos fazer um
cuidadoso estudo de Netzach, porque sua natureza a importância são muito
pouco compreendidas.
17. Entenderemos melhor a natureza de Netzach
se lembrarmos que ela é a Esfera de Vênus. Traduzida em linguagem comum,
a linguagem simbólica da Cabala, isso significa que tratamos aqui da
função da polaridade, que é muito mais do que apenas o sexo, como se
concebe popularmente.
18. É importante notar, a esse respeito, que
Vênus, ou, na sua forma grega, Afrodite, não é, em absoluto, uma deusa
da fertilidade, tal como Ceres a Perséfone; ela é a deusa do amor. Ora,
no conceito grego da vida, o amor abrange muito mais do que o
relacionamento entre os sexos, incluindo a camaradagem dos guerreiros e o
relacionamento entre professor e aluno. As heteras gregas, ou mulheres
cuja profissão era o amor, diferiam muito de nossas prostitutas
modernas. 0 grego reservava a simples relação física dos sexos para sua
esposa legal, que era mantida em reclusão no gineceu, ou harém, a que
servia simplesmente para os fins da procriação. A esposa, embora de
sangue puro, não recebia educação, nem era encorajada a tornarse
atraente ou praticar as artes do amor. E muito menos era encorajada a
adorar a deusa Afrodite, que regia os aspectos superiores do amor; as
divindades de sua adoração eram as da familia a do lar; Ceres, a Mãe
Terra, era a regente dos Mistérios das mulheres gregas.
19.0 culto de
Afrodite era muito mais do que o cumprimento de uma função animal,
relacionando-se, ao contrário, com a interação sutil da força vital
entre dois fatores; o curioso fluxo a refluxo, o estímulo e a reação,
que exerce um papel tão importante nas relações dos sexos, mas que
ultrapassa, a muito, a Esfera do sexo.
20. A hetera grega era uma
mulher culta; evidentemente, havia distinções entre elas, desde a
categoria mais baixa, semelhante à da gueixa japonesa, à mais elevada,
que mantinha salões, à maneira das famosas escritoras francesas, a eram
mulheres de reconhecida virtude física, a quem nenhum homem ousava fazer
propostas sensuais; devido à reverência com que a função do sexo
era encarada entre os gregos, é provável que, em sua época e sociedade, a
vida da hetera grega em nada se aproximasse da degradação da moderna
prostituta.
21. A função da hetera consistia em satisfazer tanto o
intelecto de seus clientes como seus apetites; ela era tanto uma
anfitriã quanto uma cortesã, e a ela recorriam os filósofos a poetas
para receber inspiração a aguçar o espírito; pois considerava-se não
existir inspiração maior para um homem intelectual do que o convívio com
uma mulher culta a vital.
22. Nos templos de Afrodite, a arte do
amor era cuidadosamente cultivada, sendo as sacerdotisas treinadas desde
a infãncia em sua habilidade. Mas essa arte não consistia apenas em
provocar a paixão, mas em satisfazê-la adequadamente em todos os níveis
de consciência; não simplesmente pela gratificação das sensaçôes físicas
do corpo, mas pela troca etérea sutil de magnetismo a de polarização
intelectual a espiritual. Tal processo elevava o culto de Afrodite acima
da esfera da simples sensualidade a explica por que as sacerdotisas do
culto inspiravam respeito a não eram em absoluto consideradas como
prostitutas vulgares, embora recebessem todos os que chegassem. Elas
procuravam suprir certas necessidades mais .sutis da alma humana por
meio de suas hábeis artes. Nós, os modernos, superamos em muito os
gregos na arte de estimular o desejo, criando o cinema, os espetáculos e
a música, mas não temos a menor noção da arte muito mais importante de
despertar as necessidades da alma humana por um intercâmbio etéreo a
mental de magnetismo, e é por essa razão que nossa vida sexual, tanto
fisiológica como socialmente, é tão instável a insatisfatória.
23.
Não podemos compreender corretamente o sexo se não compreendermos que
ele é um dos aspectos do que o esoterista chama de polaridade, a que
esse é um princípio que percorre toda a criação, sendo, de fato, a base
de manifestação. Ele é representado na Árvore pelos Pilares da
Severidade a da Misericórdia. Toda a atividade da força está
compreendida no princípio da polaridade, assim como toda a função da
forma está compreendida no princípio do metabolismo.
24. A polaridade
significa essencialmente o fluxo de força de uma Esfera de alta pressão
para uma Esfera de baixa pressão, sendo os termos "alto" a "baixo"
relativos. Toda Esfera de energia precisa receber o estímulo de um
influxo de energia da pressão superior a enviá-to a uma Esfera de
pressão inferior. A fonte de toda energia está no Grande Imanifesto, a
ela segue seu Caminho para baixo, de nível em nível, alterando sua forma
de uma Esfera a outra, até se converter, finalmente, em força
"terrestre", em Malkuth. Em toda vida individual, em toda forma de
atividade, em todo grupo social organizado para qualquer propósito,
exército, igreja ou companhia comercial, vemos a exemplicação desse
fluxo de energia percorrendo o circuito. o ponto capital que devemos
entender é que, na Árvore microcósmica, há um fluxo descendente a
ascendente dos aspectos positivo a negativo de nossos níveis subjetivos
de consciência, em que o espírito inspira a mente, e a mente dirige as
emoções, a as emoções formam o duplo etéreo, e o duplo etéreo molda o
veículo físico, que é o "fio terra" do circuito. Esse ponto é fácil de
compreender, a podemos confirmá-to facilmente quando lhe prestamos a
devida atenção.
25. Mas um ponto que não compreendemos facilmente é
que há um fluxo a refluxo entre cada "corpo", ou nível de consciência, a
seu aspecto correspondente no macrocosmo. Assim como há uma entrada a
uma saída no nível de Malkuth por onde o corpo recebe alimento a água
como nutrição a os expulsa com excreções, que são o alimento do reino
vegetal sob o polido nome de "adubo", assim também há uma entrada a uma
saída entre o duplo etéreo e a luz astral, a entre o corpo astral e o
lado mental da natureza, a assim por diante nos planos, sendo os fatores
sutis representados pelas seis Sephiroth superiores. A essência da
Cabala Mágica, que é a aplicação prática da Árvore da Vida, consiste em
desenvolver esses circuitos magnéticos de níveis diferentes, a assim
fortalecer a reforçar a alma. Assim como o corpo físico se nutre comendo
a bebendo, a se mantém saudável pela excreção adequada - processos que
poderiam receber o nome de "operações da Esfera de Malkuth" -, assim é a
alma do homem vitalizada pelas operações da Esfera de Tiphareth, que se
chama também de Esfera dd Redentor, que confere saúde à alma. Sabemos
como a iniciação desenvolve os poderes do psiquismo superior a permite a
percepção das verdades superiores; o que não compreendemos é que, para
percorrer a escala plena do desenvolvimento humano, precisamos também
desenvolver nosso poder para entrar em contato com a energia natural em
sua forma essencial representada pela Esfera de Netzach. Estamos
acostumados a admitir que o espiritual e o natural são mutuamente
antagônicos a que devemos despir um santo para vestir o outro, a
concluímos que, se o espiritual é o Bem superior, o natural deve ser
necessariamente o Mal inferior; não compreendemos que a matéria é
espírito cristalizado, a que o espírito é matéria volatizada, a que não
existe diferença substancial entre eles, assim como não existe entre a
água e o gelo, sendo ambos estágios diferentes da Coisa única, como os
alquimistas a chamam; esse é o grande segredo da Alquimia, que constitui
a base filosófica da doutrina secreta da transmutação.
26. Mas a trasmutação dos metais tem uma importãncia meramente acadêmica
se comparada à transmutaçâo da energia na alma. É com essa que o
iniciado opera por meio da técnica da Ãrvore da Vida; e, assim como a
consciência se transmuta no Pilar Central da Cordura, ou Equiliôrio,
assim também a energia se transmuta no Pilar da Misericórdia, do qual
Netzach é a base, e a forma se transmuta no Pilar da Severidade, do qual
Hod, o intelecto, é a base.
27. Em Chokmah, portanto, temos o
tremendo impulso da vida, que é a grande potência masculina do universo;
em Chesed, temos a organização das forças em complexos interativos; a
em Netzach, temos uma esfera em que a evolução, ascendendo de Malkuth
como força organizada que anima a forma vivificada, é capaz de fazer
contato mais uma vez com a força essencial. Netzach, a Esfera de Nogah,
que é o nome hebraico de Vênus-Afrodite, é, portanto, uma Esfera
extremamente importante do ponto de vista do trabalho prático do
ocultismo. Como a maior parte dos ocultistas aprendizes trabalha apenas
no Pilar Central, que é o Pilar da Consciência, a não prestam nenhuma
atenção ao pilares laterais, que são os Pilares da Função, eles obtêm
resultados insignificantes no que diz respeito à iniciaçáo. 0 cego guia o
cego, e o pretenso iniciador médio das modernas fraternidades
ocultistas não compreende que precisa iniciar tanto a subconsciência
quanto a consciência, a iluminar tanto os instintos quanto a razão.
28.
Até agora, consideramos Netzach do ponto de vista objetivo e subjetivo;
resta-nos estudar o simbolismo atribuído a essa Sephirah à luz do
conhecimento obtido.
29. Observaremos, de imediato, que o simbolismo contém duas idéias distintas: a idéia do poder e a idéia da beleza; o que evoca o amor que existia entre Vênus a Marte de acordo com o velho mito. Ora, esses não são fabulosos, a não ser no sentido histórico, mas representam verdades do espírito; e, quando descobrimos a mesma idéia presente em diferentes panteões,quando descobrimos que o cabalista hebreu e o poeta grego, cujas mentalidades eram tão distantes quanto os pólos, apresentaram o mesmo conceito em formas diferentes, devemos concluir que isso não é acidental, mas merece uma cuidadosa atenção. -
30.
Não utiiizaremos nosso método habitual de analisar os símbolos numa
dada ordem, mas vamos classificá-los de acordo com os dois tipos a que
pertencem.
31. 0 título hebraico da Sétima Sephirah é Netzach, que
significa Vitória. Seu título adicional é Firmeza, que evoca a mesma
idéia do domínio e da energia vitoriosa. 0 Nome divino é Jehovah
Tzabaoth, que significa o Senhor das Hostes, ou Deus dos Exércitos. 0
coro angélico atribuído a Netzach é o dos Elohim, ou deuses, os regentes
da natureza.
32. As quatro cartas do Tarô atribuídas a essa Sephirah
contêm a idéia da batalha, ainda que numa forma negativa. É curioso
notar, contudo, que apenas o Sete de Paus tem um significado bom ou
positivo, sendo os outros setes cartas de má sorte. A razão desse fato
se esclarece, contudo, quando compreendemos o simbolismo como um todo,
de modo que vamos deixá-to de lado por enquanto, reconsiderando-o mais
adiante.
33. Analisemos agora o outro grupo de imagens simbólicas. 0
chakra cósmico de Netzach é o planeta Vênus, e a imagem mágica é, com
bastante propriedade, "uma bela jovem desnuda". A experiência espiritual
atribuída a essa Esfera é a visão da beleza triunfante. A virtude é o
desprendimento ou seja, a capacidade de adotar o pólo negativo. Os
vícios são os causados pelo abuso do amor - o impudor e a luxúria.
34.
A correspondência no microcosmo indica os rins, os quadris a as pemas,
os quais, como podemos observar, formam o enquadramento dos órgãos
geradores, a confirmam a idéia, já esboçada, de que a Deusa do Amor e a
Deusa da Fertilidade não são idênticas.
35. Os símbolos atribuídos a
Netzach são a lãmpada, o cinto e a rosa. 0 cinto e a rosa explicam-se
por si mesmos, pois estão tradicionalmente associados a Vênus. A
lãmpada, contudo, requer uma explicação adicional, pois as associaçôes
clássicas não nos dão pista alguma a esse respeito. Devemos voltar à
Alquimia.
36. Os quatro elementos estão associados às quatro
Sephiroth inferiores, e o elemento Fogo está associado a Netzach. A
lâmpada é a arma mágica utilizada nas operações do elemento Fogo. Daí a
associação com Netzach. 0 elemento Fogo está associado à energia ígnea
no coração da natureza, e vincula-se ao aspecto marciano da Sephirah
Vênus.
37. Vemos, assim, pelo estudo do simbolismo precedente, que o
simbolismo de Marte, ou da vitória, está associado ao macrocosmo, e o
simbolismo de Vênus, o amor, ao aspecto microcósmico ou subjetivo. Temos
aqui a chave de uma verdade muito importante, que os antigos
compreendiam muito bem, mas que precisou esperar a obra de Freud para
encontrar uma interpretação em linguagem moderna. Para dizê-to em outras
palavras, a energia elemental, ou, dinamismo fundamental de um
indivíduo, está estreitamente associada com a vida sexual desse
indivíduo.
38. Esse é um aspecto muito importante de nossa vida
psíquica que os psicólogos conhecem muito bem, embora os místicos a os
sensitivos não o considerem apropriadamente, pois tendem geralmente a um
idealismo que procura escapar da matéria a de seus problemas. Mas
escapar assim é deixar uma fortaleza não-conquistada à retaguarda; e o
meio mais sábio - o único meio que pode produzir a plenitude de vida a
um temperamento equilibrado - é dar o devido lugar a Netzach, que
equilibra o intelectualismo de Hod e o materialismo de Malkuth,
lembrando sempre que a Árvore consiste nos dois Pilares da Polaridade,
com o Caminho do Equilíbrio entre eles.
39. O verdadeiro segredo da
virtude natural reside no conhecimento dos direitos litigantes dos pares
de opostos; não existe qualquer antinomia entre Bem a Mal, mas apenas o
equilíbrio entre dois extremos; cada um deles é mau quando levado ao
excesso; ambos dão origem ao mal se perdem o equilíbrio. A licença
não-controlada conduz à degradação, mas o idealismo desequilibrado
conduz à psicopatologia.
40. Há três tipos de pessoas que passam pelo
Véu: o místico, o sensitivo e o ocultista. 0 místico aspira à união com
Deus, a atinge seu fim pondo de lado tudo que não é de Deus em sua
vida. 0 sensitivo é um receptor de vibraçôes sutis, mas não um
transmissor. 0 ocultista precisa ser, pelo menos em certa medida, um
receptor, mas seu objetivo primário é obter o controle a dirigir os
reinos invisíveis, da mesma maneira que o homem de ciência aprendeu a
controlar a dirigir o reino da Natureza.
41. Para alcançar esse
objetivo, ele precisa trabalhar em harmonia com as forças invisíveis, da
mesma maneira que o cientista domina a Natureza, compreendendo-a.
Dessas forças invisíveis, algumas sâo espirituais, originárias de
Kether, a algumas são elementais, operando de Malkuth. As forças Kether
do Macrocosmo são recolhidas no Microcosmo por meio do centro Tiphareth,
para utilizar a terminologia cabalística; as forças elementais são
recolhidas pelo centro Yesod, mas - e este é o ponto capital - dirigidas
a controladas na medida em que o equilíbrio é mantido entre Netzach e
Hod.
42. Netzach, no Microcosmo, representa o dado instintivo a
emocional de nossa natureza, a Hod representa o intelecto; Netzach é o
artista em nós, a Hod é o cientista. De acordo com a variação de nosso
humor entre dinamismo a restrição, assim será a polaridade de Hod a
Netzach no Microcosmo, que é a alma. Se não há influência de Netzach
para introduzir um elemento dinâmico, o predomínio de Hod conduzirá a
muita teoria e a nenhuma prática nos assuntos ocultos. Ninguém pode
manipular a magia na qual a Esfera de Netzach não tem funçôes, pois o
ceticismo de Hod matará todas as imagens mágicas antes de seu
nascimento. Como todas as coisas na Natureza, Hod, não-fertilizada por
sua polaridade oposta, é estéril. É necessário que, em todo ocultista
que queira trabalhar praticamente haja um artista. Embora poderoso, o
intelecto, por si só, não confere poderes. É por meio de Netzach, em
nossa natureza, que as forças elementais tem acesso à consciência; sem
Netzach, elas permanecem na Esfera subconsciente de Yesod, trabalhando
cegamente. Ensinam os Mistérios que todo nível de manifestação tem sua
própria ética, ou padrão de certo a errado, a que não devemos confundir
os planos esperando, de um, o padrão do outro que não lhe é aplicável.
No reino da mente, a ética é verdade; no plano astral, que é a Esfera
das emoções a dos instintos, a ética é a beleza. Precisamos aprender a
compreender a justiça da beleza, assim como a beleza da justiça, se
quisermos que todas as províncias de nosso reino interior obedeçam ao
poder central da consciência unificada.
43. Ao penetrar a região das
quatro Sephiroth inferiores, entramos na Esfera da mente humana.
Consideradas subjetivamente elas constituem a personalidade a seus
poderes. 0 objetivo da iniciação oculta é desenvolver esses poderes e,
considerados do ponto de vista superior, como deveria ser sempre, sob
pena de degenerar na Magia Negra, uni-los com Tiphareth, que é o ponto
focal do eu superior, ou individualidade. Ao discutir Netzach,
ultrapassamos, por conseguinte, definitivamente, o portal dos Mistérios,
e trilhamos o campo sagrado reservado aos iniciados.
44. Não estou
advogando um sigilo, que é simplesmente política clerical, mas há certos
segredos práticos dos Mistérios que não convém divulgar para que não
ocorram abusos. Existe também a tendéncia inveterada da natureza humana
em aplicar suas próprias definições a termos familiares, a em
recursar-se a reconhecê-las fora de suas associações familiares. Se
levantamos uma ponta do Véu do Templo a revelamos o fato de que o sexo é
simplesmente uma instância especial do princípio universal da
polaridade, a dedução imediata é que a polaridade e o sexo são termos
sinónimos. Se digo que, embora o sexo seja uma parte da polaridade, há
muito na polaridade que nada tem a ver com o sexo, minha explicação será
ignorada. Talvez eu seja mais bem compreendida se substituir a
terminologia dos psicólogos pela dos físicos mais apropriada, a dizer
que a vida só flui através de um circuito; isolemo-la, a ela se tornará
inerte. Encaremos a personalidade como uma máquina elétrica: ela precisa
estar ligada à casa de força, que é Deus, a Fonte de Toda Vida, ou não
funcionará; mas ela precisa igualmente estar em contato com a Terra, do
contrário seu mecanismo não poderá ser posto em movimento. Todo ser
humano precisa estar em contato com a Terra, tanto no sentido literal
como no metafórico. 0 idealista tenta induzir uma completa isolação de
todos os contatos terrestres, a fim de que o poder afluente não se
disperse; ele não compreende que a Terra é um grande ímã.
45. A
tradição declara, desde a mais remota antigüidade, que a chave dos
Mistérios foi escrita na Tábua de Esmeralda, de Hermes, onde estavam
inscritas as palavras "Como em cima, tal é embaixo". Apliquemos os
princípios da física à psicologia a teremos a solução do enigma. Aquele
que tem ouvidos para ouvir, que ouça.
46. Consideremos, por fim, o significado das cartas do Tarô associadas a Netzach. São os quatro setes do baralho.
47.
Como chegamos à Esfera de influência do plano terrestre, consideramos
oportuno explicar o que representam essas cartas menores do Tarô na
adivinhação. Elas simbolizam os diferentes modos de funcionamento das
diferentes forças sephiróticas nos Quatro Mundos dos cabalistas. 0 naipe
de Paus corresponde ao nível espiritual; Copas, ao nível mental;
Espadas, ao plano astral; a Ouros, ao piano físico. Conseqüentemente, se
o Sete de Ouros sai na adivinhação, ele signif`ica que a influência ,de
Netzach exerce um papel no plano físico. Reza um velho adágio, "Feliz
no amor, infeliz nas cartas", o que não é senão outra maneira de dizer
que a pessoa que é atraente ao sexo oposto está perpetuamente em apuros.
Vênus exerce uma influência perturbadora nos assuntos terrestres. Ela
distrai dos negócios sérios da vida. Assim que sua influência chega a
Malkuth, ela deve entregar a palma a Ceres e desaparecer. São os filhos,
a não o amor, que mantêm o lar unido. 0 nome cabalístico do Sete de
Ouros é Sucesso Incompleto, a devemos apenas passar em revista as vidas
de Cleópatra, Guinevere, Isolda a Heloísa para compreender que Vênus no
plano físico tem por divisa "Pelo amor, renuncio ao mundo".
48.0
naipe de Espadas é atribuído ao piano astral. 0 título secreto do Sete
de Espadas é Esforço Instável, o qual expressa bastante bem a ação de
Vênus na Esfera das emoções, com sua intensidade efêmera.
49. 0
título secreto do Sete de Copas é Sucesso Ilusório. Essa carta
representa a operação de Vênus na Esfera da mente, onde sua influência
em nada contribui para tornar claras as concepções. Acreditamos no que
queremos acreditar quando estamos sob a influência de Vênus. Nesse
plano, sua divisa deveria ser "0 amor é cego".
50. Apenas na Esfera
do espírito, Vênus está em seu lugar adequado. Aqui, sua carta, o Sete
de Paus, recebe o nome de Valor, que descreve convenientemente a
influência dinâmica a vitalizante exercida quando seu significado
espiritual é compreendido a empregado.
51. As quatro cartas de Tarô
atribuídas a Netzach revelam de maneira muito interessante a natureza da
influência venusiana quando esta atinge os planos. Elas nos ensinam uma
lição muito importante, mostrando como essa força é essencialmente
instável, quando não tem raízes num princípio espiritual. As formas
inferiores do amor são as emoções, a nestas não nos podemos liar; mas o
amor superior é dinâmico a energizador.
[Imagem by Google]
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